Preço do gás de cozinha deve continuar a aumentar em 2021 – Entenda o porquê
A partir desta segunda-feira (14 de junho) o preço do gás de cozinha vai ficar mais caro, de novo. O preço médio foi reajustado numa média de 5,9% e agora o quilo do gás custa R$ 3,40. O aumento representa uma média de R$ 0,19 por kg.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, somente no último mês o preço do gás de cozinha subiu em média 1,24% e o gás encanado 4,58%. Desde o início do governo Bolsonaro, o produto acumula alta de 57% nas refinarias da Petrobras.
Devido a alta de preços, em algumas distribuidoras o botijão de 13kg foi encontrado a R$ 100,00 em algumas distribuidoras de São Paulo em maio de 2021. Com o novo aumento, a tendência é que o recorde seja batido novamente.

Por que o gás de cozinha está tão caro?
O aumento no valor de ambos os produtos se dá por conta do preço do petróleo, a principal matéria-prima para produtos que utilizam indiretamente a queima de combustível fóssil.
Mas o motivo não é só esse, pois é preciso levar em consideração que a commodity é negociada em dólares e, atualmente, cada dólar equivale a aproximadamente R$5.
Só para se ter uma ideia, o barril do petróleo Brent foi negociado na última semana por US$72,40 e em diversas regiões do país já é possível encontrar botijões de 13kg por R$100 ou mais.
Lucro antes da fome
A fim de reduzir os impactos socioeconômicos causados pelo novo coronavírus, o governo decidiu zerar a alíquota do Programas de Integração Social e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social, pois ambos incidem sobre o gás de cozinha.
No entanto, a medida de redução no preço não foi observada pelo consumidor final, pois as empresas não repassaram o valor a fim de garantir a margem de lucro.
Cuidado com o fogo
Em agosto de 2020 a pobreza atingia 9,5 milhões de brasileiros, mas com o nível chegando a 27 milhões em fevereiro deste ano, como afirmam os dados da Fundação Getúlio Vargas, não é surpresa que o acesso ao gás de cozinha seja um problema social evidenciado pela pandemia.
A alternativa mais econômica encontrada pela população para não passar fome foi a utilização de substâncias inflamáveis para cozinhar. A consequência disso pode ser observada por meio das 266 mortes e 5.879 internações registradas no país em 2020 por queimadura.
Conforme dados coletados pela Sociedade Brasileira de Queimaduras pelo menos uma pessoa morreu a cada dois dias e 16 foram internadas diariamente por conta da exposição à combustão de materiais, substâncias inflamáveis, fogo, fumaça e chamas.
Vale reforçar que a análise não considerou os atendimentos de grau leve que não resultaram em vítimas fatais nem em internações.
Barriga na miséria
Com o aumento no preço do gás de cozinha e alto índice de pobreza , especialmente diante de uma das maiores crises sanitárias que o Brasil enfrenta, a fome tem atingido mais da metade da população brasileira.
Dados alarmantes registrados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional mostram que cerca de 116,8 milhões de pessoas estavam em situação de insegurança alimentar no último trimestre do ano passado.
Do total, aproximadamente 19,1 milhões, ou seja, cerca de 9% da população, estavam literalmente passando fome
Uma análise dos dados aponta para uma queda drástica no índice de fome no país e que pode ser comparada ao ano de 2004, quando 9,5% da população brasileira não tinham nem o que comer.
Vale ressaltar que desde 2014 o Brasil não fazia mais parte do Mapa da Fome, pois se encontrava acima do nível definido pela Organização das Nações Unidas, 5%, para o processo de subalimentação.
Contudo, um panorama geral do estudo também demonstra que, apesar do retrocesso ter iniciado em 2013 sob o governo da ex-presidenta da república Dilma Rouseff, o período mais acentuado no aumento da fome foi observado entre os anos de 2018 e 2020 quando chegou a 27,6% e voltou a fazer parte do Mapa da Fome.
Fonte: Marco Zero, Jornal Nacional e CNN
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