
O atual presidente da república, Jair Bolsonaro, chegou ao milésimo dia de governo com baixa popularidade e uma série de crises na bagagem.
Mesmo com a perda de apoio popular e diversas críticas e polêmicas vinculadas ao seu nome, Bolsonaro pretende celebrar os mil dias que passou na cadeira da presidência.
Para isso, Jair reservou a agenda para eventos de celebração e inauguração em diferentes locais entre os dias 27 e 1 de outubro.
Panorama
Ao longo de dois anos e 10 meses, tempo de governo de Jair Bolsonaro, o Brasil segue enfrentando uma piora significativa em diferentes indicadores econômicos.
Ainda durante a candidatura, Jair afirmou que se fosse eleito iria “adotar as mesmas ações que funcionam nos países com crescimento, emprego, baixa inflação, renda para os trabalhadores e oportunidades para todos”.
No entanto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística aponta que já são 14,4 milhões de pessoas desempregadas e a inflação chegou a 10%.
Para a alta da inflação podemos considerar alta de 31,09% na gasolina e 40,75% no etanol, 28,02% no diesel.
Além disso, o botijão de gás de 13kg teve alta de 31,7% e alimentos como arroz, carne, café e açúcar sofreram aumento de 32,68%, 30,77%, 22,54% e 37,74%, respectivamente.
Também vale mencionar a alta nas contas de luz por conta da crise hídrica.
Além dos fatores vinculados à inflação, é importante ressaltar que durante o período de governo de Bolsonaro o país foi gravemente afetado pela pandemia do novo coronavírus, resultando na morte de aproximadamente 600 mil brasileiros.
Diante desse cenário, Bolsonaro é indicado como o principal responsável pelo alto índice de óbitos devido aos posicionamentos adotados no combate à Covid-19.
Popularidade
A base do governo, bem como o deputado Major Vítor Hugo (PSL-GO), ex-líder do Palácio do Planalto na Câmara, menciona alguns feitos de Bolsonaro ao longo dos mil dias de gestão.
Vitor Hugo pontua a reforma da Previdência, o Acordo de Alcântara, a proposta de emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra e o auxílio emergencial.
Apesar disso, uma pesquisa realizada pelo banco Modalmais e consultoria AP Exata, indica que a reprovação do governo ultrapassou a marca dos 50 pontos percentuais.

A gestão Bolsonaro é considerada como boa ou ótima apenas por 26,9%, enquanto as que consideram ruim ou péssima chegam a 50,3% e aqueles que acham que o governo é regular marcaram 22,8%.
De modo geral, os dados apontam que há uma tendência de piora na imagem da gestão de Jair Bolsonaro.
Eleições 2022
Diante dos fatos mencionados anteriormente e dos rumores de uma possível desistência à eleição presidencial do próximo ano, o presidente Jair Bolsonaro pode disputar uma cadeira na Câmara ou no Senado.
De acordo com o Planalto e os aliados de Bolsonaro, essa ideia é considerada um plano B se avaliações internas indicarem que o atual presidente não tem chances de chegar ao segundo turno da disputa.
Além desse fator, parlamentares apontam que essa decisão é uma alternativa segura para Jair Bolsonaro, uma vez que ele é alvo de inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e poderia manter o foro privilegiado.
Em julho deste ano, Bolsonaro mencionou durante conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, que poderia não disputar a reeleição.
Segundo o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), a decisão de concorrer a uma reeleição em 2022 é de caráter pessoal de Jair, mas avalia que Bolsonaro está cada vez mais inviável eleitoralmente falando.
“Ele não tem um partido até agora para disputar a eleição e parece absolutamente incapaz de desmontar essa bomba, que é a crise econômica hoje”, comenta Ramos.
Marcelo ainda acrescenta outros fatores, como “desemprego alto, fome alta, inflação alta, juros altos e uma pandemia que ainda não acabou. Então, eu acho muito difícil ele se viabilizar eleitoralmente, em meio a essa tempestade perfeita”.
Diante da tendência de queda nos índices de aprovação, Jair demonstra preocupação com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se encontra como favorito para vencer as eleições de 2022.
Por conta disso, Bolsonaro tem reforçado o discurso polarizado contra a esquerda, da mesma forma que fez em 2018.
Contudo, tal estratégia só demonstra eficiência entre o grupo de apoio extremista de bolsonaristas, sendo apenas 25% do eleitorado que é composto por evangélicos, policiais, militares, caminhoneiros, produtores rurais e antipetistas.
Fonte: Correio Braziliense.