Índice de desemprego cai para o mesmo patamar de agosto de 2020
De acordo com dados divulgados pelo Indicador Antecedente de Emprego o mês de agosto fechou com houve 90,1 pontos, chegando ao quinto mês consecutivo de alta.
O número é o maior patamar do índice registrado desde fevereiro de 2020 quando marcou 92 pontos. A informação foi divulgada hoje (8) pela Fundação Getúlio Vargas.
Flexibilização
Segundo Rodolpho Tobler, economista do Instituto Brasileiro de Economia, o aumento de 0,9 ponto do IAEmp no mês corresponde a flexibilização das medidas de contenção adotadas durante a pandemia da Covid-19 que promoveu a reabertura das atividades econômicas.

“O resultado mais tímido do indicador nesse mês sugere que essa recuperação ainda deve ser gradual. O controle da pandemia e a melhora do setor de serviços, setor que mais emprega, são fundamentais para a continuidade desse cenário positivo”, comenta Tobler.
Em agosto, o IAEmp apresentou quatro resultados positivos dos sete componentes e o destaque foi por conta do indicador que mensura a situação corrente dos negócios no segmento de Serviços, que saltou 7,4 pontos.
Pós-pandemia
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, houve queda de 14,1% na taxa de desemprego no segundo trimestre, mas cerca de 14,4 milhões de pessoas ainda estão sem emprego.
O economista da FGV, Fernando Veloso, apontou que o cenário de desemprego poderá ser mais afetado no pós-pandemia.
Para demonstrar a opinião, Veloso explicou que assim como a crise entre 2014 e 2016 impactou no período de recuperação da força de trabalho, o mesmo processo pode ocorrer quando a pandemia do novo coronavírus passar.
O economista também evidencia que as estatísticas de desemprego têm que tomar cuidado para mensurar os danos do mercado de trabalho. Porque houve brasileiros que simplesmente deixaram de procurar emprego e vão ter dificuldade de retornar após a crise sanitária”.
Desemprego a longo prazo
Seguindo a linha de raciocínio, Veloso diz ainda que “À medida que a pessoa perde contato com a força de trabalho, se torna mais defasada em termos de conhecimento técnico e tecnológico”.
Uma análise foi realizada por Fernando Veloso em relação ao estudo da secretaria do Ministério da Economia sobre os desempregados de longo prazo.
Diante dos dados foi possível constatar que a maioria das pessoas afetadas são mulheres e jovens, “não chega a ser surpreendente”, comenta Veloso.
“Os grupos identificados têm maior dificuldade na inserção na força de trabalho e estão muito presentes no setor informal e na taxa de desemprego”, explicou o economista.
Fernando aponta ainda que tal cenário é “um problema crônico” e ainda ressalta que os problemas não podem se resumir aos jovens e que as autoridades precisam “pensar em políticas mais amplas de inclusão” para empregar todos os grupos.
Desemprego
No trimestre que se encerrou em maio apontou a taxa de desemprego em 14,6%. Tal número equivale a 14,8 milhões de pessoas segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.
No entanto, ao considerar a parcela da população subutilizada o número vai para 32,9 milhões.
De acordo com Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central, o processo de recuperação dos postos de trabalho dependerá do crescimento do país nos próximos anos.
Segundo projeções recentes do boletim Focus, do Banco Central, a taxa de desemprego permanecerá em alta até 2023, podendo voltar ao nível de antes no segundo semestre.
Queda na renda
O economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, comenta que a causa da queda de 11,5% da renda da metade mais pobre da população ocorreu por conta do aumento do desemprego.
“A redução de renda dos ocupados fruto da aceleração da inflação e do próprio desemprego e a redução da jornada de trabalho completam a queda de renda dos pobres entre o último trimestre de 2019 até o segundo trimestre de 2021 como aproximação dos efeitos totais da pandemia”, aponta Neri.
Além da metade mais pobre da população, os idosos foram os mais afetados com quedas de 14,2% na renda média.
Conforme a FGV, esse fator justifica a perda de oportunidades no mercado de trabalho para esse grupo em específico, especialmente por serem mais suscetíveis à Covid-19.
Os nordestinos também tiveram redução de 11,4% de perda em relação a 2019, enquanto a região Sul foi impactada com queda de 8,4%.
As mulheres também sofreram redução na renda de 10,35%, contra 8,4% entre os homens.
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