Pandemia atrasou 40% das cirurgias agendadas no Brasil: como remarcar?
Que a pandemia adiou muitos compromissos em todo o mundo não é novidade, mas um estudo publicado na revista científica “The Lancet Regional Health” revelou uma notícia importante.
De acordo com a pesquisa, a estimativa de atraso nas cirurgias eletivas e de emergência decorrente do combate à pandemia soma mais de um milhão de procedimentos acumulados no país, no ano passado.

Pandemia atrasa 1 milhão de cirurgias
O trabalho foi desenvolvido pelos formados da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Isabella Faria e Fábio Botelho, e pelo estudante do 7º período do curso de Medicina, Ramon Bernadino.
É importante saber que o trabalho faz parte do Programa em Cirurgia Global e Mudança Social (PGSSC), que reúne os hospitais de ensino da Universidade de Harvard, o Departamento de Saúde Global e Medicina Social da Harvard Medical School, o Hospital Infantil de Boston (BCH) e o Partners in Health (PIH).
Nossa publicação representa a primeira de um país da América Latina sobre o acúmulo de cirurgias provocado pela pandemia”, diz um dos autores do artigo, Professor na Universidade do Estado do Amazonas e aluno de pós-graduação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Dr. Rodrigo Vaz Ferreira.
Além dele, o Prof. Nivaldo Alonso, do Departamento de Cirurgia da FMUSP, é quem coordena o grupo de pesquisa de Cirurgia Global brasileiro que integra a publicação.
Entre os meses de março e dezembro de 2020, foram 1.119.433 cirurgias acumuladas, sendo 161.321 de emergência e 928.759 de operações eletivas.
Observamos uma queda de 40% de cirurgias eletivas realizadas no Brasil na comparação com o ano anterior [2019]. Essa redução se explica pela priorização de procedimentos mais urgentes, realocação de recursos e manejo dos profissionais de saúde durante a pandemia, padrão que também é observado em outros países com grande volume de cirurgias”, explica a médica Isabella Faria, conforme nota da UFMG, divulgada pelo G1.
Informações por estado
Para chegar a esses dados, o grupo compilou o número de cirurgias realizadas mensalmente por estado brasileiro, entre janeiro de 2016 e dezembro de 2020, usando a plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).
Para Ferreira, o resultado é similar ao de outros países com grande volume de intervenções cirúrgicas.
Por um lado, essa redução se explica pela priorização de procedimentos mais urgentes, realocação de recursos e manejo dos profissionais de saúde durante a pandemia”, diz Ferreira à Agência Brasil.
De acordo com a pesquisa, os estados com políticas governamentais consideradas mais rígidas de contenção do vírus, como fechamento de escolas, locais de trabalho e proibição de viagem, conseguiram manter o nível de funcionamento das cirurgias de urgência, devido à preservação de recursos e leitos, apesar dos atrasos nas cirurgias eletivas.
A análise de tais dados pode informar políticas públicas que atenuem os efeitos desse acúmulo, além de prevenir crises futuras. Temos que estar preparados, incentivar a população a se vacinar e respeitar as medidas sanitárias locais, pois isso contribui para a preservação dos serviços plenos de cirurgia”, ressaltou Botelho à Agência Brasil.
Como remarcar cirurgia pelo SUS
Se a sua cirurgia precisou ser remarcada devido à pandemia de covid-19 e seu nome está na lista, é importante saber que os cidadãos podem recorrer à defensoria pública do seu estado para tentar resolver a situação.
Consulte no site da Associação Nacional de Defensoras e Defensores Públicos o contato da defensoria no seu estado.
Fonte: Medicina USP, G1 e Agência Brasil.
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