Comprar peixe está mais barato do que comprar carne: compare os preços

Flavio Carvalho

27/09/2021

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), houve uma queda no preço do peixe e está mais barato comprá-lo do que comprar carne bovina.

O levantamento foi feito em parceria com a Secon (Secretaria Municipal de Economia) em agosto, identificando uma redução no preço de peixes em Belém/PA. É a quinta vez que ocorre uma diminuição dos valores.

Conheça, aqui, quais foram os peixes que tiveram queda de preço e quais passaram por um aumento, segundo a pesquisa do Diesee e Secon!

comprar peixe e carne

Diminuição do preço do peixe

A maioria dos peixes vendidos em mercados municipais de Belém tiveram queda de preço, mas há três que passaram por baixas mais expressivas:

  • Curimatã: teve baixa de 11,93%
  • Piramutaba: passou por redução de preço de 10,48%
  • Cachorro de padre: teve diminuição de preço de 10,15%

Em contraposição, alguns peixes tiveram alta em comparação aos meses anteriores a agosto. Confira quais foram os três tipos de peixe que mais tiveram aumento de preço:

  • Tucunaré: alta acumulada de 39,45%
  • Tainha: subiu 29,94%
  • Surubim: teve alta de 29,65%

Outros peixes como tambaqui, cação, corvina, pescada amarela e filhote tiveram alta na casa dos 20%. Mesmo assim, alguns valores ainda são menores do que os da carne bovina.

Vale lembrar que esses dados são válidos para a região de Belém, no Pará. Pode ser que em seu estado ou cidade haja variação de preço, com valores maiores ou menores.

Carne bovina continua aumentando

Curiosamente, o preço da carne bovina vai na contramão do preço do peixe, apresentando constante alta desde o início de 2021.

Para comparação, em maio deste ano os cortes do dianteiro subiram 54% em comparação ao mesmo período de 2020. Já no que se refere aos cortes traseiros, o aumento foi de 42,2% no mesmo período.

Desde então, a carne bovina vem registrando aumentos mensais e a previsão de consultorias especializadas, como a LCA, é de que o preço vá além da inflação prevista para 2021.

Com isso, o número de pessoas que consumem carne bovina regularmente vem caindo gradativamente, situação agravada pela alta do desemprego e da inflação.

A alternativa encontrada por algumas famílias foi substituir a carne vermelha pela branca. Mas, o frango também apresentou uma alta significativa de preço.

Isso fez com que famílias trocassem a carne bovina pelo filé de frango, quando se tem um poder de compra maior. Famílias que ganham menos estão trocando a carne bovina e filé de frango por partes da ave que tem menor preço ainda, como o pé e pescoço.

Para comparação, o quilo de pé, de pescoço e do dorso do frango costuma ser vendido por cerca de R$ 10,00 (valor pode variar de acordo com a região), enquanto o filé pode ser comprado pelo dobro.

Já a carne bovina pode ter o dobro do preço do filé de frango, que é de cerca de R$ 40,00, preço que pode variar de acordo com o corte e região em que vive.

O quilo do coxão mole e do acém, por exemplo, está a partir de R$ 35,00. Já a picanha, que é um dos cortes mais famosos e requisitados em churrascos, está por a partir de R$ 50,00.

Por que o preço da carne está aumentando?

Diante de constantes altas, é comum se perguntar por que a carne está aumentando tanto. Uma das explicações é o custo do pecuarista, que subiu expressivamente e o dólar aumentou bastante nos últimos anos.

Vale lembrar que o Brasil não possui o perfil de produzir insumos, mas sim de comprá-los do exterior. Agora, o pecuarista está pagando por insumos em dólar, o que torna seu custo maior, repassando esse valor para o mercado.

Além disso, a subida da inflação, o baixo poder de compra da população e a alta do dólar não tornam a venda para o mercado interno tão atraente para o pecuarista.

Por isso, ele passou a exportar mais, porque recebe em dólar, o que lhe dá a oportunidade de lucrar mais do que vender para o mercado interno.

Como não há previsão de mudança do cenário econômico brasileiro, a tendência é que esse quadro continue pelos próximos meses, tornando o acesso à carne bovina mais difícil para famílias mais pobres.

Flavio Carvalho
Escrito por

Flavio Carvalho

Gestor de Projetos e Pessoas da WebGo Content. Especialista em SEO e novos Projetos. Formado em Relações Públicas (PUC/PR) e experiência de mais de 10 anos no Marketing Digital.

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