Cartão de Crédito: Cuidados com o pagamento por aproximação
Uma pesquisa do Procon-PR aponta que mais de 76% dos consumidores não sabem quais cuidados tomar ao usar o pagamento por aproximação.
O pagamento por aproximação se popularizou no Brasil no último ano. De acordo com a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), essa modalidade movimentou R$ 198,9 bilhões em 2021, o que representa um aumento de 384,6% na comparação com o ano anterior. De uma forma geral, a cada quatro compras, uma é feita com a utilização dessa tecnologia.
O NFC (Near Field Communication), nome oficial do pagamento por aproximação, pode ser feito no crédito ou débito. Dados da Abecs mostram que o crédito ainda é mais popular, com o total R$ 111,1 bilhões em valores transacionados. Já no débito, o número foi de R$ 58,1 bilhões em todo o ano passado.
Mesmo com tanta facilidade e praticidade, alguns problemas foram relatados para órgãos de defesa ao consumidor, seja por golpes ou pelo sentimento de falta de segurança ao utilizar o cartão com NFC.
Problemas com o pagamento por aproximação com cartão de crédito
Inicialmente, os pagamentos por aproximação tinham um limite de transação de até R$50,00, que poderia ser diferente para cada banco, mas, no final de 2020, com a alta adesão ao sistema, a Abecs aumentou esse valor para R$200,00.
Ainda sim, a Proteste, Associação de Consumidores, recebeu diversas reclamações sobre o pagamentos indevidos, feitos por aproximação, acima de R$500,00. Em algumas ocorrências, os clientes afirmam que os bancos não fizeram o estorno do dinheiro, mesmo em caso de golpes ou roubos.
Em muitos casos, os consumidores nem têm conhecimento da ferramenta e ela é acionada sem permissão, o que pode levar a sustos na fatura no final do mês.
Outra situação que pode ocorrer é quando golpistas entram em lugares com aglomerações, como ônibus, e encostam a maquininha do cartão em bolsas e carteiras, de forma sorrateira. Onde há o cartão com o NFC ativado, os pagamentos são feitos sem a pessoa nem perceber.
Golpes chamaram atenção em Mato Grosso
Em fevereiro, o presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), o deputado Thiago Silva (MDB), apresentou um projeto de lei, que visa tornar os procedimentos e limites de pagamentos por aproximação com cartão de crédito ou débito mais claros.
Nosso objetivo é que os bancos possam informar sobre a possibilidade ou não do cliente optar pelo pagamento por aproximação, além de estipular o valor, pois hoje o serviço é ofertado ao cliente, mesmo que ele não solicite, e isso tem gerado a possibilidade de fraudes quando ocorre o furto do cartão”, destaca Silva.
A proposta ainda não avançou na ALMT.
Quais cuidados são necessários ao usar o cartão de crédito com o pagamento por aproximação?
Uma pesquisa feita pelo Procon-PR, entre os dias 21 e 23 de julho de 2021, com a participação de 940 pessoas, mostrou que 76,8% desconhecem os cuidados do pagamento por aproximação e 67,5% não se sentem seguros para usar essa funcionalidade.
Os principais temores são o medo de ter seu cartão roubado, que terceiros o utilizarem com facilidade e a eventual aproximação de maquinetas por pessoas mal intencionados.
Para a chefe do órgão de defesa ao consumidor do Paraná, Cláudio Silvano, essa é uma facilidade que pode esconder perigos.
As empresas de cartões deveriam garantir que os consumidores fossem prévia e adequadamente informados sobre os valores máximos para cada transação, informação que 76,8% dos entrevistados relataram desconhecer”, afirma Claudia.
Ela orienta que os consumidores, com o pagamento por aproximação ativado, sigam duas dicas principais:
- Verificar seus extratos bancários com regularidade para identificar débitos indevidos;
- Se sentir necessidade, dialogar, junto à Abecs, sobre a possibilidade de desativação dessa função.
Em alguns bancos, é possível desativar a ferramenta pelo próprio aplicativo da instituição, para evitar golpes e compras indevidas, sem o conhecimento do consumidor.