Por que o Brasil quase não tem ferrovias? Explicamos o motivo!


Pelo fato do Brasil ser um dos maiores países do mundo, você provavelmente acharia que ele possui uma quantidade enorme de ferrovias, não é? Se você pensa isso, fique sabendo que você está enganado, pois o Brasil é um dos países que menos utiliza esse meio de transporte. Aqui no NoDetalhe explicaremos por que é que o Brasil possui tão poucas ferrovias e por que elas nunca foram expandidas.

O declínio das ferrovias no Brasil

Não é que o Brasil não possui ferrovias, o nosso país possui sim, tendo mas de 30 mil quilómetros de estradas de ferro espalhadas pela nação. Porém, cerca de um terço de tudo isso não é utilizado e há algumas linhas que estão totalmente sucateadas e que não são utilizadas há anos. E se formos ver bem, 30 mil quilómetros de ferrovias não são nada para um país do tamanho do Brasil, os Estados Unidos, por exemplo, possuem mais ou menos o mesmo tamanho que o nosso país e possuem 10 vezes mais quilómetros de ferrovias. E se formos comparar com alguns países europeus, como a Alemanha (que é muito menor que o Brasil), veremos que eles também possuem muito mais trilhos do que nós temos.

As ferrovias tiveram um papel importante para o desenvolvimento da economia brasileira no século 19 e 20, com Dom Pedro II incentivando a construção de vias férreas através do país, e inclusive, vários trilhos construídos nessas épocas ainda existem e ainda são utilizados. Nessas épocas, as ferrovias transportavam principalmente carga, além dos passageiros. E a principal carga que os trens transportavam era o café, e várias linhas ferroviárias que transportavam esses materiais eram de posse privada.

Com a crise de 1929, que afetou o mundo inteiro, os Estados Unidos, que era um dos maiores importadores de café do mundo, param de comprar o nosso café, e por consequência, nós também passamos a produzir bem menos, fazendo com que as empresas que operavam as ferrovias perdessem os motivos para continuar operando, fazendo com que elas perdessem os recursos para continuar a manutenção e modernização das vias.

A partir daí, nos anos 1940 e 1950, as ferrovias começaram a se tornar obsoletas, e ninguém estava muito interessado em renová-las. Houve uma tentativa para organizar as ferrovias e torná-las operacionais novamente com a criação da RFFSA (Rede Ferroviária Federal S/A), porém isso não adiantou muito, pois o presidente da época, Juscelino Kubitschek, havia lançado o seu plano de modernização do país priorizando as estradas, que são bem mais baratas e fáceis de construir.

A ascensão das estradas e rodovias

Durante boa parte da história do Brasil, a maioria dos governos deu prioridade para as estradas e rodovias, como o governo da ditadura militar, por exemplo, investindo em grandes obras rodoviárias, como a ponte do Rio Niterói por exemplo e a rodovia transamazônica. Mas esses não foram os únicos fatores que influenciaram no declínio das ferrovias, pois nunca foi definido um padrão de bitola, ou seja, a largura dos trilhos, fazendo com que a criação de uma malha unificada fosse impossível. Além disso, nem mesmo o governo imperial se importou muito em uma construção organizada de ferrovias.

Como boa parte das ferrovias brasileiras estão localizadas na região do sudeste do país, a maioria das pessoas que viajam nesses lugares preferem viajar de carro, ônibus ou avião. Há também quem diga que as ferrovias não geram lucro, o que não é verdade, pois se formos comparar com os EUA ou países europeus, essas nações geram rios de dinheiro com suas ferrovias, mostrando que se fossem operadas do jeito correto aqui no Brasil, elas também trariam um benefício significante para a nossa economia.

As ferrovias brasileiras na atualidade

A partir dos anos 1960, várias linhas ferroviárias que transportavam passageiros foram sendo desativadas lentamente, restando poucas opções atualmente para transportes de passageiros, com vários que restam atualmente sendo trens turísticos que fazem excursões pelo Brasil. Nos anos seguintes, a situação econômica do Brasil foi se tornando cada vez pior, afundando em crises e na inflação. E, a situação das ferrovias que já estava ruim não melhorou nada, podendo-se dizer que só piorou.

Atualmente, o Brasil ainda possui todos os seus 30 mil quilómetros de ferrovias que foram construídos ao longo dos anos, claro, com boa parte não sendo utilizada, e com mais da metade sendo operada pela Rumo Logística, uma empresa que transporta minérios de ferro, mas que as vezes também transporta outros materiais como soja por exemplo. A situação das ferrovias brasileiras finalmente se estabilizou depois de anos de turbulências, e as empresas que as controlam preferem deixá-las assim, pelo menos por enquanto.

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Redator da WebGo Content desde janeiro de 2022. Tenho interesse por assuntos como história, política, filmes, séries (preferencialmente de ação, aventura e ficção científica), além da literatura e pela tecnologia, principalmente por videogames.