Usar o cartão de crédito vale a pena? Veja as dicas de economistas sobre essa polêmica

Marina Darie

19/11/2021

Usar o cartão de crédito indevidamente é um dos principais vilões do endividamento da população brasileira. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com 500 entrevistados, mostra que para 81% deles, o mau uso do cartão de crédito foi o motivo pelo superendividamento no último ano. As outras razões citadas foram a pandemia de covid-19, desemprego e a inflação.

Os respondentes afirmam que aumentaram os níveis de consumo durante o período de isolamento social e 43% deles já deixaram de pagar ao menos uma fatura no último ano. As contas que mais deixaram de serem pagas foram:

  • Energia elétrica (36%);
  • Água (26%);
  • Internet (22%);
  • Telefone (19%);
  • Aluguel (16%);
  • Cartão de crédito (14%).

O que leva ao endividamento?

Veja em quais momentos vale mais a pena usar o cartão de crédito

Veja como usar o cartão de crédito corretamente e evitar sustos na fatura. (Imagem: Pixabay / Divulgação)

Outra pesquisa, feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal Meu Bolso Feliz, levanta alguns pontos que podem explicar o motivo pelo qual muitas pessoas não sabem usar o cartão de crédito corretamente. Ela é de 2015, mas ainda traz dados relevantes. O estudo revela que 52 milhões de brasileiros utilizam essa forma de pagamento e que 53% dos entrevistados têm uma média de quase dois cartões por pessoa.

Um dos destaques do levantamento é que quase um terço destes consumidores desconhecem o limite que eles têm junto ao banco.  Entre os que sabem, o limite médio é de R$ 1.401,00. Além disso, 96% dos participantes disseram não saber qual é a taxa de juros mensal. Esse número aumenta ainda mais entre as mulheres e pessoas das classes C, D e E e alcança os 99%.

“Em 2015, a taxa do cartão de crédito chegou a cerca de 300% ao ano, a maior desde 2011. Grande parte dos consumidores desconhece esses altos valores praticados e não sabe o quanto perde dinheiro ao utilizar o cartão sem colocar todas as contas no papel. Se tomarmos como exemplo uma dívida de mil reais no cartão de crédito, em um ano, esse valor mudará para quatro mil reais, ou seja, o valor quadruplica”, disse a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, quando a pesquisa foi divulgada.

Outro motivo que pode levar a inadimplência é fazer o empréstimo do cartão de crédito para amigos ou parentes. Dados apontam que 19% dos entrevistados pedem o cartão emprestado a outras pessoas, como para pais e amigos, e dois em cada dez brasileiros compram parcelado no cartão de terceiros.

Ao utilizar o cartão, a dívida fica pendente com a empresa credora e no final das contas quem tem que pagar muitas vezes é o parente ou amigo que emprestou. Cerca de 15 milhões de consumidores ficaram ou ainda estão com o nome sujo por emprestarem o cartão de crédito e o cartão de loja”, conclui Marcela.

Como usar o cartão de crédito de forma correta?

Um levantamento do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que quase 60% dos consumidores compram por impulso.

Esse impulso pelas compras também envolve questões emocionais, usadas até como desculpa para o consumo desnecessário, caso a pessoa esteja triste ou feliz, e, é aí que entra a questão de entendermos a necessidade de certas compras, refletindo sempre sobre prioridades e luxos extras”, destaca Thaíne Clemente, Executiva de Estratégias e Operações da Simplic, fintech de crédito pessoal.

Nesses casos, usar o cartão de crédito é ainda mais danoso para as finanças. Por isso, a  recomendação é usar esse tipo de pagamento para contas fixas mensais e planejadas. O melhor é evitar o número alto de parcelas e colocar um limite que combine com a renda mensal.

Ao fazer compras online, deve existir um cuidado para não sair comprando coisas baratas todos os dias ou semanas e, no final do mês, ter aquela surpresa na fatura.

Veja outras dicas para não gastar muito no final do ano, principalmente com a Black Friday:

  • Avalie se a compra é uma necessidade real para o momento;
  • Espere um tempo;
  • Não acredite em tudo o que as lojas afirmam, como “últimas unidades”, por exemplo;
  • Não acompanhe lojas nas redes sociais.
Marina Darie
Escrito por

Marina Darie

Formada em Jornalismo pela PUCPR. Atualmente está cursando Pós Graduação em Questão Social e Direitos Humanos na mesma instituição de ensino. Tem paixão por informar as pessoas e acredita que a comunicação é uma ferramenta que pode mudar o mundo!