Motociatas de Bolsonaro são pagas com dinheiro de impostos


No domingo de Dia dos Pais (08/08), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou mais uma de suas motociatas, eventos que são apontados como de pré-campanha para as eleições de 2022.

Dessa vez, o passeio de moto com apoiadores aconteceu em Brasília, e foi organizado um dia depois do evento anterior, que ocorreu em Florianópolis. O percurso foi de aproximadamente 32km, e não houve divulgação oficial sobre o número de motos presentes.

Desde maio, Bolsonaro já participou de oito motociatas com apoiadores, o que representa custos milionários para os cofres públicos, por conta da mobilização policial necessária para garantir sua segurança e a fluidez no trânsito.

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Fim de semana teve motociatas em Florianópolis e Brasília. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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Quanto custam as motociatas de Bolsonaro aos cofres públicos?

Os custos dos passeios de moto do presidente variam de acordo com o local de realização, e nem sempre são revelados pelos governo locais. Mesmo assim, sabe-se que o valor total está na casa dos milhões.

Isso porque apenas a motociata realizada em São Paulo custou mais de R$ 1,2 milhão, segundo a Secretaria de Segurança Pública. O evento organizado no Dia dos Namorados (12/06) passou pela capital paulista e pela região de Jundiaí, e precisou convocar as três forças de segurança estaduais.

Ao todo, foram mais de 6,3 mil policiais escalados para acompanhar o passeio de moto. Dentre eles, 1.433 atuaram somente nas medidas necessárias para o deslocamento dos participantes ao longo do trajeto de 129 km.

Além de tropas policiais, equipes do Corpo de Bombeiros e do Resgate, a operação ainda contou com o apoio exclusivo de aeronaves, drones e cerca de 600 viaturas. Com toda esta mobilização, os custos milionários do passeio saiu diretamente do bolso dos contribuintes.

Outra motociata que saiu cara foi a realizada em maio no Rio de Janeiro. Na ocasião, apenas as despesas com transporte terrestre, passagens e estadia do presidente e seus convidados custaram R$ 231,3 mil aos cofres públicos. Mas o valor divulgado pela Secretaria Geral da Presidência não inclui os gastos do governo estadual com a segurança do evento.

Em ambos os eventos, assim como em todos os demais, Bolsonaro, apoiadores e ministros apareceram sem máscaras e causaram aglomerações.

Em São Paulo, pelo menos, esse comportamento gerou multas. Logo na primeira motociata, o presidente quantos os deputados Coronel Tadeu (PSL-SP) e Carla Zambelli (PSL-SP), o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes e o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foram autuados por não usarem máscaras no ato.

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Dória diz que próximos atos em SP serão pagos pelo governo federal

Após o passeio de custos milionários realizado em junho, Bolsonaro sinalizou que pretende organizar mais uma passeata na cidade de São Paulo. Mas segundo o governador João Doria (PSDB), o estado não irá arcar com as despesas, desta vez.

Já determinei à polícia militar que, se o presidente Bolsonaro voltar aqui para fazer outra motociata, ele vai ter que pagar. Vamos cobrar pela mobilização (policial) nos passeios de motocicleta. Não é obrigação do governo do estado de São Paulo fazer segurança para motociata” declarou o governador de São Paulo.

Doria afirmou que o governo do estado não tem obrigação de fazer segurança sem que os organizadores de manifestação arquem com as despesas. Além disso, o governador também afirmou que eles terão que pedir uma autorização para realizar o ato, senão não terão permissão.

Para o governador de São Paulo, o presidente segue insistindo em em fazer o que é inadequado. Além de causar aglomerações com os eventos e não usar proteção facial, Bolsonaro chegou a discursar algumas vezes contra medidas de combate à disseminação do novo coronavírus.

Até aqui, o governo paulista já multou três vezes o presidente por descumprir a lei que determina o uso de máscaras em espaços públicos. Segundo o executivo estadual, a multa para reincidentes pode chegar a R$ 290,9 mil por estimular e participar de ações de risco à saúde pública.

Além disso, a postura do governo Bolsonaro durante a pandemia também é analisada pela CPI da Covid, que pode entregar seu relatório até a primeira semana de novembro. As conclusões do inquérito podem ser passadas ao Ministério Público para indiciar possíveis infratores.

Fontes: Isto É Dinheiro e UOL.

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.