Percebeu algo estranho no hino da Argentina? Então acertou: ele está mesmo diferente! Entenda…

Felipe Matozo

13/12/2022

Por mais estranho que isso pareça, o hino da Argentina “mudou” entre a Copa do Mundo de 2018, na Rússia, e de 2022. Mas isso não quer dizer que o hino do país foi “atualizado” neste período, conforme explicaremos abaixo.

O que ‘mudou’ no hino da Argentina?

Quem acompanha Copas do Mundo há bastante tempo, talvez tenha reparado que o trecho do hino da Argentina que tocou antes do início do jogo contra a Croácia e nas demais partidas da seleção é diferente de edições anteriores.

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Isso porque após a Copa de 2018 a AFA (Asociación del Fútbol Argentino) alterou a parte do hino que toca antes das partidas da seleção, permitindo que jogadores e torcedores cantassem juntos.

Afinal, até a Copa da Rússia, o trecho que tocava antes dos jogos era o minuto inicial do hino, que não tem letra. Ou seja, tocava apenas a melodia de introdução, e as pessoas não podiam acompanhar cantando juntas.

Agora, o que toca é o minuto final do hino da Argentina, trecho que se encerra com a frase “O juremos con gloria morir” (“Ou juremos com glória morrer”, em tradução livre) se repetindo três vezes.

Como vimos antes do jogo contra a Croácia, essa mudança permite que milhares de pessoas cantem juntas, a plenos pulmões, nas arquibancadas, assim como os jogadores perfilados em campo.

Quando aconteceu esta mudança no hino da Argentina?

Segundo o UOL, a mudança aconteceu a pedido do treinador Lionel Scaloni, do assistente e ex-jogador Pablo Aimar e de outros dois atletas argentinos que já representaram o país em Copas do Mundo. O pedido de alteração se deu para que as pessoas possam cantar uma parte do hino.

Isso aconteceu logo após a Copa de 2018, quando Scaloni substituiu Jorge Sampaoli no comando da seleção, ainda de forma interina. A estreia do “novo hino” argentino aconteceu em torneio sub-20, disputado em Valência (ESP).

Enquanto isso, a estreia da nova versão em um jogo da seleção principal foi na Copa América de 2019, no Brasil. Na ocasião, inclusive, a medida acabou despertando uma pequena polêmica.

Isso porque muitas pessoas não notaram que era o primeiro torneio da Argentina com aquele trecho do hino, mas repararam que Messi não estava cantando. Por isso, houve questionamentos sobre a postura do camisa 10, que respondeu na época que “cada um vive o hino de uma forma”.

Depois disso, a reprodução do minuto final do hino antes dos jogos se manteve na Copa América de 2021, nas Eliminatórias e na Copa do Mundo. Na Copa do Catar, aliás, Messi tem cantado junto com os outros jogadores.

Influências do ‘novo hino’

Para o jornalista argentino Martín Ainstein, repórter e documentarista da ESPN, “o que fizeram agora é o mais lógico”. Afinal, como o hino argentino é longo, tem sentido escolher uma parte que as pessoas possam cantar, segundo ele.

Além disso, Ainstein também lembrou do técnico Carlos Billardo, campeão do mundo com a Argentina em 1986, que dizia que “é nos pequenos detalhes que se ganham os títulos”.

Segundo o jornalista, o pedido de Scaloni para mudar o trecho do hino é “algo muito ‘billardista'” (em referência a Billardo), e “tudo soma na hora de construir um time campeão”.

Falando nisso, vale lembrar que a Argentina passou 28 anos sem ganhar títulos com a seleção principal. O jejum acabou em 2021, com a conquista da Copa América contra o Brasil, após a “mudança no hino”.

Exemplo da seleção de rugby

Um caso que merece destaque em relação ao hino tocado antes de jogos é o da seleção argentina de rugby. Conhecidos como “Los Pumas”, os jogadores da seleção costumam chamar a atenção do país ao chorar enquanto cantam o hino, cena vista nas Copas do Mundo da modalidade em 2015 e 2019.

Nesse caso, o que toca é uma edição do hino que mistura a melodia da introdução com a parte final que vem sendo tocada na Copa do Catar.

No caso do futebol, a Fifa permite reproduzir no máximo 90 segundos dos hinos nacionais nos estádios. Ao todo, o hino argentino tem 3 minutos e 34 segundos.

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Felipe Matozo
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Felipe Matozo

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.

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