Por que o Brasil precisa comprar combustível?

O Brasil é considerado um país autossuficiente em petróleo, mas precisa comprar combustível. Saiba por que isso acontece.


O Brasil é um país teoricamente autossuficiente quando se trata de petróleo. Atualmente, a produção nacional é  de 2,9 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). No entanto, existe uma grande diferença entre ter a matéria em si e ter a matéria refinada.

O petróleo precisa passar pela refinaria para se transformar em gasolina, diesel e assim sucessivamente. Porém, no país, as refinarias não têm capacidade de refinar o petróleo extraído por conta própria.

Nesta matéria do NoDetalhe, você entende por que a produção em larga escala de petróleo não garante combustível a preço baixo para o consumidor e fica sabendo o que precisaria ser feito para que a população brasileira tivesse gasolina mais barata. Confira!

Produção em larga escala de petróleo não garante combustível barato para consumidor

Por que o Brasil precisa comprar combustível?
O Brasil é autossuficiente em petróleo, mas precisa comprar combustível. Entenda por que isso acontece e sai tão caro para a população brasileira. (Imagem: Pexels/Divulgação)

Já faz mais de quinze anos desde que o Brasil foi considerado um país autossuficiente em petróleo. Isso porque a produção deste recurso chega a superar o consumo. Porém, ser capaz de extrair a matéria em alta escala é bem diferente de refiná-la.

Boa parte das refinarias em atuação no Brasil foram construídas ainda na década de 1970, quando o Brasil importava petróleo da Arábia Saudita, que era bem mais fácil de refinar, sendo considerado do tipo leve. A descoberta da Bacia dos Campos, que aconteceu tempos depois, fez com que as refinarias precisassem ser adaptadas, uma vez que o produto brasileiro era mais pesado.

No entanto, a adaptação não foi suficiente, já que o petróleo do Brasil é extremamente difícil de refinar e o investimento não esteve à altura. Pode-se dizer que, em questão de tecnologia, o Brasil ainda não se pode denominar autossuficiente.

Com o chamado pré-sal (extração em águas profundas), o petróleo leve também começou a ser obtido no Brasil, com maior valor agregado e com características diferentes. Porém, a falta de maquinário para gerar este tipo de combustível continuou sendo um problema, o que resultou na exportação dele.

A exportação acaba servindo como moeda de troca por um óleo mais leve. Segundo especialistas, tentar refinar o petróleo brasileiro nas refinarias em funcionamento no país seria o equivalente a desperdiçar recursos.

Além disso, assim como outros países exportadores de petróleo, no intuito de atingir a mistura perfeita, o Brasil também faz importação de uma pequena quantia de derivados do petróleo para composição do chamado blend, ou seja, a mistura ideal de petróleo, que viabiliza o refino do produto.

A Petrobras afirma que as refinarias brasileiras não têm qualquer dificuldade em refinar petróleo, sendo 94% do petróleo refinado nas refinarias de origem nacional. Isso se deve à mistura conhecida por blend.

O que precisa ser feito para termos gasolina mais barata?

Para o futuro, especialistas concordam que o Brasil deveria considerar instalações mais modernas para as refinarias de petróleo, uma vez que o país apenas será autossuficiente de verdade quando houver um parque de refino à altura da demanda. Desse modo, o ideal seria investir no aprimoramento das refinarias existentes no Brasil.

Outra alternativa seria colocar as refinarias à venda (não faz muito tempo que a Petrobras vendeu 8 refinarias) e investir com mais intensidade na exploração do petróleo, de modo a tornar o recurso ainda mais atrativo para o mercado internacional. A Petrobras pretende concentrar-se na produção, que tem tudo para ser ainda mais lucrativa para o país, abrindo portas para criar novas (e mais modernas) refinarias.

Para que a gasolina possa ser comprada a preços mais acessíveis pela população brasileira, as novas refinarias devem ter liberdade para definir os preços.

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Redatora WebGo Content e bacharelanda em Comunicação Organizacional na UTFPR.