8,2 milhões de brasileiros trabalharam em casa em 2020: como será após a pandemia?

Marina Darie

19/07/2021

Odiado por muitos, amado por outros: o home office realmente se tornou uma possibilidade durante a pandemia de covid-19. Quando os casos da doença começaram a ficar preocupantes no país, muitas empresas decidiram adotar o sistema, que antes era quase inédito no Brasil para empregos formais. Com isso, 8,2 milhões de brasileiros trabalharam em casa em 2020. 

Esse número, que ultrapassa os oito milhões de pessoas, pode até parecer muito, mas na verdade representa 11%  dos 74 milhões de brasileiros que continuaram trabalhando no ano passado, mesmo com a pandemia. 

Os dados são do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), que utilizou informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para realizar essa pesquisa. 

Qual o perfil dos brasileiros que trabalham em casa em 2020?

Brasileiros que trabalharam em casa no ano passado, gostaram de fazer isso?

8,2 milhões de pessoas trabalham em casa em 2020. Essa é uma tendência que veio para ficar? (Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

Mulheres, brancos e pessoas com Ensino Superior representam o grupo mais comum de brasileiros que trabalharam em casa no ano passado. Veja os dados:

  • 31,8% dos entrevistados entre 30 e 39 anos declararam que trabalharam em casa em 2020;
  • 63,9% do total de profissionais em trabalho remoto no ano passado eram do setor privado;
  • 51% dos funcionários que estavam em home office em 2020 era do setor de educação;
  • 58,2% dos brasileiros que trabalharam em casa de 2020 moravam na região Sudeste. Já a região Norte teve a menor porcentagem de pessoas no teletrabalho (3,3%). 

Setores privados que mais tiveram brasileiros trabalhando de casa:

  • 51%: educação;
  • 38,8%: atividades financeiras;
  • 34,7%: comunicação privada;
  • 1,9%: alimentação:
  • 1,8%: logística;
  • 0,6%: agricultura.

Setores públicos que mais tiveram brasileiros trabalhando de casa:

  • 52,2%: profissionais do ensino;
  • 2,2%: profissionais da saúde:
  • 0,5%: policiais. 

Trabalho remoto para profissionais das esferas públicas:

  • 40,7%: esfera federal;
  • 37,1%: esfera estadual;
  • 21,9%: esfera municipal. 

Os brasileiros que trabalharam em casa, gostaram?

Ainda existem divergências sobre como será o cenário pós-pandêmico para os regimes de trabalho. A principal crítica é sobre a falta de limites entre horários de trabalho, espaço corporativo e lar. 

O futuro é remoto, não há dúvidas disso. Se podemos tirar algo de bom desse momento, é que empresas e funcionários estão tendo a oportunidade de experimentar essa nova modalidade de trabalho. Mas temos que começar a colocar balanço nessa equação. Os trabalhadores precisam ter seus horários respeitados e ter tempo para cuidar dos vários pratinhos que todos seguram, inclusive com tempo para olhar para si mesmo e para sua saúde mental”, explica Deives Rezende Filho, especialista em diversidade e inclusão e fundador de uma consultoria. 

Mesmo com esse problema, pesquisas mostram que o tele trabalho ainda é gostado por muitos brasileiros. O estudo “Tendências de Marketing e Tecnologia 2020: Humanidade redefinida e os novos negócios” aposta que o trabalho à distância no Brasil vai crescer 30% depois da pandemia. 

De acordo com um levantamento feito pela Hibou, empresa de monitoramento de mercado e consumo, 64,8% dos entrevistados querem continuar trabalhando de casa no pós-pandemia.

Outro estudo do Google feito pela empresa de consultoria IDC Brasil, revela que a maioria das pessoas quer continuar nesse regime. A aceitação é mais forte, de 71%, com os funcionários jovens, de 18 a 21 anos. Mais da metade das pessoas de 22 a 37 anos também topariam continuar trabalhando em home office: 54%. 

De uma forma geral, o que os funcionários realmente querem é um sistema mais flexível, ou melhor, híbrido. 

Confira as vantagens e desvantagens de trabalhar em casa, segundo os dados da pesquisa:

Vantagens:

  • 67%: Diminuição no tempo de deslocamento;
  • 57%: Redução de contágio de COVID-19;
  • 46%: Rotinas mais participativas;
  • 57%: Flexibilização de horários.

Desvantagens:

  • 50%: Falta de tomar um café com os colegas;
  • 44%: Falta das reuniões presenciais;
  • 33%: Gostam da infraestrutura dos escritórios;
  • 25%: Falta de ter o suporte das equipes de Tecnologia da Informação (TI) ou de Recursos Humanos (RH);
  • 19%: Falta dos benefícios do escritório.

Diferença entre teletrabalho e home office

O que é teletrabalho, segundo a CLT?

A prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo” – artigo 75-B da Lei 13.467/17 da Consolidação das Leis  do Trabalho (CLT).

A assessora jurídica da Direção Executiva do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), Célia Rocha de Lima, explica com mais detalhes:

Para o teletrabalho é preciso que as empresas façam um contrato a parte para deixar estabelecidas as responsabilidades do trabalhador e da empresa. Além disso, esta modalidade não comporta controle de jornada, porque está mais ligado ao trabalho entregue do que a própria jornada e, baseado no texto da Lei, os riscos da atividade econômica são da empresa e o trabalhador não pode arcar com esta responsabilidade”.

Já o home office, que é chamado de trabalho a domicílio de acordo com a Lei, é realizado nos mesmos moldes de um trabalho presencial: direitos trabalhistas, jornada de trabalho e hora extra devem ser cumpridos. 

Além disso, a empresa precisa fornecer as mesmas condições corporativas para a residência do funcionário. 

Fontes: CUT, Agência Brasil,Showmetec Corporate e Jovem Pan.

Marina Darie
Escrito por

Marina Darie

Formada em Jornalismo pela PUCPR. Atualmente está cursando Pós Graduação em Questão Social e Direitos Humanos na mesma instituição de ensino. Tem paixão por informar as pessoas e acredita que a comunicação é uma ferramenta que pode mudar o mundo!

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