Economistas preveem inflação acima de 7% até o fim do ano
A inflação no Brasil não segue bons caminhos. O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, aumentou a projeção para o IPCA para 2021: ele passou de 7,25% para 7,5%. A estimativa para 2022 também foi elevada.
Na semana passada, a inflação estava em 6,88%. Neste relatório do BC, ela já ficou em 7,05%. Essa é a décima nona semana seguida que o índice sofre uma revisão para cima.
O teto da meta para a inflação de 2021 é de 5,25%. Já o centro da meta para o ano é de 3,75%. A margem de tolerância é de 1,5 ponto (de 2,25% a 5,25%).
Os motivos que têm causado as altas consecutivas, de acordo com o Banco Central, são: o aumento dos preços de commodities, como alimentos, minério de ferro e petróleo; a apreciação cambial (queda do dólar) que acontece desde o mês de abril; às restrições de oferta de alguns materiais e insumos e; a piora do cenário hídrico no Brasil, com a instituição de bandeiras tarifárias mais caras.
XP também eleva projeção da inflação
O Banco Central, por meio do Boletim Focus, não é o único a aumentar a projeção da inflação para 2021. Na semana passada, a XP também revisou as previsões para a inflação deste ano e do seguinte, por conta das secas e geadas que impactaram o país nos últimos meses.
O preço dos combustíveis e a pressão para a reabertura da economia foram outros fatores que levaram a isso.
Neste panorama, a XP elevou a projeção da inflação de 6,7% para 7,3% em 2021. Em 2022, a expectativa é de que o índice suba 3,7%, e não 3,6% como foi apontado anteriormente.
Reaceleração da inflação de alimentos, choque nos preços de bens administrados, especialmente combustíveis e energia elétrica, persistência na alta de bens industrializados e (…)aceleração ainda mais forte nos preços de serviços” estão entre os fatores levados em consideração. Dessa forma, a inflação do ano deve superar 7%, elevando também as medidas de núcleos e gerando preocupação para a inflação do ano que vem.”, disse Tatiana Nogueira, economista da XP, em relatório.
Inflação e elevação da Taxa Selic
No início deste mês, com o crescimento constante da inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu aumentar a Taxa Selic em um ponto percentual. Ela passou para 5,25% ao ano.
O Copom admitiu que essa estratégia é arriscada.
O Copom considera que, neste momento, a estratégia de ser mais tempestivo no ajuste da política monetária é a mais apropriada para garantir a ancoragem das expectativas de inflação. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego. Neste momento, o cenário básico e o balanço de riscos do Copom indicam ser apropriado um ciclo de elevação da taxa de juros para patamar acima do neutro.”, informou por meio de nota.
O Copom reforça que a prorrogação de políticas fiscais em resposta à pandemia pode criar uma assimetria na trajetória para a inflação.
O Comitê também afirmou que na próxima reunião, a revisão da taxa Selic deve seguir este mesmo aumento que foi feito no início de agosto.[
Ainda sim, ressalta que os próximos passos poderão ser ajustados, de acordo com a evolução da atividade econômica brasileira, o balanço de riscos e as projeções e expectativas de inflação para 2021.
Qual a relação entre o IPCA e a Selic?
O IPCA ( Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) mede a inflação oficial do país. No início deste texto, quando foi mencionado o aumento da projeção da inflação, tratava-se do IPCA.
Ele é calculado todos os meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e vale para todo o território nacional. O IPCA engloba os preços de produtos como:
- Alimentação e bebidas;
- Habitação;
- Artigos de residência;
- Vestuário;
- Transportes;
- Saúde e cuidados pessoais ;
- Despesas pessoais;
- Educação;
- Comunicação.
Já a taxa Selic é uma ferramenta utilizada pelo Banco Central para cuidar da inflação, ou seja, do IPCA. Se o BC aumenta a Selic ou a mantém estável, isso impacta diretamente no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo.
Fontes: UOL, CNN, Banco Central eNubank