Com as recentes quedas no preço dos combustíveis e da energia elétrica, a inflação de julho teve a primeira queda desde maio de 2020, mas essa melhora não faz muita diferença para famílias com renda menor.
Afinal, se por um lado itens como gasolina e conta de luz ficaram mais baratos, o preço dos alimentos continuou subindo.
Com isso, o impacto da chamada deflação (inflação negativa) no orçamento das famílias de classe média não é o mesmo para pessoas de baixa renda, conforme mostraremos a seguir.
Melhora da inflação faz pouca diferença para famílias pobres
Conforme explica Luciano Sobral, economista-chefe da Neo Investimentos, quanto menor a renda de uma família, menor também é o peso da gasolina no orçamento.
Isso acontece porque a alimentação é o que mais pesa no orçamentos das famílias de baixa renda. Por isso, a queda na inflação de julho é mais forte para quem tem renda mais alta, avalia Sobral.
Enquanto a gasolina baixou e puxou a inflação para baixo, o grupo Alimentos e bebidas continuou subindo em julho. Nos últimos 12 meses, a alimentação ficou 14,7% mais cara no Brasil, subindo acima da inflação média no período, que também é alta (10,07%).
“Para cada compra que a família faz, ela leva cada vez menos itens para casa. Não podemos falar de redução da inflação quando ela não está acontecendo para as famílias de baixa renda. Os alimentos, que são o grande desafio, estão com inflação real”, afirma André Braz, economista e pesquisador do Ibre/FGV.
Vale lembrar que a inflação representa os aumentos nos preços de produtos e serviços, e quanto mais ela sobe, menor é o poder de compra do consumidor.
Leite ficou 25% mais caro
Um dos itens que mais chama a atenção pelo aumento de preço é o leite longa vida, que subiu 25,46% em julho. Para famílias mais pobres, o litro do leite pesa mais no orçamento do que o litro da gasolina.
Segundo um levantamento da Suno Research, itens da cesta básica acumulam altas que chegam a 66% em 12 meses.
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Felipe Matozo
Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.
