44% das crianças e adolescentes se sentiram mais tristes na pandemia

Marina Darie

09/08/2021

Durante a pandemia de covid-19, muitos brasileiros se sentiram mais tristes e ansiosos. Se isso aconteceu com os adultos, que têm mais controle sobre as emoções, imagine como as crianças e adolescentes se sentiram!

Uma pesquisa feita pela Fundação Lemann em parceria com o Instituto Natura, com os pais e responsáveis de crianças e adolescentes entre 4 e 18 anos, mostra a percepção sobre essas faixas etárias durante este ano pandêmico.

Segundo dados da pesquisa, 94% deles sofreram com alguma mudança de comportamento.

De acordo com os entrevistados, os filhos ganharam peso (56%), se sentiram tristes (44%), ficaram com mais medo (38%) e perderam o interesse pela escola (34%).

A relação entre comida e crianças e adolescentes na pandemia

Crianças e adolescentes tristes durante a pandemia de covid-19

Crianças e adolescentes ficaram mais tristes na pandemia. Veja o que mais eles sentem. (Imagem: Anny Patterson / Divulgação)

Um dos fatores que chama a atenção na pesquisa feita pela Fundação Lemann e Instituto Natura é a percepção dos pais e responsáveis sobre a alimentação das crianças e adolescentes. Mais da metade dos entrevistados (56%) afirmaram que seus filhos ganharam peso durante a pandemia de covid-19. 

Ainda sim, os adultos relataram que a insegurança alimentar foi uma realidade neste último ano:

  • 34% das famílias disseram que a quantidade de comida foi menos que o suficiente;
  • 81% dos pais disseram as refeições da família eram ótimas ou boas antes do surto de covid-19;

Dos entrevistados que afirmaram ter passado, ou estarem passando, por um cenário de insegurança alimentar, 63% são pretos e pardos, 63% das famílias ganham até um salário mínimo e 66% informaram que alguém da família perdeu o emprego ou renda na pandemia.

A falta das aulas presenciais para crianças e adolescentes

As aulas presenciais, em formato híbrido, começaram a voltar neste mês em boa parte das cidades e estados brasileiros. Mas desde março de 2020, crianças e adolescentes de todo o país estão sem ir para as escolas. 

Neste cenário, 10% deles passam o dia na casa de outras pessoas, como na residência dos avós. Quem acaba ficando em casa, sozinho, ou apenas com a companhia de irmãos, representa 14% das crianças e jovens, de acordo com a pesquisa da Fundação Lemann e do Instituto Natura. 

Crianças sozinhas em casa e sem aulas, só podem resultar em uma coisa: 37% delas estão jogando videogame ou celular com mais frequência do que antes da pandemia. Além disso, 43% aumentaram as horas de TV.

E este cenário, que parece ser o sonho de filhos de muitos pais e responsáveis, na realidade não é tão feliz assim para as crianças e adolescentes.

Mais da metade (75%) das pessoas nesse grupo etário que participaram do levantamento afirmam que sentem falta das aulas presenciais ou de algum professor e 60% dizem que sentem saudades do convívio social e dos amigos.

Isso mostra o papel da escola e desse ambiente na vida dessas crianças e adolescentes. Claro que é um espaço de ampliação de repertório e aprendizagem, mas também é de convívio e desenvolvimento pessoal, além de ser, para muitos, espaço de alimentação. Isso coloca muita luz no papel da escola e do retorno presencial das aulas”, afirmou a gerente do Instituto Natura, Maria Slemenson. 

Como está a saúde mental dos adultos na pandemia?

A Consulta Remédios, comparador de preços de itens de farmácia do Brasil, fez um levantamento inédito neste ano sobre quais remédios os brasileiros mais procuraram nos últimos meses. 

De acordo com a análise de dados da plataforma houve um aumento de até 113% na busca de medicamentos destinados ao tratamento de insônia, ansiedade e depressão.

Essa alta, de mais de 100%, aconteceu na comparação com os períodos de agosto de 2019 a fevereiro de 2020 e agosto de 2020 a fevereiro de 2021.

Os remédios mais procurados foram: 

  • Cloridrato de Fluoxetina: 1.674.848 buscas;
  • Hemitartarato de Zolpidem: 1.591.273 buscas;
  • Oxalato de Escitalopram: 1.397.310 buscas;
  • Sertralina: 1.283.607;
  • Clonazepam: 1.086.650.

Os dados sugerem que o brasileiro tem enfrentado problemas com depressão, insônia e ansiedade durante a pandemia (…) Nesse sentido, o acompanhamento médico é de vital importância para que as pessoas tenham uma recuperação segura e eficaz. Todos esses medicamentos só podem ser adquiridos com prescrição médica e acompanhamento de profissionais da saúde”, avalia Francielle, farmacêutica da plataforma Consulta Remédios. 

O levantamento da plataforma confirma o resultado de uma pesquisa feita pela Ipsos. Segundo ela,  53% dos brasileiros acreditam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano de pandemia.

Fontes: BBC e Agência Brasil

Marina Darie
Escrito por

Marina Darie

Formada em Jornalismo pela PUCPR. Atualmente está cursando Pós Graduação em Questão Social e Direitos Humanos na mesma instituição de ensino. Tem paixão por informar as pessoas e acredita que a comunicação é uma ferramenta que pode mudar o mundo!