Comprar peixe está mais barato do que comprar carne: compare os preços
De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), houve uma queda no preço do peixe e está mais barato comprá-lo do que comprar carne bovina.
O levantamento foi feito em parceria com a Secon (Secretaria Municipal de Economia) em agosto, identificando uma redução no preço de peixes em Belém/PA. É a quinta vez que ocorre uma diminuição dos valores.
Conheça, aqui, quais foram os peixes que tiveram queda de preço e quais passaram por um aumento, segundo a pesquisa do Diesee e Secon!
Diminuição do preço do peixe
A maioria dos peixes vendidos em mercados municipais de Belém tiveram queda de preço, mas há três que passaram por baixas mais expressivas:
- Curimatã: teve baixa de 11,93%
- Piramutaba: passou por redução de preço de 10,48%
- Cachorro de padre: teve diminuição de preço de 10,15%
Em contraposição, alguns peixes tiveram alta em comparação aos meses anteriores a agosto. Confira quais foram os três tipos de peixe que mais tiveram aumento de preço:
- Tucunaré: alta acumulada de 39,45%
- Tainha: subiu 29,94%
- Surubim: teve alta de 29,65%
Outros peixes como tambaqui, cação, corvina, pescada amarela e filhote tiveram alta na casa dos 20%. Mesmo assim, alguns valores ainda são menores do que os da carne bovina.
Vale lembrar que esses dados são válidos para a região de Belém, no Pará. Pode ser que em seu estado ou cidade haja variação de preço, com valores maiores ou menores.
Carne bovina continua aumentando
Curiosamente, o preço da carne bovina vai na contramão do preço do peixe, apresentando constante alta desde o início de 2021.
Para comparação, em maio deste ano os cortes do dianteiro subiram 54% em comparação ao mesmo período de 2020. Já no que se refere aos cortes traseiros, o aumento foi de 42,2% no mesmo período.
Desde então, a carne bovina vem registrando aumentos mensais e a previsão de consultorias especializadas, como a LCA, é de que o preço vá além da inflação prevista para 2021.
Com isso, o número de pessoas que consumem carne bovina regularmente vem caindo gradativamente, situação agravada pela alta do desemprego e da inflação.
A alternativa encontrada por algumas famílias foi substituir a carne vermelha pela branca. Mas, o frango também apresentou uma alta significativa de preço.
Isso fez com que famílias trocassem a carne bovina pelo filé de frango, quando se tem um poder de compra maior. Famílias que ganham menos estão trocando a carne bovina e filé de frango por partes da ave que tem menor preço ainda, como o pé e pescoço.
Para comparação, o quilo de pé, de pescoço e do dorso do frango costuma ser vendido por cerca de R$ 10,00 (valor pode variar de acordo com a região), enquanto o filé pode ser comprado pelo dobro.
Já a carne bovina pode ter o dobro do preço do filé de frango, que é de cerca de R$ 40,00, preço que pode variar de acordo com o corte e região em que vive.
O quilo do coxão mole e do acém, por exemplo, está a partir de R$ 35,00. Já a picanha, que é um dos cortes mais famosos e requisitados em churrascos, está por a partir de R$ 50,00.
Por que o preço da carne está aumentando?
Diante de constantes altas, é comum se perguntar por que a carne está aumentando tanto. Uma das explicações é o custo do pecuarista, que subiu expressivamente e o dólar aumentou bastante nos últimos anos.
Vale lembrar que o Brasil não possui o perfil de produzir insumos, mas sim de comprá-los do exterior. Agora, o pecuarista está pagando por insumos em dólar, o que torna seu custo maior, repassando esse valor para o mercado.
Além disso, a subida da inflação, o baixo poder de compra da população e a alta do dólar não tornam a venda para o mercado interno tão atraente para o pecuarista.
Por isso, ele passou a exportar mais, porque recebe em dólar, o que lhe dá a oportunidade de lucrar mais do que vender para o mercado interno.
Como não há previsão de mudança do cenário econômico brasileiro, a tendência é que esse quadro continue pelos próximos meses, tornando o acesso à carne bovina mais difícil para famílias mais pobres.