Para Bolsonaro, Bolsa Família não pode deixar de existir “Não tem como tirar”
Bolsonaro diz que não há como acabar com o Bolsa Família porque os beneficiários não têm condições de ir para o mercado de trabalho.
Em entrevista para a TV A Crítica, emissora afiliada da RedeTV! no Amazonas, nessa quarta-feira (27/10), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que não pode acabar com o Bolsa Família.
Segundo Bolsonaro, o programa precisa continuar existindo porque atende milhões de pessoas que não têm condições de ir para o mercado de trabalho, pois “não sabem fazer quase nada”.
Mesmo falando em “ter respeito”, Bolsonaro mostrou mais uma vez sua total insensibilidade com o próximo e, ainda, preferiu jogar a culpa nos outros, quando disse: “O que a juventude aprendeu com quase 14 anos de PT? Tendo o ministro [Fernando] Haddad lá na educação”
Em novembro, o Bolsa Família deixará de existir e será substituído pelo Auxílio Brasil, iniciativa apontada como uma das principais apostas do presidente para tentar recuperar sua popularidade e buscar a reeleição em 2022.
Bolsonaro fala sobre mudança do Bolsa Família para Auxílio Brasil
Em relação ao aumento nas parcelas do Bolsa Família prometido com a criação do Auxílio Brasil, Bolsonaro disse que a medida é possível, mas depende da aprovação da chamada “PEC dos Precatórios” no Congresso Nacional.
Na última semana, o ministro da Cidadania, João Roma, anunciou um reajuste de 20% para o programa a partir de novembro, o que fará com que o valor médio do benefício seja de R$ 230 por mês.
Além disso, o ministro também afirmou que o Auxílio Brasil terá um benefício extra provisório que garantirá parcelas de no mínimo R$ 400 para os beneficiários. Entretanto, esse valor só deve ser pago durante o ano de 2022, e não valerá quando o programa entrar em vigor no mês que vem.
Outra promessa do governo é aumentar o número de famílias atendidas pelo Bolsa Família de 14,7 milhões para 17 milhões com o Auxílio Brasil, o que zeraria a fila de espera do programa.
Entretanto, a estimativa é que estas mudanças custem R$ 84,7 bilhões aos cofres públicos em 2022, ano de eleição presidencial. Para colocar o programa em prática, a equipe econômica do governo já admite furar o teto de gastos, regra que impede despesas acima da inflação do ano anterior.
A proposta do governo de aumentar o Bolsa Família mostra uma mudança de postura de Bolsonaro em relação ao programa assistencial. Quando era deputado, Bolsonaro comparava o programa à compra de votos, chegando a chamar o benefício de “bolsa-farelo” para manter o PT no poder e a dizer que “pobres coitados” e “ignorantes” recebiam para se tornar “eleitores de cabresto” do partido.