Com o preço alto da gasolina, o que é mais vantajoso: carro próprio ou aplicativos como Uber e 99?

Marina Darie

10/11/2021

O preço alto da gasolina não para de aumentar. De acordo com um levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor médio do combustível  nos postos teve alta 2,25% na semana passada e chegou a R$ 6,710 o litro. No Rio Grande do Sul, foi verificado um dos maiores preços: R$ 7,999. Esse é o quinto aumento consecutivo.

Na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro conversou com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada sobre o crescimento constante do combustível. Ele eximiu o Governo Federal da culpa e afirmou que o aumento para os consumidores é causado pelo ICMS, um imposto de responsabilidade estadual.

Sobre combustível. Se entrar em detalhes, como é o combustível no Brasil. Custa R$ 2,30 a gasolina (na Petrobras) e chega a R$ 7 na ponta. A culpa é minha?”, questionou o presidente.

Incentivos aos motoristas de aplicativos

Com o alto preço da gasolina, vale mais a pena ter um veículo ou usar aplicativos de mobilidade?
Com o alto preço da gasolina, vale mais a pena ter um veículo ou usar aplicativos de mobilidade? (Imagem: Jackson David / Pexels)

Neste cenário, de preço alto da gasolina, muitos motoristas de aplicativos não sentem que a profissão vale a pena. A pandemia de covid-19, que diminuiu o número de corridas, piorou ainda mais a situação.

Dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla), apontam que antes do início dos casos do novo coronavírus no Brasil, 200 mil veículos eram alugados para fins profissionais. Hoje, são cerca de 170 mil veículos utilizados por motoristas.

Empresas de mobilidade têm tentado cativar os profissionais, para que eles não deixem as plataformas. O Uber reajustou a taxa de repasse aos colaboradores em 35%, na região de São Paulo, para viagens feitas no UberX. Ele também está com promoções para evitar que motoristas cancelem as corridas.

Já a 99 anunciou o aumento do repasse de 10% a 35% em capitais, como São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Goiânia, Fortaleza, Florianópolis, Salvador, São Luís, Maceió e João Pessoa. Em alguns horários, com o programa chamado Taxa Zero, a taxa do aplicativo é nula.

Com o preço alto da gasolina, o que fica mais barato?

Se os motoristas de aplicativos não estão satisfeitos com o preço alto da gasolina, como ficam os consumidores? A reclamação dos preços altos das corridas no Uber e 99 é constante. Dessa forma, quando é válido utilizar os apps? É melhor ter um veículo próprio ou utilizar os serviços de mobilidade constantemente?

Para tomar essa decisão, é necessário colocar tudo na ponta do lápis. O consumidor precisa verificar quais são os trajetos que ele faz diariamente, quais são as distâncias percorridas, se os familiares precisam de caronas, como no caso de crianças e idosos e se viagens são realizadas constantemente.

Além disso, é preciso calcular os custos de ter um veículo, como seguro, parcelas do financiamento, IPVA, revisões, multas e consertos. Tudo isso precisa ser colocado na balança. De uma forma geral, que vai para poucos destinos em um dia, ou até 300 km em um mês, pode se beneficiar de utilizar somente os aplicativos de carona, como Uber e 99.

Para as pessoas que moram longe do trabalho, por exemplo, e precisam fazer diversas tarefas diárias, rodando mais de 10 km por dia, possuir um veículo ainda é mais vantajoso, mesmo com todos os outros custos que isso envolve.

Preço alto da gasolina e inflação

Um estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) em outubro, mostra que com o preço alto da gasolina, etanol e gás natural (GNV), a inflação para os motoristas brasileiros chega a 18,46% no acumulado em 12 meses.

De acordo com o levantamento, a gasolina subiu 40,46% desde novembro de 2020. Neste mesmo período, o  etanol registrou alta de 64,45% e o GNV, 37,11%. Além disso, o preço dos itens envolvidos com aquisição e manutenção de veículos também foram envolvidos no cálculo da inflação.

A indústria automotiva teve um grave problema ao longo desse ano com escassez de matéria-prima para fabricação de chapas, peças e acessórios, o que causou praticamente uma ausência de automóvel e motocicleta novos e encareceu o processo de produção, elevando o preço ao consumidor.

As peças e acessórios no mercado secundário seguiram obviamente a mesma tendência derivada do mesmo problema. E os automóveis usados tiveram um aumento de demanda, como consequência dos automóveis novos em menor número e mais caros no mercado”, explica Matheus Peçanha, pesquisador do Ibre.

Marina Darie
Escrito por

Marina Darie

Formada em Jornalismo pela PUCPR. Atualmente está cursando Pós Graduação em Questão Social e Direitos Humanos na mesma instituição de ensino. Tem paixão por informar as pessoas e acredita que a comunicação é uma ferramenta que pode mudar o mundo!

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