Petroleiros vendem botijão de gás a R$ 50 em ação popular no Rio de Janeiro
Nessa quinta-feira (08/07), petroleiros de diferentes organizações se uniram para realizar uma ação popular para moradores de um conjunto habitacional na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Na ação, os sindicalistas venderam gás de cozinha por R$ 50, bem abaixo do preço médio do botijão na capital fluminense.
Em junho, antes da Petrobras anunciar um novo aumento para gasolina, diesel e gás de cozinha, o produto custava em média R$ 77,38 no Rio de Janeiro. Comparado a esse valor, o preço do botijão estava 64,61% mais barato na ação popular dos petroleiros.
A iniciativa foi realizada em parceria entre a Federação Única dos Petroleiros (FUP), o Sindicados dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e do Sindipetro de Duque de Caxias, e aconteceu no maior conjunto habitacional do Rio, o Dom Jaime Câmara, que atravessa os bairros de Bangu e Padre Miguel.
Apesar de a ação ter começado às 11 horas da manhã, os moradores começaram a formar fila para pegar senha antes da 6h. Ao todo, mais de 600 pessoas compareceram para aproveitar a iniciativa, e os 350 botijões disponíveis acabaram rápido.
Por conta disso, quem teve a sorte de conseguir o botijão com desconto comemorou. Foi o caso de Rosimar Ramos, que está desempregada e precisa vender sacolé para comprar o básico. Segundo ela, a situação está bastante difícil para os moradores da comunidade.
O “conjuntão”, como também é conhecido o Dom Jaime Câmara, tem mais de 58 mil habitantes, segundo a associação de moradores, e já foi considerado o maior conjunto habitacional da América Latina.
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Ação popular não foi a primeira realizada por petroleiros
A campanha conhecida como “Combustíveis a Preço Justo” já foi realizada diversas vezes pela FUP. Apenas em 2021, os sindicalistas já ofertaram mais de 2 mil botijões de 13 quilos por um preço médio de R$ 40 na capital fluminense.
O cálculo do chamado “preço justo” acontece com base em especialistas do setor, e um dos objetivos da ação é expor os problemas da política de reajustes dos combustíveis que a Petrobras aplica desde 2016, considerando os efeitos do dólar e da cotação no mercado internacional.
Segundo os petroleiros, os valores cobrados são muito altos, pois a empresa usa majoritariamente o petróleo produzido no Brasil. Dessa forma, os sindicalistas defendem que a Petrobras adote um política que considere os custos nacionais de produção.
Para o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, a política de preços do atual governo prejudica principalmente os mais pobres. Bacelar esteve presente na ação popular dos petroleiros desta quinta e destacou que a população de baixa renda não consegue pagar pelo gás de cozinha com os reajustes quase mensais.
Com desemprego recorde, sem trabalho por causa da pandemia e com um auxílio emergencial pífio, como alguém pode pagar até R$ 130 por um botijão de gás? Tem gente usando lenha e até álcool para cozinhar”, afirmou Bacelar em entrevista ao Extra.
Segundo o sindicalista, é possível evitar os reajustes que a atual gestão da Petrobras tem aplicado no preço dos combustíveis se os custos nacionais de produção forem considerados. Isso porque 90% dos derivados de petróleo consumidos pelos brasileiros são produzidos no próprio país.
Aumento no preço do botijão de gás
Entre janeiro e junho de 2021, o preço do botijão de gás já aumentou 13,75% no Brasil, e fechou o primeiro semestre custando em média R$ 87,43. Com este valor, o gás de cozinha compromete 7,95% do salário mínimo, que atualmente é de R$ 1.100.
Mas em comparação com valores do ano passado, o salto no preço do gás de cozinha é ainda maior. Um ano atrás, em junho de 2020, o valor médio do botijão de 13kg era R$ 69,58. Ou seja, o preço subiu quase R$ 20 em apenas 12 meses.
Além disso, há locais onde o valor aparece bem acima da média nacional. Na região Centro-Oeste, por exemplo, o botijão de gás chegou a ser encontrado por R$ 130 no último mês de junho.
Com tantas altas no gás de cozinha e em outros itens essenciais do dia a dia do brasileiro, o salário mínimo está bem longe do valor considerado ideal. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), o mínimo deveria ser de R$ 5.421,84 para sustentar uma família de quatro pessoas.