Brasileiros guardam menos dinheiro para financiamento de imóveis


Levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) revela que no último semestre a poupança perdeu uma posição no ranking brasileiro de investimentos com mais dinheiro aplicado, o que também influencia no financiamento de imóveis no país.

Isso porque a poupança é a maior fonte de recursos para o crédito imobiliário no Brasil, responsável por mais da metade do valor da carteira total do setor no primeiro semestre do ano.

Por conta disso, a queda da poupança no mercado de investimentos pode causar efeitos não só nos financiamentos imobiliários, como também na geração de empregos do setor de construção civil.

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Poupança é ultrapassada pela renda variável e pode afetar setor imobiliário. Foto: Reprodução/Canva

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Queda da poupança no ranking de investimentos

No primeiro semestre de 2021, a poupança perdeu a segunda colocação no ranking de valor de investimentos para a renda variável, que inclui fundos imobiliários, Bolsa de Valores, ETFs, entre outras ações.

Com isso, a poupança ocupa agora o terceiro lugar do mercado que segue sendo liderado pelos demais produtos de renda fixa, como fundos DI e Tesouro Selic, com 33,9% do valor aplicado no país.

De acordo com os dados da Anbima, esta foi a primeiro vez que a poupança ficou abaixo da renda variável no valor total de investimentos. Dos R$ 4,4 trilhões aplicados no Brasil no primeiro semestre, a participação da poupança foi de 22,2%, enquanto a da renda variável foi de 22,6%.

Em reais, a poupança perdeu pouco mais de R$ 3 bilhões em investimentos entre dezembro de 2020 e junho de 2021, fechando o semestre com R$ 980,5 bilhões.

Mesmo entre os pequenos investidores, onde a poupança ainda aparece como líder do ranking, ela também perdeu espaço. Em junho, a caderneta respondia por 36,9% dos R$ 2,7 trilhões aplicados por parte dos investidores de varejo. Em 2020, o percentual era de 38,8%.

Vale lembrar que a poupança também é um investimento de renda fixa. No entanto, o levantamento da Anbima separa a caderneta dos outros investimentos dessa modalidade para destacar o seu papel.

Por que a poupança está em queda?

Segundo especialistas, são dois fatores que estão diminuindo o interesse dos brasileiros em guardar dinheiro na poupança:

  • Juros baixos – apesar de o Banco Central ter começado a subir a taxa básica de juros (Selic), que atualmente está em 5,25% ao ano, o nível é o mais baixo desde 2016. Com isso, o rendimento da poupança fica em apenas 3,8% ao ano, menor do que a inflação. Dessa forma, guardar dinheiro na poupança faz o investidor perder poder de compra;
  • Opções mais atrativas no mercado – ao mesmo tempo em que a famosa caderneta rende pouco, o mercado brasileiro vem tendo cada vez mais aplicações disponíveis nos últimos anos. Além disso, as novas opções têm vantagens como plataformas online que facilitam os investimentos em ações e fundos que rendem mais do que a poupança.

Por outro lado, com os juros voltando a subir, o mercado já estima uma alta de até 8% na taxa Selic ainda em 2021, o que melhora o rendimento da poupança.

Com isso, a migração de dinheiro aplicado na poupança e demais produtos de renda fixa para os de renda variável pode desacelerar.

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Efeitos no financiamento de imóveis

A cada R$ 100 depositados em uma conta poupança SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo, modalidade mais comum), os bancos têm que destinar R$ 75 para o financiamento de imóveis.

Ao fim do primeiro semestre, a carteira total de crédito imobiliário no Brasil era de R$ 782 bilhões. Desse total, R$ 418 bilhões eram da poupança, ou seja, 54% do valor.

Sendo assim, quanto menos dinheiro aplicado na poupança, menor o crédito disponível para financiar casas e apartamentos. Conforme destaca a presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), Cristiane Portella, isso mostra a importância da caderneta para a economia brasileira.

Segundo Cristiane, o mercado imobiliário representa 10% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, e é fundamento para o crescimento econômico e a geração de empregos.

Dessa forma, a poupança tem hoje um papel muito importante para evitar que o setor imobiliário não diminua ainda mais. Por isso, o vice-presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Jhon Wine, não é saudável ver a poupança diminuir muito.

Fonte: UOL.

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.