400 mil pessoas na fila do Bolsa Família não receberam auxílio emergencial e estão na fila desde 2020

Felipe Matozo

14/06/2021

O Governo Federal deixou de fora dos novos pagamentos do Auxílio Emergencial um terço das famílias que estão na fila de espera do Bolsa Família. Com isso, mais de 400 mil famílias abaixo da linha de pobreza e extrema pobreza estão sem receber nem um benefício nem outro, segundo informações da Folha de S. Paulo.

Estas famílias estão na fila de espera do Bolsa Família desde o início do ano, antes dos novos pagamentos do auxílio emergencial começarem.  São pessoas que apresentaram documentação mostrando ter direito ao benefício e receberam a confirmação do Ministério da Cidadania, mas nunca tiveram acesso à renda do programa assistencial.

O número de famílias que aguardavam na fila em março era de aproximadamente 1,2 milhão. Quando o governo passou a dar prioridade para o auxílio, em abril, mais de um terço das pessoas desta lista também ficou sem acesso ao benefício emergencial, apesar da necessidade.

fila auxílio emergencial

Imagem: Hugo Barreto/Metrópoles

Vale lembrar que desde o fim de 2019 o governo Jair Bolsonaro (sem partido) promete uma ampliação do Bolsa Família. Entretanto, sem colocar o discurso em prática, o governo observa um acúmulo de famílias na fila de espera desde o início do atual mandato. Durante o governo Michel Temer (MDB), esta mesma lista havia sido zerada.

Enquanto 400 mil pessoas desta fila não recebem nem o auxílio emergencial, o governo deixou de usar mais de R$ 1 bilhão da verba disponível para o benefício. Integrantes da equipe econômica afirmam que querem usar esta parte excedente para pagar parte da prorrogação do auxílio, que deve ser estendido até setembro.

No entanto, o prolongamento do benefício não prevê um aumento significativo de beneficiários. Neste ano, o auxílio emergencial foi planejado para atender 45,6 milhões de famílias, mas a primeira parcela foi paga a 39,1 milhões.

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Fila de espera geral chega a 885 mil pessoas

Se considerarmos o público geral, e não apenas a fila de espera do Bolsa Família, o número de pessoas esperando uma resposta sobre auxílio emergencial já chega a 885 mil, segundo o Ministério da Cidadania.

Esta lista diz respeito às pessoas que contestaram o resultado negativo há dois meses e ainda não sabem se receberão ou não. A fila inclui beneficiários das rodadas de pagamento do auxílio emergencial de 2020 que tiveram o benefício cancelado neste ano.

Vale lembrar que em 2021 o número de beneficiários atendidos e o valor das parcelas caíram significativamente. No ano passado, mais de 67 milhões de pessoas receberam o auxílio que teve pagamento inicial de R$ 600.

Enquanto isso, em 2021 o valor ficou entre R$ 150 e R$ 375 e foi pago a 39,1 milhões de famílias, menos do que as 45,6 milhões previstas. O valor mais alto das atuais parcelas do auxílio emergencial, pago a mães chefes de família, compra pouco mais da metade de uma cesta básica em São Paulo.

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Quem pode receber o auxílio emergencial 2021?

Como se trata de uma prorrogação do programa, o auxílio emergencial 2021 é pago a quem já recebeu o benefício no ano passado. Entretanto, como já vimos, nem todos os beneficiários de 2020 tiveram direito às parcelas deste ano.

Além deste critérios, é preciso atender outros requisitos para receber o benefício?

  • Não ter emprego formal (com carteira assinada);
  • Ser trabalhador informal ou beneficiário do Bolsa Família;
  • Ter renda familiar mensal de até meio salário mínimo (R$ 550) por pessoa, desde que a renda total do grupo familiar não ultrapasse três salários mínimos (R$ 3.300);
  • Não receber benefícios do INSS ou de programa de transferência de renda do governo federal, exceto o Bolsa Família;
  • Ter mais de 18 anos, exceto mães adolescentes.

Como consultar o auxílio emergencial?

Para saber se o auxílio emergencial foi liberado, é possível consultar o benefício em três canais diferentes:

  • Dataprev – no serviço de consulta da Dataprev é possível consultar mais detalhes sobre a situação, inclusive o motivo da negativa. Basta informar o CPF, nome completo, nome da mãe e data de nascimento para seguir com a consulta;
  • Caixa Econômica Federal – basta acessar a página do auxílio no site da Caixa e informar os mesmos dados da alternativa acima;
  • Por Telefone – para quem preferir uma consulta por telefone, basta ligar para o número 111 e informar os dados pessoais.

Fonte: Folha de S. Paulo.

Felipe Matozo
Escrito por

Felipe Matozo

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.

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