Invasão na Ucrânia: Como a possibilidade de uma guerra provocada pela Rússia pode interferir nas suas finanças

Alexandre G. Peres

24/02/2022

Na madrugada desta quinta-feira (24), conforme o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já estava alertando desde janeiro, a Rússia invadiu a Ucrânia com o pretexto de defender rebeldes pró-Moscou nas províncias de Luhansk e Donetsk, mas explosões e trocas de tiro estão acontecendo ao longo de todo o território ucraniano. Com a iminência de uma possível, embora improvável, Terceira Guerra Mundial, muitos estão se perguntando: como a invasão da Ucrânia vai influenciar a economia brasileira e interferir nas finanças dos brasileiros?

Impacto da invasão na Ucrânia na economia brasileira

O primeiro sintoma econômico da invasão da Ucrânia pela Rússia foi sentido por bolsas de valores ao redor do mundo, que despencaram vertiginosamente. A Bolsa de Frankfurt, por exemplo, caiu 5%. Já a Bolsa de Moscou, antes de ser congelada pelo governo, chegou a despencar 45% na manhã desta quinta-feira.

A Ibovespa (atualmente em 109.341,13 pontos, o que significa uma queda de 2,38%) já sentiu o impacto da invasão de Vladimir Putin à Ucrânia: hoje, o dólar subiu quase 3%, chegando a R$ 5,0037.

Tanques entram em Mariupol após Vladimir Putin autorizar invasão da Ucrânia (Imagem: Carlos Barria/REUTERS)

Tanques entram em Mariupol após Vladimir Putin autorizar invasão da Ucrânia (Imagem: Carlos Barria/REUTERS)

Além do impacto nas bolsas de valores, a invasão da Ucrânia também vai produzir, especialmente se durar bastante tempo e se o conflito se agravar, uma piora da inflação.

A Rússia é a maior fornecedora de petróleo no continente europeu. Além disso, também abastece o restante da Europa com gás natural, o que significa que vários países europeus, como a Alemanha, são dependentes da Rússia para a geração de energia. Já a Ucrânia é responsável em grande parte pelo abastecimento de grãos, especialmente milho e trigo.

Deixando de produzir e exportar estes produtos, o preço vai certamente subir pela baixa oferta. Prova disso é que o preço do barril de petróleo ultrapassou hoje US$ 100 pela primeira vez desde 2014. E atividade estagnada e preços mais altos fragilizam a economia, pois a inflação exige mais juros, e mais juros dificultam o crescimento do país.

Além disso, pelo fato de ser uma das maiores exportadoras de petróleo do mundo, economistas indicam que, caso o preço do barril do petróleo fique acima de US$ 125 ao longo de dois trimestres seguidos, o PIB global em 2022 poderá ter uma retração de 0,5%.

Como isso afeta a vida dos brasileiros?

Há grandes chances de o brasileiro sentir no bolso, muito em breve, os efeitos da invasão da Ucrânia pelo exército russo. Pelo preço do barril de petróleo ter ultrapassado US$ 100, a Petrobras muito em breve deve anunciar um reajuste no preço dos combustíveis — e o combustível é justamente um dos principais responsáveis pela inflação elevada no Brasil.

Já a queda da exportação de commodities agrícolas, como trigo e milho (Ucrânia e Rússia exportam juntas cerca de 30% do trigo comprado pelo mundo, por exemplo), também pode levar a um aumento no preço dos alimentos. A boa notícia é que esse aumento deve ser pequeno, já que 85% da importação de trigo do Brasil vem da Argentina e apenas uma pequena parcela vem da Ucrânia.

Outro problema relacionado à agricultura é que a Rússia é a principal exportadora de fertilizantes para o Brasil. Caso a Rússia cesse a exportação, seja por problemas internos, seja pelo Brasil tomar o lado oposto no conflito, a produção agrícola no país pode ser afetada, o que resultaria em um aumento geral no preço dos alimentos.

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Alexandre G. Peres
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Alexandre G. Peres

Editor, redator e revisor da WebGo Content, graduado em Letras – Português/Inglês. Tem experiência com redação, revisão e editoração de textos para Web.