Em 75% das cidades brasileiras há tentativas de escolher vacina da covid


Com o início da vacinação do Brasil, um fenômeno inédito surgiu: os sommeliers de vacinas. Esse termo, sommelier, é o nome dado para profissionais especializados em bebidas alcoólicas, que trabalham em restaurantes, por exemplo. No caso da imunização, o apelido foi dado para pessoas que querem escolher qual vacina contra a covid-19 vão tomar. 

De acordo com um levantamento feito pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) divulgado nesta sexta-feira, 75,5% das cidades brasileiras já registraram algum caso de cidadão querendo escolher vacina na hora de receber o imunizante. 

A pesquisa foi feita entre os dias 12 e 15 de julho com 5,5 mil prefeitos. 

O estudo realizado na semana anterior, mostra que está em alta os registros de sommelier de vacinas. Na semana passada, 70% dos municípios tinham esse tipo de ocorrência.

Quais são as vacinas mais rejeitadas?

Entenda por que pessoas querem escolher vacina e como isso é prejudicial
75,5% dos municípios brasileiros registraram casos de pessoas que querem escolher vacina. (Imagem: Tânia Rêgo / Agência Brasil)

A vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan no Brasil, é a mais rejeitada entre os brasileiros. Em seguida, aparece a Astrazeneca/Oxford, feita nacionalmente pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 

Os imunizantes americanos da Pfizer e Janssem são os menos rejeitados. Os índices de rejeição delas são, respectivamente, de 1,9% e 3,3%. 

Por que as pessoas querem escolher vacina da covid?

Na hora de se imunizar para a covid-19, as pessoas querem tomar a vacina mais eficaz, que cause menos efeitos adversos e seja mais aceita internacionalmente. 

No caso da Coronavac, há uma desconfiança porque alguns países da Europa sugeriram que não vão aceitar brasileiros vacinados  com esse imunizante.

Ainda sim, a Organização Mundial da Saúde (OMS), aprovou a vacina para uso emergencial, o que significa que ela pode ser incorporada ao consórcio Covax Facility, para distribuição para vários países do mundo. 

A vice-diretora geral da área de Medicamentos, Vacinas e Produtos Farmacêuticos da OMS, Mariângela Simão, também já afirmou que brasileiros que tomaram a Coronavac vão poder circular pela Europa tranquilamente. 

Todas as vacinas que forem aprovadas para uso emergencial pela Organização Mundial da Saúde vão ser autorizadas a entrar pelo menos no espaço da União Europeia. Essa é a única região que já estabeleceu quais vão ser as suas regras”, disse ela em entrevista para a CNN no início de julho. 

Um estudo feito pelo Instituto Butantan no município de Serrana (SP), em que 75% da população foi vacinada com a vacina Coronavac, mostra novos dados positivos sobre a eficácia do imunizante: 

  • Os casos sintomáticos de Covid-19 caíram 80%;
  • As internações diminuíram  86%;
  • Mortes sofreram queda de 95%. 

Com relação a vacina Astrazeneca/Oxford, produzida pela Fiocruz no Brasil, muitas pessoas relatam ter medo dos efeitos colaterais, que podem ser: 

  • Sensibilidade no local da injeção; 
  • Dor, dor de cabeça e fadiga;
  • Mal-estar;
  • Febre e calafrios;
  • Dor nas articulações e náuseas.

Apesar da possibilidade de existirem esses sintomas após a aplicação da dose, que são mais intensos após a primeira dose, eles passam em poucos dias. 

É importante ressaltar que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a imunização dos brasileiros com essa vacina. Apenas alguns grupos não são recomendados a tomá-la. Eles são:

  • Pessoas com hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes da vacina: L-histidina, monoidrato de cloridrato de L-histidina, hexaidrato de cloreto de magnésio, polissorbato 80, etanol, sacarose, cloreto de sódio, edetato dissódico di-hidratado e água para injetáveis;
  • Pessoas que sofreram de trombose venosa e/ou arterial grave com trombocitopenia tomarem qualquer vacina contra a Covid-19. Nesse caso, as pessoas não devem receber uma segunda dose da vacina da AstraZeneca;
  • Pacientes com histórico de trombocitopenia e trombose induzidas por heparina.

Estudos publicados sobre a vacina Oxford-AstraZeneca mostram que a eficácia geral dela é de 82%.

Prefeituras agem contra quem quer escolher vacina da covid

Diversas prefeituras no Brasil resolveram tomar medidas drásticas contra os sommeliers de vacina. Quem tentar escolher qual imunizante tomar no posto de saúde, vai para o final da fila de imunização, ou seja, só vai receber as doses depois que toda a faixa etária de 18 anos estiver protegida. 

Isso foi feito em Goiânia (GO), São Caetano do Sul (SP), Recife (PE), Criciúma (SC), Juruaia (SC) e Varginha (MG), por exemplo. 

De acordo com as prefeituras que resolveram fazer isso, a prática de sommelier de vacina é irresponsável, atrasa o processo de imunização e acaba prejudicando quem realmente quer se imunizar. 

Fontes: G1,CNN e Instituto Butantan

Formada em Jornalismo pela PUCPR. Atualmente está cursando Pós Graduação em Questão Social e Direitos Humanos na mesma instituição de ensino. Tem paixão por informar as pessoas e acredita que a comunicação é uma ferramenta que pode mudar o mundo!