70% da famílias brasileiras estão endividadas e atinge o maior percentual em 11 anos

Felipe Matozo

01/07/2021

O número de famílias endividadas no Brasil é o maior desde 2010. É o que indica a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), revelando que 69,7% das famílias brasileiras encerraram o primeiro semestre do ano com dívidas.

Segundo o estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice foi 1,7% maior do que o observado em maio, e 2,5% acima do percentual de junho do ano passado. Além disso, o número de inadimplentes também aumentou pela segunda vez consecutiva.

Entre as famílias brasileiras que fecharam o semestre endividadas, 10,8% afirmam que não têm condições de pagar suas contas ou dívidas e continuarão na inadimplência. O índice é 0,3% maior que o de maio e 0,8% menor que o de junho de 2020.

famílias endividadas

Maioria das famílias brasileiras fechou o semestre com dívidas. Foto: Reprodução/Canva

As famílias com renda menor são as mais afetadas, mas as que ganham acima de 10 salários mínimos também atingiram níveis recordes de endividamento.

No caso das famílias que ganham até 10 salários mínimos, 70,7% fecharam o semestre endividadas. No mesmo período do ano passado, o índice estava em 68,2%.

Já em relação às famílias com renda superior a 10 salários mínimos, a alta no endividamento entre um ano e outro foi ainda maior, de 60,7% em junho de 2020 para 65,5% em 2021. Ou seja, mesmo entre as famílias com orçamento bem acima da média, a maioria está endividada.

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Principais motivos para as famílias brasileiras estarem endividadas

Segundo o presidente da CNC, José Roberto Tadros, a pandemia vem comprometendo o orçamento das famílias brasileiras. Tadros destaca que fatores a inflação mais elevada e a queda no valor do auxílio emergencial, que em várias capitais cobre apenas metade de uma cesta básica, são responsáveis por este cenário.

Ainda que os indicadores de inadimplência se encontrem mais baixos na comparação anual, os números mostram que as famílias têm se endividado mais ao longo do ano para conseguir manter algum nível de consumo, respaldadas por uma frágil segurança no mercado trabalho, e preços mais altos dos itens de primeira necessidade”, explicou em entrevista ao G1.

De acordo com a pesquisa, o número de famílias que afirma que o cartão de crédito é o principal tipo de dívida atingiu nível recorde. Ao todo, 81,8% das famílias indicam o cartão como maior vilão, e no caso das famílias com renda de mais de 10 salários mínimos o índice chega a 82,6%.

Outras dívidas que também se destacam na pesquisa da CNC entre as mais procuradas são as que envolvem crédito pessoal, financiamento de carro e carnês de lojas.

Recentemente, um levantamento do Serasa indicou que 22% das dívidas dos brasileiros surgiram por falta de pagamento de contas básicas. Conforme estes dados, dois em cada dez brasileiros não conseguem pagar em dia boletos de água, energia e gás, e muitos precisam escolher um por mês para quitar e evitar o corte no serviço.

Além do já citado Auxílio Emergencial, que não é suficiente para as contas básicas, o desemprego também aparece como um dos principais responsáveis por isso. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), o índice de desemprego atingiu nível recorde no trimestre móvel encerrado em abril, com 14,8 milhões de brasileiros fora do mercado de trabalho.

Como renegociar dívidas

A Serasa recomenda que os consumidores negociem os valores pendentes para evitar que as dívidas se acumulem e se transformem em uma bola de neve.

Para ajudar nessa situação, a própria entidade oferece o “Serasa Limpa Nome”, onde as pessoas conseguem negociar suas dívidas com descontos de até 90%.

Para aproveitar os recursos do programa, basta acessar o site do Serasa Limpa Nome e consultar suas dívidas e ofertas de renegociação. Com a plataforma, é possível fechar acordos em menos de 3 minutos.

Mas para renegociar uma dívida, é importante considerar algumas dicas para não enfrentar problemas. Uma das principais recomendações é não aceitar parcelas que comprometam mais de 30% da renda, pois o risco de não dar conta das prestações é maior.

Além disso, também é recomendado acertar primeiro as contas essenciais, como aluguel, energia, água e gás. Dívidas com plano de telefone, cartão de crédito e plano de saúde também podem ser tratadas com prioridade.

Especialistas também recomendam frequentar outros feirões de negociação, além do Serasa Limpa Nome, e pesquisar ofertas e condições de diferentes bancos.

Fonte: G1.

Felipe Matozo
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Felipe Matozo

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.