Reabertura de escolas é seguro? Pesquisas dizem que não
Levantamento de pesquisadores que monitoram as políticas de enfrentamento da pandemia de Covid-19 em todo o país aponta que a reabertura de escolas ainda não é uma medida segura.
Os especialistas ligados à Rede de Pesquisa Solidária analisaram medidas de segurança adotadas pelo governo federal e também pelos estados e capitais em relação à volta as aulas, e concluíram que, de modo geral, elas são insuficientes.
O grupo de pesquisadores examinou documentos como decretos, portarias e comunicados oficiais e criou um Índice de Segurança do Retorno às Aulas Presenciais (ISRAP). O índice atribui notas de 0 a 100 para comparar as medidas dos governantes, sendo que quanto maior a nota, maior a aproximação das políticas com as recomendações das autoridades de saúde.
De acordo com os critérios do ISRAP, os governos estaduais se saíram melhor na comparação entre as esferas de poder. As políticas dos estados e do Distrito Federal receberam nota 57 pelo índice, enquanto as prefeituras das capitais tiveram nota 48 e o governo federal apareceu com a menor pontuação, 41.
Na comparação entre os estados, Sergipe, Ceará e Pernambuco se destacaram com as melhores medidas para reabertura de escolas, e atingiram mais de 75 pontos na escala do ISRAP. Enquanto isso, Rio de Janeiro, Roraima e Amapá tiveram notas menores do que a do governo federal.
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Medidas de segurança não são suficientes
Os pesquisadores analisaram providências tomadas por União, estados e municípios desde o início do ano e encontrou falhas nos protocolos de retomada das aulas presenciais.
De acordo com a análise, um dos principais problemas foi a falta de coordenação entre o governo federal e quem está na linha de frente do combate ao novo coronavírus. Isso fez com que muitos governadores e prefeitos investissem em políticas ineficazes, ao invés de ações que pudessem oferecer mais proteção às escolas.
Além disso, o governo federal também adotou políticas menos rigorosas do que os governos locais, na média. Um dos pontos mais problemáticos foi a falta de orientação para medidas de distanciamento nas salas de aula e para testar alunos e profissionais, o que ajuda a rastrear casos de infecção.
Mas os governos locais também deixaram a desejar nas políticas de reabertura de escolas, segundo os pesquisadores. Entre os motivos para críticas dos especialistas, está a ênfase para medidas menos efetivas para combater a Covid-19, como compra de termômetros e limpeza de superfícies, em vez de testes e distribuição de máscaras de qualidade.
Segundo Lorena Barberia, cientista política da USP e coordenadora do grupo que criou o ISRAP, é preciso melhorar as medidas de prevenção para a reabertura das escolas.
Ainda que o risco de infecções graves em crianças seja baixo, deve demorar para que sejam incluídas na campanha de vacinação, e é por isso que precisamos de protocolos melhores”, disse ela em entrevista à Folha de S. Paulo.
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Reabertura das escolas
Apesar dos riscos, aos poucos as aulas presenciais vão voltando em todo o país. Em São Paulo, por exemplo, o governo estadual anunciou que escolas poderão voltar a receber mais de 35% dos alunos por dia a partir de agosto. Além disso, haverá redução nos limites de distanciamento.
Por outro lado, São Paulo também antecipou a vacinação dos profissionais de educação, medida considerada como uma das mais efetivas para a reabertura das escolas acontecer de forma mais segura. As políticas de imunização de trabalhadores das escolas, inclusive, foram as únicas que receberam nota máxima do índice.
No entanto, mesmo com a vacinação, os especialistas destacam a necessidade de outros cuidados. E é justamente a falta destas ações que chamam a atenção na análise dos pesquisadores.
A distribuição de máscaras de alta qualidade nas escolas, do tipo N95 ou PFF2, por exemplo, só está prevista em protocolos de duas capitais e um estado. Conforme destaca o pesquisador Luiz Canterelli, há muitas medidas simples e que não implicam em custos que vêm sendo negligenciadas em diversos lugares.
De acordo com o estudo, as políticas adotadas pelos governos locais são muito diferentes entre si, e os pesquisadores afirmam que isto mostra como falta coordenação entre as autoridades.
Fonte: Folha de S. Paulo.