Pazuello tem familiares que recebem Auxílio Emergencial indevidamente
Ao menos três familiares do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, receberam o auxílio emergencial, inclusive uma filha. É o que revela uma matéria do Metrópoles, com base em dados do Portal da Transferência, administrado pela Controladoria-Geral da União (CGU).
O caso da filha de Pazuello já havia sido revelado em julho do ano passado, quando o general ainda era ministro do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). Durante sua gestão no Ministério da Saúde, Stephanie dos Santos Pazuello recebeu R$ 2,4 mil de auxílio emergencial, em duas parcelas pagas em abril e julho.
A filha mais velha do ex-ministro, de 35 anos, teve acesso à parcela mais alta do Auxílio Emergencial (R$ 1.200), que era paga a mães solo. Na época, a reportagem do jornal O Globo apurou que o nome de Stephanie já constava como bloqueado pelo Ministério da Cidadania devido a inconsistências no cadastro.
Atualmente, a filha de Pazuello ocupa um cargo por indicação na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Desde janeiro, Stephanie está registrada como assistente da secretaria, cargo com salário inicial de R$ 1.884.
Quando o caso foi revelado, em julho de 2020, ela tinha um cargo comissionado na Rio Saúde, empresa pública da prefeitura, e recebia um salário de R$ 7.171. Mas o auxílio emergencial que Stephanie Pazuello recebeu naquele mês foi referente a maio, antes de ela ocupar o cargo por indicação na empresa.
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Sobrinhos de Pazuello também receberam Auxílio Emergencial
Além da filha mais velha, o ex-ministro tem dois sobrinhos que tiveram acesso indevido ao programa assistencial voltado a pessoas de baixa renda que enfrentam dificuldades durante a pandemia.
Os dois são filhos de Cynthia Pazuello, que além de irmã do general também atua como administradora das empresa da família. Para a Receita Federal, Cynthia declara ter capital social de R$ 1,2 milhão.
Apesar de morar com a mãe milionária, David Pazuello Franco de Sá recebeu R$ 4,2 mil de auxílio emergencial em 2020. Ao todo, o sobrinho do ex-ministro teve acesso a 9 parcelas do benefício, entre os meses de abril e dezembro.
David tem 25 anos, é técnico em informática e mora com a mãe em um condomínio na área nobre de Manaus: o Monte Líbano, que fica na rua Efigênio Salles. Vale lembrar que para ter direito ao auxílio emergencial, era preciso ter renda de no máximo meio salário mínimo por pessoa da família, o que no ano passado equivalia a R$ 522,50.
Além dele, uma de suas irmãs também recebeu de forma indevida o benefício destinado a famílias carentes. Mas o caso de Raquel Pazuello Silva é ainda mais grave, pois ela mora na Califórnia, nos Estados Unidos.
No total, Raquel sacou R$ 3,3 mil em recursos do auxílio emergencial, recebendo sete parcelas entre julho e dezembro do ano passado. Os pagamentos que a engenheira elétrica formada pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas) recebeu variaram de R$ 300 a R$ 600.
Segundo consta no Portal da Transparência, a sobrinha do ex-ministro devolveu apenas uma das parcelas aos cofres públicos: o valor referente a maio de 2020 (R$ 600).
Eduardo Pazuello foi ministro da Saúde do governo Bolsonaro entre maio de 2020 e março de 2021, portanto, ele estava no ministério enquanto seus familiares recebiam o benefício de forma indevida.
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Qual a punição para quem recebe o benefício indevidamente?
Segundo advogados, passar informações falsas para receber o auxílio emergencial é crime e pode dar até cinco anos de cadeia. O mesmo pode acontecer com que recebe o benefício por engano, mas não devolve o dinheiro. Nesse caso, são até quatro anos de prisão.
Conforme revelam dados do Tribunal de Contas da União (TCU), os casos dos familiares de Eduardo Pazuello não foram isolados. Apenas em 2020 foram cerca de 7 milhões de brasileiros que receberam o benefício de forma indevida. Ao todo, essas irregularidades geraram um prejuízo de R$ 54 bilhões para os cofres públicos.
Enquanto isso, desde o ano passado muitos brasileiros relataram que tinham direito ao auxílio emergencial por se encaixar nos critérios, mas não conseguiram acesso ao dinheiro. Sem o benefício, o impacto entre os mais pobres é grande, aumentando a situação de vulnerabilidade social.
Fontes: Metrópoles e UOL.