Aumento da fatura de energia fará consumo diminuir 0,2% em setembro
Segundo previsão do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a nova bandeira tarifária ainda não deve ter grande impacto no consumo de energia. A estimativa do órgão é que o aumento no preço da tarifa deve reduzir o consumo em menos de 1% neste mês.
A projeção consta na última atualização do boletim do programa mensal do operação do ONS, divulgada na última sexta-feira (03/09). No boletim, a carga prevista no Sistema Interligado Nacional (SNI) para o mês de setembro é de 69.160 megawatts médios, queda de 0,2% em relação ao mesmo mês de 2020.
Vale lembrar que neste mês começa a cobrança da bandeira tarifária da escassez hídrica, 58% mais cara do que a vermelha patamar 2, que estava em vigor até então. Com esta taxa extra, os brasileiros terão um custo adicional de R$ 14,20 a cada 100 kWh consumidos.
Apesar do percentual esperado de queda ser baixo neste primeiro mês, o índice é considerado um avanço, de acordo com o comunicado do ONS.
As projeções de carga para o mês levaram em consideração a progressiva melhora do setor de comércio e serviços do país, e a manutenção da produção industrial em patamares elevados. Mas, em contrapartida, nota-se a desaceleração no ritmo de crescimento da carga já considerando a redução de consumo de eletricidade em virtude da nova bandeira tarifária”, destacou o ONS.
Na divisão por regiões, o órgão prevê que o consumo de energia no subsistema Sudeste/Centro-Oeste tenha uma queda de 1,6%, enquanto no Sul deve diminuir 0,1% na comparação anual.
Por outro lado, expectativa é que nas regiões Norte e Nordeste a demanda por energia aumente em comparação ao ano passado: altas estimadas de 3,2% e 3,1%, respectivamente.
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Previsão de diminuição no consumo de energia é suficiente para resolver a crise?
Em meio à pior crise hídrica dos últimos 91 anos, os reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras acabam ficando com níveis abaixo da média.
No subsistema Sudeste/Centro-Oeste, a previsão do ONS é de que os reservatórios fechem setembro com apenas 15,2% de capacidade. No Sul, o volume previsto para o final deste mês é de 22,6%, enquanto no Nordeste a projeção é de 40,1% da capacidade e de 62,5% no Norte, regiões onde o consumo de energia deve aumentar.
Ainda de acordo com o ONS, a tendência é que as afluências continuem abaixo da média em todo o país. Com isso, a energia natural afluente (ENA), ou seja, a quantidade de água que chega às hidrelétricas, não deve alcançar a média de longo termo em nenhuma região.
Nesse caso, a pior estimativa é para a região Sul, onde a quantidade de água deve corresponder a apenas 30% da média. No Nordeste, a ENA também deve ficar abaixo da metade da média (47%), enquanto no subsistema Sudeste/Centro-Oeste o nível deve chegar a 54% e a 81% no Norte.
Diante deste cenário preocupante, especialistas afirmam que as medidas do governo para enfrentar a crise podem não ser suficientes para evitar o risco de apagão. Segundo os especialistas, houve demora na resposta do governo, e as iniciativas tomadas podem surtir pouco efeito na economia de energia.
Para as indústrias, por exemplo, que estão entre os maiores consumidores de energia, o governo lançou um programa de racionamento de energia voluntário que deve ter pouca adesão, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
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Consumidores que economizarem energia terão direito a bônus
Outra medida do governo para tentar diminuir o consumo de energia foi a criação de um bônus na conta de luz para quem economizar. No caso desta iniciativa, a expectativa é que a redução no consumo seja mais significativa.
Segundo o Ministério de Minas e Energia e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o objetivo é diminuir o consumo em 15% entre pequenos consumidores no período de setembro a dezembro de 2021.
Com esta iniciativa, os consumidores podem ter bônus de R$ 0,50 para cada kWh economizados. Mas para isso o consumo nos meses citados deve ser no mínimo 10% menor do que a média do mesmo período do ano passado.
Nesse caso, se uma residência consumiu, em média, 130 kWh por mês entre setembro e dezembro de 2020, e diminuir esse valor para uma média mensal 110,5 kWh no mesmo período deste ano, ela terá uma redução de 15% no consumo e ganhará direito ao bônus.
Como no exemplo citado a economia foi de 19,5 kWh, o bônus nesse caso seria de R$ 9,75 por mês (19,5 vezes R$ 0,50).
Fonte: Valor Econômico.