Bolsonaro é o culpado pela inflação na opinião de 75% dos brasileiros
Pesquisa revela que três em cada quatro brasileiros acreditam que a alta da inflação é culpa do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). O disparo na inflação é um dos principais problemas da atual crise econômica que o país enfrenta, e apareceu como tema no último levantamento do Datafolha, realizado entre 13 e 15 de setembro.
Segundo a pesquisa, 41% dos brasileiros consideram que o governo tem muita responsabilidade pela alta no índice de preços, enquanto outros 34% atribuem um pouco de responsabilidade. Apenas 23% não veem o atual governo como culpado pelo problema.
Em agosto, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) subiu 0,87% e chegou ao pior patamar dos últimos 21 anos. Além disso, o resultado do último mês fez a inflação se aproximar da casa dos 10%, fechando o acumulado de 12 meses em 9,68%.
O desempenho do governo na economia gera críticas até mesmo entre os apoiadores. Entre os brasileiros que classificam a gestão de Bolsonaro como ótima/boa, 30% afirmam que o governo tem muita responsabilidade pela alta da inflação, enquanto 45% veem um pouco de responsabilidade, o que representa o mesmo total de 75% observado na média geral.
Ainda em relação aos apoiadores de Bolsonaro, outro grupo onde o presidente tem boa taxa de aprovação, mas é visto como responsável pela alta inflação pela maioria dos entrevistados, é o dos evangélicos. Nesse caso, 77% responsabilizam o governo pelo problema, sendo 36% com muita responsabilidade e 41% com pouca.
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Projeção para a inflação de 2021 cresceu em todos os meses
Não é só a inflação que vem em alta constante nos últimos meses. As previsões do mercado financeiro para o IPCA voltou a subir pela 24ª semana neste ano.
De acordo com o último relatório Focus, divulgado pela Banco Central (BC) na última segunda-feira (20/09), a estimativa do mercado para a inflação de 2021 aumentou de 8% para 8,35%.
Em janeiro, a expectativa era de apenas 3,32%, mas o número cresceu sucessivamente, conforme podemos ver abaixo, na evolução das previsões do mercado:
- 4 de janeiro – 3,32%
- 15 de janeiro – 3,45%
- 29 de janeiro – 3,53%
- 5 de fevereiro – 3,6%
- 19 de fevereiro – 3,82%
- 5 de março – 3,98%
- 19 de março – 4,71%
- 1 de abril – 4,81%
- 23 de abril – 5%
- 14 de maio – 5,15%
- 4 de junho – 5,44%
- 25 de junho – 5,97%
- 9 de julho – 6,11%
- 30 de julho – 6,79%
- 6 de agosto – 6,88%
- 13 de agosto – 7,05%
- 20 de agosto – 7,11%
- 27 de agosto – 7,27%
- 3 de setembro – 7,58%
- 10 de setembro – 8%
- 17 de setembro – 8,35%
Para este ano, o centro da meta da inflação é de 3,75%. Dessa forma, para cumprir a meta, a taxa precisa fechar o ano entre 2,25% e 5,25%, mas a atual projeção do mercado já está acima do dobro da meta central.
Neste cenário, o público mais prejudicado é a população de baixa renda, que perde poder de compra. Afinal, o aumento da inflação reflete a alta de itens essenciais, como alimentos, combustíveis, gás de cozinha e energia elétrica, que dispararam nos últimos meses e estão pesando cada vez mais no orçamento doméstico.
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Além da inflação, maioria responsabiliza Bolsonaro pelo desemprego
O Datafolha ainda questionou os entrevistados sobre outro sério problema do atual cenário de crise no país: o desemprego, que atingiu taxa recorde neste ano.
Assim como no caso da inflação, a maior parte das pessoas acredita que o governo Bolsonaro é culpado por esta situação. Nesse caso, o índice de responsabilização chega a 71%.
Para 39% dos entrevistados, o governo tem muita responsabilidade pela questão do desemprego, enquanto 32% avaliam que ele tem um pouco de responsabilidade. Já as pessoas que não veem nenhuma responsabilidade da atual gestão pelo alto índice de desemprego representam a minoria, 27%.
No segundo trimestre de 2021, o desemprego teve um leve recuo e ficou em 14,1%, mas ainda é maior que a taxa do mesmo período do ano passado (13,3%). Atualmente, o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas sem trabalho.
Para os próximos meses, a expectativa da maioria dos brasileiros é que o desemprego aumente. Segundo o Datafolha, este percentual subiu de 52% em julho para 54% em setembro. Enquanto isso, apenas 19% das pessoas acreditam que a taxa de desemprego irá cair.
Em relação à inflação, os brasileiros também se mostram pessimistas. Para 69% das pessoas, o índice de preços continuará subindo, enquanto somente 12% acreditam que ele irá cair.
Para o levantamento, o Datafolha ouviu 3.667 pessoas em 190 municípios diferentes nos dias 13, 14 e 15 de setembro.