O que é o Orçamento Secreto do Governo Federal?

Entenda o que é o chamado Orçamento Secreto do Governo Federal e entenda ainda por que ele gera tantas polêmicas.


Muitas polêmicas têm sido geradas em torno do chamado Orçamento Secreto, pertencente ao Governo Federal.

Os cidadãos brasileiros devem saber do que trata este orçamento e por que ele gera tanta polêmica.

A seguir, você fica sabendo o que é o Orçamento Secreto do Governo Federal e por que ele é tão polêmico. Confira!

O que é o Orçamento Secreto do Governo Federal?

De maneira resumida, o chamado Orçamento Secreto se refere à liberação de emendas parlamentares ou emendas de relator.

As emendas são recursos direcionados por deputados a suas bases políticas ou estados de origem. Elas compõem um dos quatro tipos de emendas existentes, que são:

  • A individual: cada parlamentar decide onde alocar o dinheiro;
  • De bancada: emendas coletivas, elaboradas por deputados do mesmo estado ou região;
  • De comissão: emendas coletivas de comissões permanentes da Câmara ou do Senado.

A diferença da emenda de relator para as outras é que a emenda de relator é definida pelo deputado federal ou senador escolhido como relator-geral do Orçamento a cada ano.

É importante comentar que esse procedimento normalmente requer negociações informais ao lado de outros parlamentares. Ou seja, o relator-geral não trabalha sozinho, devendo dialogar com os demais colegas.

Em geral, a quantia do Orçamento Secreto é um valor determinado para todos os anos. Apesar de esse valor ser de conhecimento geral, o destino das verbas que formam o Orçamento Secreto é decidido de maneira sigilosa, por meio de acordos feitos entre políticos.

Como citamos anteriormente, as emendas individuais apenas dizem respeito ao parlamentar. No entanto, é possível saber quem fez a indicação e o valor exato indicado no caso das outras emendas.

Em 2021, o Orçamento Secreto foi de R$ 16 bilhões. Desse valor, R$ 6,4 bilhões já foram pagos.

É importante saber que esta é a quantia total das emendas de relator reservadas para pagamento ao longo do ano de 2021 e que também servirá para o pagamento nos próximos anos, incluindo o ano de 2022.

Para 2023, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei de Diretrizes Orçamentárias, que por sua vez se trata de uma norma que estabelece os parâmetros para o Orçamento Geral da União para o ano seguinte.

No texto, o chefe do Executivo determina que as emendas parlamentares devem se manter. Um trecho do texto trata do orçamento final, afirmando que este “conterá reservas específicas para atender a emendas classificadas com identificador de resultado primário (RP9)”.

RP9 se refere ao código técnico relativo ao orçamento secreto.

Em resumo, a Lei sancionada determina que as emendas do relator serão iguais à soma do valor das emendas individuais e das emendas de bancada.

Por que o orçamento secreto é tão polêmico?

O motivo por que o Orçamento Secreto acaba gerando tanta polêmica é a falta de critérios técnicos na hora de estabelecer objetivos da medida e também na hora de definir o destino dos recursos.

Em outras palavras, pode-se afirmar que não existe um mecanismo claro e objetivo de monitoramento do pagamento das emendas.

Diante dessa situação, é comum, tanto em ações no Tribunal de Contas da União (TCU) quanto em ações no Supremo Tribunal Federal (STF), que a falta de transparência das emendas acabe sendo questionada.

Inclusive, vale comentar que há casos divulgados que envolvem o orçamento secreto.

Um desses casos foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, ainda em maio do ano passado. A matéria em questão denunciava que o orçamento secreto bancou um trator superfaturado em troca de apoio no Congresso.

A matéria também afirmava que um esquema montado por Jair Bolsonaro, no final de 2020, tinha o objetivo de aumentar a base de apoio no Congresso. Para isso, Bolsonaro chegou a criar um orçamento paralelo de R$ 3 bilhões em emendas. Uma boa quantia dessas emendas teria sido destinada à aquisição de tratores.

Esses equipamentos agrícolas teriam sido adquiridos por valores até 259% maiores do que os preços de referência fixados pelo próprio governo brasileiro, segundo o jornal.

Ainda de acordo com a matéria do jornal O Estado de S. Paulo, esse flagrante aparecia em um conjunto de 101 ofícios enviados por deputados e senadores ao Ministério de Desenvolvimento Regional e órgãos vinculados, para indicar como eles desejariam utilizar os valores.

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Redatora WebGo Content e bacharelanda em Comunicação Organizacional na UTFPR.