Auxílio Emergencial: Valor de R$ 150 comprará apenas 23% da cesta básica em SP


As regras para o pagamento do novo auxílio emergencial preveem três valores diferentes para as parcelas, R$ 150,00, R$ 250,00 e R$ 375,00. O valor é mínimo é destinado a pessoas que moram sozinhas, e a estimativa é que este grupo conte com aproximadamente 20 milhões de beneficiários.

Mas o baixo valor acabou gerando muitos questionamentos, pois não é considerado suficiente para um ser humano comprar o básico para um mês. Em São Paulo, por exemplo, os R$ 150,00 que milhões de pessoas irão receber de auxílio emergencial equivalem a 23% de uma cesta básica. Ou seja, é como se o cidadão pudesse comprar apenas um em cada quatro itens da cesta com o benefício.

A análise é feita com base no último relatório mensal do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que aponta que o valor da cesta básica na capital paulista é de R$ 654,15. E conforme explica o superintendente regional do Dieese, Reginaldo Aguiar, este é o custo da cesta estimado para apenas uma pessoa.

Auxílio emergencial 150

O levantamento do Dieese acompanha o custo e a variação da cesta básica em 17 capitais, e o valor em São Paulo é o mais alto do estudo. Mas em Aracaju, onde a cesta tem o menor preço entre as capitais pesquisadas, R$ 150 de auxílio emergencial não é suficiente nem para metade dela.

Na capital sergipana, o valor do auxílio para quem vive sozinho compra 33,27% dos produtos essenciais para um mês.

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Quanto o auxílio de R$ 150,00 compra da cesta básica em outras capitais?

Como São Paulo tem a cesta básica mais cara do relatório do Dieese e Aracaju a mais barata, o percentual que o valor mínimo do auxílio pode comprar nas demais capitais fica entre 23% e 33%.

Com base no levantamento, a lista completa de quanto uma pessoa consegue comprar da cesta básica com R$ 150 de auxílio emergencial em todas as capitais pesquisadas fica assim:

  • São Paulo – 23%;
  • Florianópolis – 23%;
  • Rio de Janeiro – 23,2%;
  • Porto Alegre – 23,9%;
  • Vitória – 24%;
  • Brasília – 24,4%;
  • Belo Horizonte – 25,3%;
  • Campo Grande – 25,9%;
  • Goiânia – 26%;
  • Curitiba – 26,7%;
  • Fortaleza – 28,1%;
  • Belém – 29,5%;
  • Salvador – 30,6%;
  • Recife – 31,6%;
  • João Pessoa – 31,7%;
  • Natal – 33%;
  • Aracaju – 33,2%.

Quanto aos outros valores do novo auxílio emergencial, as parcelas de R$ 250,00 que serão pagas a quem mora com outras pessoas também são baixas quando comparadas ao valor da cesta básica. Voltando a São Paulo, o valor continua sendo suficiente para menos da metade da cesta, pois corresponde à 39%.

Enquanto isso, o benefício de R$ 375,00 para mães que são as únicas provedoras da família compra 59% dos produtos essenciais na capital paulista. Mas como o valor da cesta é estimado para apenas uma pessoa, em ambos os casos o percentual tende a ser menor.

É importante destacar que as “cestas básicas” vendidas na internet e em supermercados, muitas vezes por valores abaixo dos indicados pelo Dieese, não são a mesma coisa. Isso porque elas não incluem alimentos frescos, como legumes, verduras e carnes. Dessa forma, não garantem a alimentação necessárias para um adulto sobreviver.

Além disso, a cesta do Dieese não inclui custos como aluguel, energia elétrica, água e transporte.

Sendo assim, além de os valores que a maioria dos beneficiários irão receber de auxílio em 2021 não serem suficientes para o básico para sobrevivência nesse momento de grave crise, ainda há uma série de custos que também devem ser levados em conta.

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Auxílio diminui e cesta básica aumenta

Se por um lado as parcelas do auxílio emergencial neste ano serão menores do que as de 2020, o valor da cesta básica subiu consideravelmente no último ano. Segundo a pesquisa nacional do Dieese, a variação da cesta chegou a passar dos 30% em 12 meses.

Em São Paulo, onde a cesta tem o valor mais alto do relatório, a variação de janeiro a janeiro foi de 26,40%, e o aumento mensal de 3,59%. Na capital paulista, a cesta básica corresponde a 64,29% do salário mínimo, e a mais de 130 horas de trabalho.

Entre as capitais pesquisadas, Florianópolis teve os maiores índices de variação mensal e anual. De dezembro para janeiro o aumento foi de 5,82%, e no intervalo de 12 meses o valor da cesta básica saltou 33,17% na capital catarinense, chegando a R$ 651,37.

A menor variação em 12 meses registrada pelo Dieese foi em Natal, 16,78%. Além disso, a capital do Rio Grande do Norte também teve o melhor resultado entre dezembro e janeiro. O valor da cesta básica na cidade diminuiu 0,94% no período, passando a custar R$ 454,49.

Se o valor do auxílio emergencial se mantivesse em R$ 600,00, como cobraram muitos políticos da oposição, Natal seria uma das 11 capitais onde seria possível comprar uma cesta básica com o benefício.

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.