Dívidas atingem 76% das famílias. Como amenizar a situação para evitar o crescimento dos valores devidos?

Marina Darie

04/03/2022

Em janeiro, 76% das famílias brasileiras estavam com dívidas a vencer, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No mês seguinte, fevereiro, esse índice continuou a subir e alcançou 76,6%,  segundo a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Já as famílias que afirmam que estão com contas em atraso alcançaram o maior patamar desde março de 2010, atingindo 27%. 

De janeiro para fevereiro de 2022, a alta dos brasileiros com contas próximas do vencimento foi de 0,6 ponto porcentual. Já em comparação com o mesmo período de 2021, o aumento foi equivalente a 9,9 pontos percentuais.

As dívidas a vencer têm origem no cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa. 

De acordo com o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o crescimento dos juros dificulta que as famílias saiam do patamar de endividadas. 

O panorama mostra que, na margem, o custo do crédito mais elevado e o próprio endividamento alto entre as pessoas que vivem no mesmo domicílio dificultam a contratação de novas dívidas e o pagamento dos compromissos na data de seus vencimentos.”

Principais motivos do endividamento

Dívidas atingem 76% das famílias. Como amenizar a situação para evitar o crescimento dos valores devidos?

Mais de 76% das famílias estavam com contas a vencer em fevereiro, de acordo com a CNC. (Imagem: Pexels/Divulgação)

As contas em atraso são realidades para diferentes classes sociais, com as mais diversas condições financeiras. As famílias que ganham até dez salários mínimos alcançaram o maior patamar de endividamento em fevereiro: 77,8%. Os grupos familiares com rendimentos superiores a dez salários mínimos registraram o maior patamar histórico, 72,2%. 

O cartão de crédito é o principal vilão causador das dívidas: ele está presente em 86,5% do total de famílias endividadas. Os outros motivos são:

  • Carnês: 19,9%;
  • Financiamento de Carro: 11,7%;
  • Crédito Pessoal: 9,2%;
  • Financiamento de Casa: 9,1%;
  • Crédito Consignado: 6,5%;
  • Cheque Especial: 5,7%;
  • Outras dívidas: 2%;
  • Cheque Pré-Datado: 0,6%.

Atualmente, o tempo médio de comprometimento das dívidas, que é o período em que a conta demora para ser quitada, está em três meses para 23,8% do total de endividados.

Quem leva mais de um ano para ficar em dia financeiramente, representa 35% do público. De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), por enquanto, não há previsão de melhora neste cenário no país. 

O encarecimento do crédito no Brasil e a fragilidade apontada no mercado de trabalho, especialmente em ano eleitoral, devem seguir afetando a dinâmica do endividamento e da inadimplência dos consumidores. Assim, tornam-se necessárias e relevantes as alternativas que suportem o pagamento dos compromissos financeiros assumidos, bem como a renegociação das dívidas e contas não pagas”, informa o relatório da Peic. 

Cuidados com cartões e empréstimos

Ao atrasarem o pagamento de uma conta, os brasileiros precisam estar cientes dos juros no Brasil. As taxas de juros médias nas linhas de crédito para pessoas físicas aumentaram de 39,4% em janeiro de 2021 para 46,3% em janeiro de 2022, segundo dados do Banco Central. 

Isso vale tanto para o cartão de crédito, quanto para os empréstimos. Dessa forma, a dívida inicial, que pode ser pequena, se torna uma bola de neve rapidamente. 

Outro fator que merece atenção dos consumidores é o rotativo do cartão de crédito, que é acionado quando a fatura não é paga. O problema é que ele traz juros altíssimos. Em outubro de 2021, por exemplo, a taxa chegou a 343,55% ao ano. Ainda sim, essa é a realidade de grande parte dos brasileiros. 

Informações reveladas pelo Banco Central mostram que, em 2021, a busca pelo rotativo do cartão de crédito foi a maior em dez anos.  O crédito concedido chegou a R$ 224,7 bilhões no ano passado, o que representa uma média mensal de R$ 18,7 bilhões. Em 2020, as concessões no cartão de crédito rotativo para pessoa física totalizaram R$182,7 bilhões, ou R$ 15,2 bilhões por mês. 

 

Marina Darie
Escrito por

Marina Darie

Formada em Jornalismo pela PUCPR. Atualmente está cursando Pós Graduação em Questão Social e Direitos Humanos na mesma instituição de ensino. Tem paixão por informar as pessoas e acredita que a comunicação é uma ferramenta que pode mudar o mundo!

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