Quem recebe o Auxílio Brasil já podem contratar empréstimo consignado, mas esse tipo de oferta pode representar um risco para o beneficiário.
Isso porque instituições financeiras estão cobrando altas taxas de juros de participantes do Auxílio Brasil, o que pode gerar uma grande bola de neve de dívidas para famílias de baixa renda.
Empréstimo do Auxílio Brasil não tem limite de juros
Uma das principais polêmicas envolvendo o Auxílio Brasil é que não existe um limite para a taxa de juros. Ou seja, o banco pode cobrar quanto quiser dos beneficiários.
Com isso, já há registro de empresa cobrando juros 5,85% ao mês, quase 100% ao ano. Para efeito de comparação, isso é quase o triplo da média cobrada por empréstimo consignado para beneficiários do INSS, de 1,96% ao mês.
Segundo uma apuração do UOL, mesmo em caso de ofertas com juros mais baixos, a taxa para beneficiários do Auxílio Brasil ainda é mais alta do que para outros públicos. Na financeira “Meu Tudo”, por exemplo, um empréstimo de R$ 2.600 tem juros de 3,79% ao mês.
Para críticos ao empréstimo do Auxílio Brasil, bancos podem se aproveitar da baixa instrução de alguns beneficiários para lucrar com juros altos sobre este tipo de oferta.
Cuidados com o empréstimo
Pelas regras do consignado para beneficiários do Auxílio Brasil, a prestação do empréstimo deve ser de no máximo 40% do valor do benefício de R$ 400, ou seja, R$ 160.
Nesse caso, sobram apenas R$ 240 do auxílio para a família se manter durante o mês. Afinal, vale lembrar que no consignado as parcelas são descontadas diretamente do benefício.
Além disso, também é importante destacar que o auxílio de R$ 600 vale só até dezembro. Ou seja, não dá para contar com este dinheiro a longo prazo.
Por isso, o professor de finanças da PUC-Campinas, Eli Borochovicius, destaca que é preciso garantir que o valor restante do Auxílio Brasil é suficiente para a família se alimentar.
Como muitos participantes do programa não têm acesso à educação financeira, especialistas alertam que o assédio de bancos para oferecer o empréstimo do Auxílio Brasil pode ser um risco para estas famílias.
Segundo Borochovicius, o empréstimo pode ser interessante apenas se a pessoa tiver dívidas no cartão de crédito com juros médios de 8,51% ao mês. Porém, é essencial garantir que o valor restante do Auxílio Brasil será suficiente, pois a função do benefício é ajudar famílias pobres com despesas básicas.
Felipe Matozo
Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.
