Cuidado: Os juros do cartão de crédito podem te colocar em uma dívida alta. Veja como evitar


Em setembro, os juros do cartão de crédito rotativo aumentaram pelo terceiro mês consecutivo, ficando em 339,5%. Esse é o maior valor desde agosto de 2017. Os dados foram divulgados nesta semana pelo Banco Central (BC). 

No Brasil, a taxa do rotativo do cartão, que é acionada quando o consumidor paga menos do que o valor integral da fatura, chega a valores astronômicos. Os juros anuais são superiores a 300% e podem chegar a mais de 800%, de acordo com a Agência Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). Em outros países, esse valor gira em torno dos 3%. 

O cartão de crédito é o vilão que causa as taxas altíssimas e, ao mesmo tempo, o endividamento dos brasileiros. Um dos principais motivos para isso acontecer é que os bancos cobram juros compostos sobre a dívida do cartão. De uma forma geral, esse tipo de cobrança é adicionada a de períodos anteriores, ou seja, juros sobre juros. 

O que fazer para não se endividar com os juros do cartão de crédito?

Juros do cartão de crédito causam endividamento em brasileiros.
Juros do cartão de crédito causam endividamento em brasileiros. Taxas ultrapassam os 300% ao ano. (Imagem: Tima Miroschnichenko / Divulgação)

Especialistas orientam que, se possível, o consumidor que está endividado ao pagar a taxa do rotativo do cartão, troque-a por qualquer financiamento com juros mais baixos, como é o caso do empréstimo consignado. Isso pode ser feito 30 dias após a abertura da dívida.

Podendo trocar a dívida contraída no cartão por qualquer financiamento a custos mais baixos, troque. Crédito pessoal tem taxas mais baixas, mas o melhor seria fazer um empréstimo consignado, caso tenha condições. São eles os que têm custo efetivo mais baixo, com a menor taxa do mercado. Faça, o quanto antes, um empréstimo no consignado para quitar a dívida no cartão ou no cheque especial”, exemplificou o pesquisador da Proteste e especialista de crédito Rodrigo Alexandre, para a Agência Brasil em março de 2021. 

Outra ação que deve ser tomada, antes de fazer a contratação do empréstimo, é solicitar à instituição financeira em que a dívida está sendo acumulada pelo Custo Efetivo Total (CET). Com ele é possível verificar qual é o verdadeiro valor em débitos e, assim, fazer um planejamento financeiro para quitá-los.

O consumidor tem o direito a essa informação. Se a instituição não cumprir com a obrigação é possível denunciá-la ao Procon ou Banco Central. 

Quais são as taxas de juros de cartão de crédito mais altas?

O Banco Central realiza constantemente levantamentos entre as instituições financeiras para verificar quais são as maiores e menores. Veja as taxas de juros de cartão de crédito no período entre 07/10/2021 a 14/10/2021 para pessoa física:

Mais caras:

  • Omni SA CFI: 20,99% a.m e 884,22% a.a;
  • Omni Banco SA: 19,99% a.m e 790,52% a.a;
  • BCO SOROCRED S.A. – BM:19,86% a.m e 779,44% a.a.

Mais baratas:

  • Zema CFI SA: 0,72% a.m e 8,94% a.a;
  • CCB Brasil S.A. – CFI: 0,72% a.m e 8,99% a.a;
  • BRB – BCO De Brasília S.A.: 1,78% a.m e 23,60% a.a.

Como a alta da Selic impacta o consumidor?

Na última quarta-feira, 27/10, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros, a Selic, para 7,75%. A expectativa é que ela continue a aumentar nos próximos meses, principalmente por conta da preocupação com a inflação, que cresce no Brasil dia após dia. 

Ainda sim, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), ela terá pouco impacto sobre os juros diretos para a população. A Anefac estima que o juro médio para as pessoas físicas vai passar de 104,24% para 107,03% ao ano. Já para as pessoas jurídicas, a mudança será de 47,47% para 49,54% ao ano. 

Os consumidores vão sentir, realmente, a alta da Selic quando contratarem uma linha de crédito. A associação calcula que, com a nova taxa básica de juros, o financiamento de uma geladeira de R$ 1,5 mil em 12 parcelas,  custará R$ 13,72 a mais agora.

Outro exemplo é de uma pessoa que entra no cheque especial em R$ 1 mil por 20 dias: ela pagará R$ 0,80 a mais. Por fim,  a Anefac faz mais um cálculo: um consumidor, ao usar R$ 3 mil do rotativo do cartão de crédito por 30 dias,  vai gastar R$ 3,60 a mais.

Formada em Jornalismo pela PUCPR. Atualmente está cursando Pós Graduação em Questão Social e Direitos Humanos na mesma instituição de ensino. Tem paixão por informar as pessoas e acredita que a comunicação é uma ferramenta que pode mudar o mundo!