Cuidado: Os juros do cartão de crédito podem te colocar em uma dívida alta. Veja como evitar
31/10/2021
Em setembro, os juros do cartão de crédito rotativo aumentaram pelo terceiro mês consecutivo, ficando em 339,5%. Esse é o maior valor desde agosto de 2017. Os dados foram divulgados nesta semana pelo Banco Central (BC).
No Brasil, a taxa do rotativo do cartão, que é acionada quando o consumidor paga menos do que o valor integral da fatura, chega a valores astronômicos. Os juros anuais são superiores a 300% e podem chegar a mais de 800%, de acordo com a Agência Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste). Em outros países, esse valor gira em torno dos 3%.
O cartão de crédito é o vilão que causa as taxas altíssimas e, ao mesmo tempo, o endividamento dos brasileiros. Um dos principais motivos para isso acontecer é que os bancos cobram juros compostos sobre a dívida do cartão. De uma forma geral, esse tipo de cobrança é adicionada a de períodos anteriores, ou seja, juros sobre juros.
O que fazer para não se endividar com os juros do cartão de crédito?
Especialistas orientam que, se possível, o consumidor que está endividado ao pagar a taxa do rotativo do cartão, troque-a por qualquer financiamento com juros mais baixos, como é o caso do empréstimo consignado. Isso pode ser feito 30 dias após a abertura da dívida.
Podendo trocar a dívida contraída no cartão por qualquer financiamento a custos mais baixos, troque. Crédito pessoal tem taxas mais baixas, mas o melhor seria fazer um empréstimo consignado, caso tenha condições. São eles os que têm custo efetivo mais baixo, com a menor taxa do mercado. Faça, o quanto antes, um empréstimo no consignado para quitar a dívida no cartão ou no cheque especial”, exemplificou o pesquisador da Proteste e especialista de crédito Rodrigo Alexandre, para a Agência Brasil em março de 2021.
Outra ação que deve ser tomada, antes de fazer a contratação do empréstimo, é solicitar à instituição financeira em que a dívida está sendo acumulada pelo Custo Efetivo Total (CET). Com ele é possível verificar qual é o verdadeiro valor em débitos e, assim, fazer um planejamento financeiro para quitá-los.
O consumidor tem o direito a essa informação. Se a instituição não cumprir com a obrigação é possível denunciá-la ao Procon ou Banco Central.
Quais são as taxas de juros de cartão de crédito mais altas?
O Banco Central realiza constantemente levantamentos entre as instituições financeiras para verificar quais são as maiores e menores. Veja as taxas de juros de cartão de crédito no período entre 07/10/2021 a 14/10/2021 para pessoa física:
Mais caras:
- Omni SA CFI: 20,99% a.m e 884,22% a.a;
- Omni Banco SA: 19,99% a.m e 790,52% a.a;
- BCO SOROCRED S.A. – BM:19,86% a.m e 779,44% a.a.
Mais baratas:
- Zema CFI SA: 0,72% a.m e 8,94% a.a;
- CCB Brasil S.A. – CFI: 0,72% a.m e 8,99% a.a;
- BRB – BCO De Brasília S.A.: 1,78% a.m e 23,60% a.a.
Como a alta da Selic impacta o consumidor?
Na última quarta-feira, 27/10, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros, a Selic, para 7,75%. A expectativa é que ela continue a aumentar nos próximos meses, principalmente por conta da preocupação com a inflação, que cresce no Brasil dia após dia.
Ainda sim, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), ela terá pouco impacto sobre os juros diretos para a população. A Anefac estima que o juro médio para as pessoas físicas vai passar de 104,24% para 107,03% ao ano. Já para as pessoas jurídicas, a mudança será de 47,47% para 49,54% ao ano.
Os consumidores vão sentir, realmente, a alta da Selic quando contratarem uma linha de crédito. A associação calcula que, com a nova taxa básica de juros, o financiamento de uma geladeira de R$ 1,5 mil em 12 parcelas, custará R$ 13,72 a mais agora.
Outro exemplo é de uma pessoa que entra no cheque especial em R$ 1 mil por 20 dias: ela pagará R$ 0,80 a mais. Por fim, a Anefac faz mais um cálculo: um consumidor, ao usar R$ 3 mil do rotativo do cartão de crédito por 30 dias, vai gastar R$ 3,60 a mais.
Marina Darie
Formada em Jornalismo pela PUCPR. Atualmente está cursando Pós Graduação em Questão Social e Direitos Humanos na mesma instituição de ensino. Tem paixão por informar as pessoas e acredita que a comunicação é uma ferramenta que pode mudar o mundo!