67% dos brasileiros não compram mais carne vermelha
A inflação causa forte impacto nos preços dos alimentos. Itens básicos, que fazem parte da dieta tradicional brasileira, como arroz e feijão, estão mais caros. A carne vermelha é outro grupo alimentar que, por conta da alta de preços, está deixando de aparecer no prato dos brasileiros.
É isso que revela uma pesquisa feita pelo Datafolha, divulgada nesta segunda-feira pelo jornal Folha de S. Paulo. Ela revela que 85% dos entrevistados reduziram o consumo de carne de boi, arroz, feijão, frutas, legumes e pão. Apenas a carne vermelha teve redução de 67%.
Por outro lado, os ovos estão virando protagonistas, como uma forma de substituir a proteína animal, com um preço mais em conta.
As principais reduções nas dietas dos brasileiros, de acordo com a Pesquisa Datafolha, são:
- 67% reduziram o consumo de carne vermelha;
- 51% dos entrevistados cortaram o de refrigerantes e sucos;
- 46% deles diminuíram a compra de leite, queijo e iogurte;
- 41% dos participantes não compram mais pão francês, pão de forma e outros pães.
A pesquisa foi feita entre os dias 13 e 15 de setembro
Preço da carne vermelha e de outros alimentos impacta os mais pobres
Além da redução da carne vermelha pela grande maioria dos entrevistados, a Pesquisa Datafolha mostra que os brasileiros estão fazendo substituições de itens da cesta básica, para torná-la mais em conta.
Frutas, legumes e verduras são um exemplo. Enquanto 33% dos respondentes afirmaram que estão consumindo mais esses grupos alimentares, outros 36% informaram que estão comendo menos.
Neste caso, a diminuição da inclusão de produtos naturais no dia a dia, afeta mais os pobres:
- 45% das pessoas com até dois salários mínimos diminuíram a quantidade de frutas, legumes ou verduras consumidas;
- 29% diminuíram, com renda entre dois e cinco salários mínimos;
- 20% reduziram o consumo desses alimentos animais, com cinco a dez salários mínimos;
- 8% dos mais ricos, com mais de dez salários mínimos, fizeram essa redução.
Alta dos preços da carne vermelha em 2021
Em julho deste ano, a consultoria LCA divulgou que os preços da carne, tanto da carne vermelha, quanto de outros animais, vão aumentar além da inflação prevista para 2021. As expectativas de altas, segundo a consultoria, são:
- 17,6% de alta na carne de boi;
- 15,1% de aumento na carne de porco;
- 11,8% na carne de frango.
Em agosto, o preço da carne suína sofreu uma leve queda, de 1,6% nos supermercados de São Paulo. Esse dado foi calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e pela FIPE.
Por outro lado, as carnes de boi e frango continuaram com preços altos.
O caso do frango exemplifica o efeito dominó causado pelos aumentos da bandeira tarifária, já que a energia elétrica é fundamental para a criação de aves. Soma-se a isso o alto custo praticado nas commodities de soja e milho, que compõem 70% da ração animal, além do preço do combustível utilizado no transporte”, explica Diego Pereira, economista do Departamento de Economia e Pesquisa da APAS.
Vegetarianismo em alta
Grande parte dos brasileiros não têm condições para escolher quais alimentos vão colocar no prato, por conta das difíceis condições financeiras e da inflação. É este o panorama em que o Brasil vive hoje em dia, como foi demonstrado pela Pesquisa Datafolha.
Ainda sim, quem tem a possibilidade de escolher a dieta que vai seguir, tem dado preferência por uma alimentação sem carne vermelha, branca ou qualquer tipo de produto de origem animal: essas são as dietas vegetarianas e veganas.
Um estudo, encomendado pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e realizado pela consultoria Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC), mostra que 30% dos entrevistados não pedem pratos com carne em estabelecimentos.
Já 46% dos brasileiros reduziram o consumo de carne, por vontade própria, por pelo menos uma vez na semana.
O que acontece é que, além da parcela vegetariana da população, cresce muito rapidamente a parcela que procura reduzir o seu consumo de carnes e derivados. Em um, dois, três ou vários dias por semana, os brasileiros têm optado por fazer refeições vegetarianas ou veganas”, afirma Ricardo Laurino, presidente da SVB.
Outro estudo, feito em 2017, pelo Datafolha, já relatava essa tendência: 67% dos respondentes tinham o interesse em reduzir o consumo de carne.