Número de famílias com uma só pessoa no Auxílio Brasil SURPREENDE

Felipe Matozo

05/09/2022

Em agosto, o governo incluiu mais de 2 milhões de novos beneficiários no Auxílio Brasil, e mais da metade deste grupo é formado por famílias unipessoais, ou seja, quando há só uma pessoa na família.

Ao todo, 1,1 milhão dos beneficiários que começaram a receber o benefício de R$ 600 moram sozinhos, o que representa 54% das novas famílias atendidas pelo programa, segundo reportagem do UOL.

Com isso, o número de famílias com apenas um integrante que recebem o Auxílio Brasil mais que dobrou em menos de um ano.

Quantas famílias com uma só pessoa recebem o Auxílio Brasil?

Com a inclusão de mais de 1 milhão de famílias unipessoais em agosto, o total de beneficiários do Auxílio Brasil que moram sozinhos chegou a 4,9 milhões de pessoas (24%). Em outubro de 2021, o número estava em 2,2 milhões.

Enquanto isso, a média de domicílios com apenas uma pessoa no país é de 15%, segundo o IBGE. Até agosto, quando o número disparou, o percentual de beneficiários do Auxílio Brasil nestas condições estava no mesmo nível da média indicada pelo IBGE.

Segundo especialistas ouvidos pelo UOL, este aumento tem a ver com as mudanças no programa. Afinal, o Auxílio Brasil deixou de ter o número de integrantes na família como referência para pagar o benefício.

Benefício tem distribuição desigual

Com as mudanças impostas pelo governo no Auxílio Brasil, o programa passou a pagar o mesmo valor para quase todos os beneficiários.

Com isso, a atual parcela de R$ 600 do Auxílio Brasil é paga tanto para uma família de uma só pessoa quanto para uma com 3 crianças. No Bolsa Família, o valor aumentava conforme o número de pessoas na família.

Segundo especialistas, isso tem relação com a visão eleitoral relacionada ao aumento no benefício. Isso porque ao invés de oferecer reajustes maiores para famílias com mais crianças, a mudança no Auxílio Brasil buscou aumentar o número de adultos atendidos pelo programa.

Um dos resultados dessa situação é que mais da metade das famílias consideram insuficiente o valor do benefício. Segundo uma pesquisa Datafolha divulgada em agosto, 56% dos eleitores afirmam que a parcela R$ 600 não é suficiente para as despesas da família.

Além disso, enquanto o governo promete manter a parcela de R$ 600 no próximo ano, a tendência é que o benefício volte a ser de R$ 400 em janeiro. Afinal, a manutenção da parcela atual não está prevista no Orçamento de 2023.

Felipe Matozo
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Felipe Matozo

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.