Preço da carne pode cair em setembro devido embargos da China
Avaliações do governo indicam que o preço da carne bovina pode cair no mercado brasileiro após a China suspender a importação do produto. O embargo chinês iniciou após a confirmação de dois casos atípicos da “doença da vaca louca” em frigoríficos brasileiros no último sábado (04/09).
Por conta disso, é possível que o aumento da oferta de carne no mercado interno pode fazer o preço cair para o consumidor. Entretanto, o governo a possibilidade que o governo avalia é de um choque curto, de apenas um ou dois meses.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) vem investigando casos suspeitos da doença da vaca louca no país desde a última quarta-feira (1º/09), e confirmou dois casos em frigoríficos no sábado: um em Belo Horizonte e outro em Nova Canaã do Norte (MT).
Após a confirmação dos casos, as exportações para a China foram suspensas para cumprimento de um estrito protocolo sanitário entre os dois países. Em nota, o Mapa informou que a medida valerá até as autoridades chinesas concluírem a avaliação das informações já encaminhadas sobre os casos.
De acordo com o governo brasileiro, a expectativa é que a exportação já possa ser normalizada nos próximos dias. Nesse caso, pode ser que o preço da carne não caia para o consumidor brasileiro.
Chamada oficialmente de encefalopatia espongiforme bovina (EEB), o mal da vaca louca é degenerativo e atinge o sistema nervoso do gado. Nos humanos, a doença mais comum hoje em dia causada pelo consumo de carne contaminada é a Nova Variante da Doença de Creutzfeldt-Jakob (vCJD), que também é letal.
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Preço da carne já chegou a cair
Ainda no sábado, quando os casos foram confirmados, já foi possível observar quedas nos preços da arroba do boi gordo. E apesar da proibição da entrada de carne brasileira no mercado chinês, os frigoríficos brasileiros devem seguir com a produção.
Vale lembrar que a China é o principal destino da carne bovina brasileira, recebendo mais de 50% do total exportado. Segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), apenas em agosto a venda para o país asiático rendeu mais de R$ 1,1 bilhão, o que representou um índice recorde.
Em entrevista ao blog da jornalista Ana Flor, no G1, o professor sênior de Agronegócio do Insper e coordenador do centro Insper Agro Global, Marcos Jank, afirmou que o preço da carne no Brasil pode cair de forma temporária por conta da maior oferta, caso o embargo chinês dure mais do que alguns dias.
Quanto aos impactos na exportação brasileira, esta é uma questão que pode ser preocupante apenas no curto prazo, segundo o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. Isso porque os relatos são apenas de casos atípicos da doença, explica ele.
Com repetidas altas em 2021, o preço da carne foi um dos fatores que mais impactou na queda de poder de consumo do brasileiro. Segundo dados do Índice Nacional de Preços aos Consumidor Amplo (IPCA) do último mês de julho, em um ano a alta foi de 34,28%.
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Ministério diz que casos no Brasil não são graves
Apesar da gravidade da doença da vaca louca e das lembranças do surto que ocorreu nos anos 1980 e 1990 no Reino Unido, o Ministério da Agricultura ressalta que os casos descobertos no Brasil não representam risco para a saúde humana ou animal.
Em nota, o Ministério afirmou que casos atípicos não são considerados graves, e que Brasil é um país de “risco insignificante para a doença”. Assim, os casos não devem impactar no comércio de animais, dos seus produtos e subprodutos.
Conforme apurou o blog da Ana Flor, a avaliação em reunião de ministros realizada na última sexta-feira (03/09) foi de que as autoridades tomaram rápidas ações sanitárias e que os dois casos atípicos registrados costumam acontecer com o gado de idade mais avançada, o que não oferece maiores riscos.
Apesar de a variante da doença identificada no Brasil ser considerada menos perigosa, ela está sendo monitorada de perto pelas autoridades sanitárias e a própria indústria.
Conforme declaração de um ministro ao blog, a apuração sobre os dois casos deve encerrar em um ou dois meses e o Brasil continua com status de risco insignificante para a doença.
Fontes: Blog da Ana Flor e BBC.