Qual o valor do Auxílio Brasil? Saiba quando será confirmado

Felipe Matozo

13/08/2021

Depois que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou a mudança do Bolsa Família para Auxílio Brasil, começaram as discussões sobre o valor do novo programa, que deve começar em novembro.

Conforme prevê a Medida Provisória (MP) que reformula o programa, tanto o valor quanto o número de beneficiários atendidos devem aumentar. Entretanto, os números do novo programa vão depender da tramitação deste e de outro projeto do governo no Congresso, pois ele precisa se encaixar no Orçamento de 2022.

A MP chegou à Câmara dos Deputados na última segunda-feira (09/08), junto com a chamada “PEC dos Precatórios”. Bolsonaro entregou as propostas pessoalmente para o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e a expectativa é que o valor do Auxílio Brasil seja definido até setembro, com base no que for definido pelos parlamentares na votação da PEC.

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Governo aguarda votações na Câmara para definir valor do Auxílio Brasil. Foto: Marcos Corrêa/PR

Quais as propostas de valor do Auxílio Brasil até agora?

Quando o presidente confirmou o lançamento do Auxílio Brasil durante a cerimônia de posse do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), ele afirmou que o valor do programa seria 50% superior ao do Bolsa Família.

Como hoje o valor médio do programa é de R$ 192, este aumento faria o Auxílio Brasil ficar em torno de R$ 280. Isso faria com que o programa ficasse dentro do limite de R$ 300 citado anteriormente pela equipe econômica do governo, que indicou que acima disso não caberia no Orçamento.

Antes de confirmar a mudança, Bolsonaro já havia dito que o novo programa seria de no mínimo R$ 300, mas que o governo pretendia aumentar o valor para até R$ 400. No entanto, o próprio presidente destacou que o programa precisa ficar dentro da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Inicialmente, a intenção da equipe econômica era aumentar o valor médio para R$ 250. Mas de olho nas eleições de 2022, Bolsonaro passou a exigir valores maiores.

O aumento do Bolsa Família é tido como uma medida importante para o presidente ter chances de se reeleger. Ao todo, Bolsonaro deve gastar R$ 67 bilhões para aumentar sua popularidade em 2022, já que a rejeição ao seu governo aumentou nos últimos meses, e as pesquisas indicam que hoje ele perderia a eleição para quase todos os pré-candidatos à presidência.

Por conta disso, além de aumentar o valor da parcela mensal, o presidente também tem falado em criar um vale gás para os beneficiários. Com uma série de aumentos nos últimos anos, o preço do gás é outro problema para a popularidade do governo.

Além disso, o programa também deve incluir outras políticas públicas assistenciais, como a bolsa de iniciação científica e o auxílio Inclusão Produtiva Rural.

Como o governo pretende financiar o programa?

Apesar de falar em valores mais altos do que o Orçamento permite e prometer outros benefícios dentro do programa, o governo ainda não garantiu o dinheiro para o Auxílio Brasil.

Isso porque é preciso abrir espaço no teto de gastos para encaixar o aumento proposto pelo programa. Para isso, o governo entregou à Câmara, junto com a MP do Auxílio Brasil, a chamada “PEC dos Precatórios”.

O objetivo desta PEC (Proposta de Emenda à Constituição) é parcelar os valores devidos pela União a empresas e pessoas físicas para liberar os recursos necessários para o reajuste.

Essa votação será determinante para definir o valor do Auxílio Brasil, pois o governo alega que se o Congresso não aprovar a PEC, não haverá espaço para reformular o programa.

Por outro lado, os críticos da PEC apontam que ela abre caminho para que o governo aproveite para despejar recursos em ano eleitoral. Além disso, a proposta ainda poderia permitir um calote nos precatórios. O governo, por sua vez, nega as alegações.

Outra ideia já debatida pela equipe econômica é a de financiar o programa com recursos da reforma tributária. Mas este é outro projeto que ainda está sendo debatido pelos parlamentares, o que faz com que especialistas em finanças públicas critiquem a proposta.

Segundo o economista Raul Velloso, contar com dinheiro que não existe transformaria o orçamento da medida em uma “peça de ficção”. Além disso, Velloso afirma que isso caracteriza uma chantagem do governo contra os parlamentares.

Veja também: Governo planeja empréstimo consignado com juros de 1,2% para Bolsa Família

Fonte: UOL.

Felipe Matozo
Escrito por

Felipe Matozo

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.

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