Rússia domina maior usina nuclear da Europa; entenda os riscos dessa invasão

Alexandre G. Peres

05/03/2022

Recentemente, a invasão da Rússia à Ucrânia ganhou um novo capítulo: dessa vez, as tropas russas, lideradas por Vladimir Putin, ocuparam a região da usina nuclear de Zaporizhia, próxima à cidade de Enerhodar, que ainda está sob controle ucraniano de acordo com o governo do país.

Na sexta-feira da semana passada (25), as tropas russas já haviam dominado a famosa usina nuclear de Chernobyl, que foi palco de um desastre catastrófico entre 25 e 26 de abril de 1986. Desde a década de oitenta, a região segue inabitável e vem sendo alvo de diversos esforços para o controle dos resíduos nucelares.

Agora, há bastante preocupação em relação às possíveis consequências ambientais que a tomada das duas usinas nucleares — uma desativada, mas com lixo radioativo, e outra ainda ativa — pode trazer à Europa e ao mundo.

Por que a Rússia tem interesse nas regiões das usinas?

Edifício na zona de exclusão de Pripyat, cidade fantasma ucraniana que abriga a Usina Nuclear de Chernobyl (Imagem: Viktor Hesse/Unsplash)

Edifício na zona de exclusão de Pripyat, cidade fantasma ucraniana que abriga a Usina Nuclear de Chernobyl (Imagem: Viktor Hesse/Unsplash)

No caso da usina nuclear de Chernobyl, o motivo da ocupação pode ter relação com a estratégia de invasão da Ucrânia. Isso porque a usina fica bem próxima à fronteira com Belarus, país que é aliado da Rússia na guerra, e igualmente próxima à capital da Ucrânia, Kyiv.

Além disso, a tomada de Chernobyl pode escalar o nível de tensão, já que pode deixar tanto a Ucrânia quanto o ocidente em dúvida a respeito de quais são as verdadeiras intenções de Vladimir Putin ao ocupar a região.

Já em relação à ocupação da usina nuclear de Zaporizhia, os interesses de Putin parecem ser bem claros: controlar a produção de energia da Ucrânia, desestabilizando ainda mais o país. Afinal, a usina é a maior central nuclear da Europa e responsável pela produção de 1/5 da energia ucraniana.

Quais os riscos da invasão russa às usinas nucleares da Ucrânia?

O principal risco de atacar uma região com uma usina nuclear é bastante claro: caso alguma bomba danifique o prédio que abriga o reator ou o próprio reator em si, o núcleo pode superaquecer e derreter, fazendo com que a radiação vaze e se espalhe para os arredores, colocando em risco a saúde de funcionários da usina, soldados e da população em geral.

Porém, a usina de Zaporizhia é muito segura e bem equipada, então as chances de um acidente como o de Chernobyl são baixas, mesmo num contexto de guerra. Além disso, a usina em funcionamento não contém grafite em seu reator (a presença da substância no reator de Chernobyl foi responsável pelo incêndio que espalhou uma nuvem de radiação pela Europa).

Mesmo assim, um incêndio atingiu a área da usina de Zaporizhia na última sexta-feira (4), durando cerca de quatro horas. O fogo foi controlado e não colocou a usina em risco, mas elevou o nível de tensões e fez com que Rússia e Ucrânia trocassem acusações.

Já o caso da ocupação de Chernobyl é um pouco mais delicado: caso as instalações de armazenamento nuclear sejam atingidas e destruídas durante a guerra, é possível que uma nuvem de poeira radioativa se espalhe não só pela Ucrânia, mas também por Belarus, pela Rússia e pelo restante da Europa. Prova disso é que apenas a movimentação de equipamentos pesados — como tanques, blindados e peças de artilharia — já fez com que parte da poeira se levantasse, embora ainda não tenha atingido um nível crítico a ponto de colocar em risco a segurança da população.

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Alexandre G. Peres
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Alexandre G. Peres

Editor, redator e revisor da WebGo Content, graduado em Letras – Português/Inglês. Tem experiência com redação, revisão e editoração de textos para Web.

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