Saeb 2021: Sistema pode ser cancelado e afetar o Enem seriado – Entenda

Felipe Matozo

30/03/2021

O Ministério da Educação (MEC) planeja cancelar o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021. Segundo o MEC, os principais motivos para o cancelamento são as limitações por conta da pandemia e os cortes no orçamento da pasta.

A Folha de S. Paulo divulgou a informação na semana passada, e o G1 confirmou com fontes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Se o MEC realmente cancelar o Saeb 2021, a medida também impedirá a realização do chamado “Enem Seriado”. Esta nova modalidade deve usar o Saeb como uma espécie de ampliação do Exame Nacional do Ensino Médio para ingresso de estudantes no ensino superior, e está marcada para começar neste ano.

pessoas em sala de aula

O Saeb serve para que escolas das redes de ensino estaduais e municipais possam avaliar a qualidade da educação. O exame é composto por provas de língua portuguesa e matemática, e costuma ser utilizado para elaborar, monitorar a melhorar políticas educacionais.

Outro “termômetro” da educação brasileira que leva em conta os resultados do Saeb é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que ainda inclui os índices de aprovação escolar.

Em 2020, ano que o sistema completou 30 anos, o MEC anunciou uma atualização para o Saeb a partir de 2021. Na nova versão, a avaliação passa a ser anual, ao invés de acontecer a cada dois anos como era até o ano passado.

Além disso, se antes a avaliação era aplicada para alunos do 2º, 5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º do ensino médio, tanto da rede pública quanto da privada, o novo exame deve ser feito por estudantes de todas as séries a partir da 2ª do ensino fundamental.

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Como o Saeb 2021 será utilizado no Enem seriado?

O MEC planejava utilizar as notas do Saeb 2021 para abrir uma nova porta de entrada para o ensino superior por meio do Enem seriado.

Nesta modalidade, os alunos do ensino médio terão uma nota média a partir da pontuação de cada uma das três provas, ou seja, do 1º, 2º e 3º ano. Com esta nota geral, eles podem ter acesso ao ensino superior.

Como a nova versão do Saeb está marcada para começar em 2021, o plano do MEC era que os estudantes que fizesse a avaliação do 1º ano agora já utilizasse a nota para concorrer a vagas em universidades em 2023, quando concluírem o Ensino Médio. Entretanto, o possível cancelamento do Saeb neste ano deve adiar a estreia do Enem seriado para o próximo ano.

O nome “Enem seriado” se deve ao formato do exame, em mais de uma etapa, ao contrário do tradicional que avalia o conteúdo de todo o ensino médio em duas provas.

Em janeiro, o antigo presidente do Inep, Alexandre Lopes, afirmou que o Enem seriado começasse em 2021 devido à pandemia. Isso porque os alunos do 1º ano que agora são afetados pelas paralisações teriam tempo de “superar a questão da Covid” até se formarem.

“Ao fazer o Enem seriado, de certa forma estamos dando proteção para quem começa o ensino médio na pandemia. Os alunos do primeiro ano, quando chegarem ao terceiro ano em 2023, com Enem seriado vão concorrer a vagas só entre si”, declarou Lopes em entrevista ao G1 no início do ano.

O ex-presidente do Inep, órgão responsável pelas provas do Enem e do Saeb, foi exonerado do cargo em fevereiro. O atual presidente do órgão é o economista Danilo Dupas.

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Provas precisariam de salas cheias

Um dos principais motivos para a provável suspensão do Saeb 2021 é a questão logística durante a pandemia. Isso porque a aplicação da prova precisaria de salas cheias, sem a possibilidade de distanciamento social.

Mas além de adiar a implementação do Enem seriado, com o cancelamento das provas também não será possível fazer um diagnóstico da aprendizagem dos estudantes brasileiros na pandemia.

Por conta disso, alguns especialistas buscam apontar alternativas para esse impasse. Para Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), uma solução seria aplicar o Saeb 2021 para alguns grupos de alunos. Dessa forma, seria possível manter a série histórica de dados a partir de amostras.

Segundo o G1, alguns servidores entrevistados de forma anônima se posicionam de forma semelhante, sugerindo uma versão reduzida da prova, amostral. Para os técnicos, além da série histórica e do Ideb, é importante ter um retrato da educação no contexto da pandemia.

Fonte: G1

Felipe Matozo
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Felipe Matozo

Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.