Reajuste do salário médio deixa piso em R$ 1.255 e fica abaixo da inflação
Segundo o boletim Salariômetro de agosto, divulgado nesta quinta-feira (23/09) pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o reajuste médio de salário não acompanhou a inflação do mês, o que representa perda no poder de compra dos trabalhadores.
O chamado “piso salarial mediano”, mecanismo que corrige discrepâncias nos valores pagos aos trabalhadores, foi negociado em R$ 1.255 no último mês. Enquanto isso, o piso médio ficou em R$ 1.396.
De acordo com o Salariômetro, que analisa resultados de 40 negociações salariais coletivas, apenas 9,5% dos acordos resultaram em ganhos reais para os trabalhadores, quando o reajuste fica acima da inflação, ao invés de apenas acompanhar o aumento no custo de vida.
O cálculo considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que em agosto ficou em 9,9% no acumulado de 12 meses. Enquanto isso, o reajuste médio negociado no mês foi de 8,5%, ou seja, 1,4% abaixo da inflação.
Segundo a Fipe, as negociações de reajuste não resultaram em aumento mediano real em nenhum dos últimos 12 meses. De setembro de 2020 até aqui, o índice oscilou entre -1,4% e 0.
Além disso, as projeções da fundação também indicam que a inflação para as próximas datas-base deve ficar perto dos 10%. Com isso, o espaço para os trabalhadores terem ganhos reais nos próximos meses ficará ainda mais apertado.
O Salariômetro coleta dados de negociações coletivas desde 2012, a partir de resultados depositados no Portal Mediador, sistema do Ministério da Economia.
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Aumento da inflação
Ainda em agosto, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve o maior aumento para o mês dos últimos 21 anos. A alta de preços no período foi de 0,89%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com o resultado de agosto, a alta acumulada da inflação em 2021 ficou em 5,81%. Enquanto isso, no valor acumulado em 12 meses, o aumento no índice de preços já se aproximou dos dois dígitos, ficando em 9,30%.
Entre os fatores que mais contribuíram para a alta registrada na prévia de agosto, o grupo de despesas de habitação teve o maior impacto, com alta de preços de 1,97%. Dentro deste grupo, o destaque fica por conta do aumento na conta de luz, que subiu 5% em agosto.
Além disso, agosto também registrou altas de preços em outros itens essenciais, conforme podemos ver na lista abaixo:
- Tomate – 16,06%
- Frango em pedaços – 4,48%
- Etanol – 2,19%
- Frutas – 2,07%
- Leite Longa Vida – 2,07%
- Gasolina – 2,05%
- Óleo Diesel – 1,37%
Quando consideramos a média entre os combustíveis, a alta em agosto foi de 2,02%, fazendo com a que a inflação dos transportes ficasse em 1,11% na prévia do mês.
Mas ao levar em conta as altas acumuladas no preço dos combustíveis, o impacto é ainda maior. Isso no ranking de produtos que mais subiram em 2021, etanol (40,75% mais caro), gasolina (31,09%), gás veicular (30,12%) e óleo diesel (28,02%) aparecem entre os 10 primeiros.
Em meio ao disparo no preço de diversos produtos essenciais, as projeções do mercado financeiro para a inflação também não param de crescer. Na última edição do relatório Focus, a estimativa para o aumento de preços em 2021 passou de 8% para 8,35%, muito acima dos 3,32% previstos em janeiro.
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Salário mínimo ideal é quase cinco vezes maior que o piso médio
As sucessivas altas na inflação fazem com que a cesta básica também fica cada vez mais cara. Segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o custo do conjunto de alimentos essenciais em agosto chegou a R$ 664,67 em Porto Alegre, capital que liderou o ranking do levantamento.
Com base nesse valor, o Dieese estimou que o salário mínimo ideal em agosto deveria ter sido de R$ 5,583,90. O valor apontado como necessário para garantir condições básicas para uma família é 5,08 vezes maior que o mínimo vigente (R$ 1,100).
Além disso, o valor de salário mínimo ideal indicado pelo Dieese também ficou bastante acima do piso salarial mediano (R$ 1.255) e do piso médio (R$ 1.396) registrados pela Fipe em agosto.
A pesquisa do Dieese é realizada todos os meses em 17 capitais do país. Em agosto, 13 cidades do estudo registraram aumento no valor da cesta básica e apenas quatro tiveram queda no preço dos alimentos.
Fontes: Agência Brasil e UOL.