Em maio, o governo projetou um salário mínimo de R$ 1.310 para 2023, mas o valor pode ser menor do que o previsto.
Isso porque a política de reajuste do salário mínimo adotada pelo governo define o valor apenas com base na inflação do ano anterior, e a inflação prevista para 2022 mudou de maio pra cá.
De quanto pode ser o salário mínimo em 2023?
A estimativa de salário mínimo divulgada pelo governo em maio considerava a previsão para Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), índice de inflação usado para corrigir o salário mínimo, daquela época (8,10%).
No entanto, o Ministério da Economia reduziu a previsão para o INPC para 7,41% no último mês de julho. Nesse caso, o valor do salário mínimo de 2023 ficaria em R$ 1.301,81.
Vale lembrar que o mínimo atual é de R$ 1.212, valor que serve de referência para 50 milhões de brasileiros, segundo o Dieese.
Mas é possível que o salário mínimo estimado para 2023 fique ainda menor nos próximos meses, caso a projeção para o INPC volte a cair.
Na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023 assinada pelo presidente Jair Bolsonaro neste mês, por exemplo, o salário mínimo previsto para o próximo ano é de R$ 1.294, aumento de apenas R$ 84 em relação ao atual.
Brasileiros devem ficar mais um ano sem ‘ganho real’
Se o governo mantiver a política de corrigir o salário mínimo apenas de acordo com a inflação deste ano, será o quarto ano seguido sem aumento real.
O aumento real acontece quando o reajuste não serve apenas para repor as perdas que o consumidor teve com as altas em preços de produtos e serviços, que é o que acontece quando a correção acompanha apenas a inflação.
Mas as eleições de 2022 podem mudar este cenário, pois o candidato que lidera as pesquisas de intenção de voto propõe outra política de reajuste. No início de agosto, o ex-presidente Lula (PT) falou em diferentes ocasiões sobre voltar com a política de valorização do salário mínimo.
Nos governos petistas, o reajuste considerava a inflação e a variação do PIB, permitindo que o salário mínimo subisse acima da inflação.
Felipe Matozo
Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.
