Na última segunda-feira (8), o presidente Jair Bolsonaro, candidato pelo Partido Liberal (PL) às Eleições de 2022, participou do Flow Podcast.
Como já mostramos anteriormente, Bolsonaro mentiu em ao menos 5 pontos que abordou durante a conversa com “Igor 3K”, apresentador do programa. Porém, nem tudo o que o presidente falou é mentira.
A seguir, você vai conferir 5 verdades (ou meia-verdades, como entenderá verá adiante) contadas por Bolsonaro na última edição do Flow Podcast. Focaremos mais em questões que muita gente duvidou ser verdade, mas que realmente é.
1. “Posse estendida de arma no campo” — Verdade
Durante a entrevista, Bolsonaro fez a seguinte afirmação sobre o porte de arma de fogos: “você pode ver, no campo: nós aprovamos a posse estendida. Você há pouco tempo podia usar tua arma no campo dentro da tua casa. Agora você pode montar no cavalo, numa bicicleta, um carro, né, e em todo o perímetro da fazenda, você pode ter o porte de arma de fogo“.
Essa afirmação é VERDADEIRA. Em setembro de 2019, ou seja, já no seu primeiro ano de mandato, Bolsonaro sancionou a Lei 13.870, que dá autorização ao produtor rural de circular com sua arma de fogo por toda a sua propriedade, e não mais apenas em sua residência. A lei foi proposta por Marcos Rogério (PL-RO), próximo ao presidente.
2. “Simone Tebet falou de voto impresso no passado” — Verdade
Defensor do voto impresso auditável, Bolsonaro tocou bastante neste assunto — e no assunto das eleições, no geral — ao longo da conversa com Igor 3K. Em determinado momento, ele chegou a afirmar que a também presidenciável, Simone Tebet (MDB), já defendeu a implementação de um comprovante de voto impresso na urna eletrônica.
Essa informação é VERDADEIRA. Ainda em 2015, Tebet votou a favor da medida, e se pronunciou contrária ao veto que a então presidente, Dilma Rousseff (PT), deu em novembro daquele mesmo ano à medida. Em 2018 ela voltou a defender o voto impresso, afirmando que a União deveria arcar com a implementação de um voto impresso auditável, já que uma parcela da população tem desconfiança em relação às urnas eletrônicas.
3. “Quem tornou vaga a cadeira do João Goulart foi o Congresso Nacional” — Meia-verdade
Essa afirmação de Bolsonaro tem um fundo de verdade, mas requer atenção. Bolsonaro usou esse argumento para justificar que o Golpe de 1964 não partiu inteiramente dos militares, alegando que ele também teve apoio do Congresso Nacional.
Em 2 de abril de 1964, o presidente do Senado e do Congresso Nacional, Auro de Moura Andrade, declarou vago o cargo de Presidente da República, mesmo o então presidente, João Goulart, estando em solo brasileiro. Segundo especialistas, este movimento do presidente do congresso deu uma suposta legalidade ao golpe dos militares. A partir de então, quem assumiu o cargo foi o Presidente da Câmara dos Deputados, Pascoal Ranieri Mazzilli.
Porém, não é possível afirmar que o “Congresso Nacional” tornou vaga a cadeira porque a decisão partiu do próprio Auro de Moura Andrade, não chegando a ir a debate e tendo a oposição de diversos congressistas, e também porque os militares tiveram, sim, uma participação no processo, assumindo o poder logo em seguida.
4. “O Tarcísio tem um orçamento de aproximadamente R$ 7 bilhões por ano” — Meia-verdade
Outra meia-verdade contada por Bolsonaro durante a participação no Flow Podcast. Ao falar de Tarcísio de Freitas, que foi Ministro da Infraestrutura até 31 de março de 2022, Bolsonaro alegou que o Ministério da Infraestrutura tem um orçamento de aproximadamente R$ 7 bilhões por ano.
De acordo com o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), o orçamento do Ministério da Infraestrutura é realmente de R$ 7 bilhões por ano, mas esse valor não necessariamente é respeitado por conta dos chamados “contingenciamentos orçamentários”, que ajudam o executivo a equilibrar o orçamento.
Segundo dados do Siop, a dotação em 2022, até o momento, está em R$ 14,8 bilhões.
5. É preciso cautela para o Consignado do Auxílio Brasil — Verdade
Na live, Bolsonaro comentou sobre a recente liberação de um Empréstimo Consignado para beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada (BPC). Durante sua fala, ele foi franco afirmando que “o ideal é não pegar empréstimo, mas tem gente que precisa pegar pra saldar outras dívidas, pra pagar um juros menor […]“, esperando que a população “não entre em uma bola de neve de empréstimos“.
Essa informação é verdadeira: como já abordamos aqui no No Detalhe, é preciso muita cautela na hora de contratar este novo empréstimo do Auxílio Brasil. Além de instituições oferecendo a modalidade com juros abusivos, já que não existe um limite para a taxa, este empréstimo vem sendo considerado predatório, já que compromete e repassa a bancos e instituições financeiras 40% de um benefício que deveria servir para que famílias pudessem comprar comida e outros bens essenciais.
Mentiras contadas por Bolsonaro
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Alexandre G. Peres
Editor, redator e revisor da WebGo Content, graduado em Letras – Português/Inglês. Tem experiência com redação, revisão e editoração de textos para Web.
