Vai ter apagão no Brasil? ONS fala em esgotamento de energia elétrica até novembro
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou uma nota técnica nesta quinta-feira, dia 22 de julho, que prevê “o esgotamento de praticamente todos os recursos no mês de novembro”. Já no mês de outubro, a expectativa é de que as sobras estejam bastante reduzidas. Com isso, surge uma pergunta: vai ter apagão no Brasil?
O ONS estabeleceu dois cenários, que estão de acordo com a alta probabilidade dos baixos níveis dos reservatórios nos próximos mês, mas em nenhum deles há risco de desabastecimento elétrico, ou seja, de apagão.
Vale ainda destacar que o setor elétrico brasileiro é robusto e seguro, mas que diante da pior escassez hídrica enfrentada atualmente, foi necessário adotar medidas excepcionais para economizar água em todos os reservatórios, e com isso gerenciar de forma estratégica esse recurso.”, defende o Operador Nacional do Sistema Elétrico na nota divulgada nesta quinta-feira.
O que o ONS prevê para não ter apagão no Brasil?
De acordo com o ONS, o primeiro cenário conta com o acionamento do parque termelétrico. Ainda sim, muitas usinas estão indisponíveis atualmente, por problemas de manutenção e falta de combustível, por exemplo. Por isso, outra medida seria aplicada:
Há também flexibilização dos limites de transmissão, novos pedidos de flexibilização para as bacias de algumas usinas hidrelétricas e a maximização do despacho térmico fora da ordem de mérito.”, afirma o ONS em nota técnica.
Na segunda simulação apresentada pelo operador Nacional do Sistema Elétrico, as termelétricas teriam maior participação na geração de energia elétrica durante o segundo semestre do ano. Também é considerada a importação de energia de países vizinhos.
Neste caso, não estão contempladas mudanças nos limites de transmissão definidos conforme procedimentos de rede e nem mudanças nas flexibilizações que já estão em vigor.
As prospecções apresentadas consideram o período de julho a novembro de 2021 e, caso sejam observadas mudanças nas premissas e a necessidade de atualização, podem ser novamente revisitadas no curto prazo. Esses resultados permanecerão subsidiando as deliberações do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) sobre a necessidade da adoção de medidas operativas adicionais, visando garantir o equilíbrio conjuntural de curto prazo na operação elétrica.”, explica o ONS.
Governo Federal criou programa anti apagão no Brasil
O Governo Federal criou um programa que incentiva as indústrias a reduzirem o consumo de energia elétrica em horários de pico. A ideia é que as empresas desloquem o consumo dos horários de maior demanda de energia para os de menor demanda.
O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, também fez um apelo em junho, para que todos os setores da sociedade se unam em prol da redução do uso de energia elétrica.
Essas medidas são essenciais, mas para aumentar nossa segurança energética, é fundamental que, além dos setores do comércio, de serviços e da indústria, a sociedade brasileira, todo cidadão-consumidor, participe desse esforço, evitando desperdícios no consumo de energia elétrica”, disse Albuquerque em um pronunciamento oficial.
Segundo o Ministério, há um monitoramento 24 horas por dia do setor energético no país. Além disso, foi montado um grupo para coordenar as ações dos órgãos envolvidos no enfrentamento do cenário de escassez hidroenergética no Brasil.
Ainda sim, Albuquerque ressalta que não há riscos de apagão no país.
Precisamos deixar claro que o sistema elétrico brasileiro evoluiu muito nos últimos anos. Conseguimos avanços históricos, interligando o sistema em escala nacional e duplicando as linhas de transmissão. Ao mesmo tempo reduzimos nossa dependência das usinas hidrelétricas de 85% para 61%, com a expansão das usinas de fontes limpas e renováveis, como eólica, solar e biomassa, além de termelétricas a gás natural e nucleares”, disse.
Crise hídrica no Brasil
Atualmente, o país vive a pior crise hídrica dos últimos 91 anos, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Os reservatórios das usinas hidrelétricas dessas regiões representam 70% da capacidade de armazenamento do Brasil.
Em maio, o Governo Federal fez um alerta para crise hídrica em cinco Estados: Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. Todos eles estão localizados na Bacia do Paraná.
Esse foi o primeiro alerta com dessa natureza em 111 anos.
O documento que oficializa essa situação foi publicado em conjunto pelo Sistema Nacional de Meteorologia (SNM), órgãos federais ligados à meteorologia, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden).
Fontes: ONS, Agência Brasil e UOL