Preço dos carros usados é o maior desde 1980: quais os mais valorizados?
Com a pandemia de covid-19, a produção de veículos novos foi fortemente afetada. As fábricas foram fechadas temporariamente, como forma de proteger funcionários do novo coronavírus e, além disso, muitas peças importantes faltam no mercado. Dessa forma, o preço dos carros novos disparou e os carros usados ficaram mais valorizados e procurados pelos consumidores.
Em agosto, por exemplo, o mercado de carros usados bateu recorde. De acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), entre janeiro e agosto deste ano, foram vendidos 10.234.046 veículos usados. Isso representa uma alta de 48,2% na comparação com o mesmo período de 2020.
Nesse levantamento foram contabilizados automóveis, motocicletas, comerciais leves e pesados.
A baixa disponibilidade de veículos novos segue como o grande desafio do setor da distribuição automotiva e a oferta de usados surge como alternativa para suprir esse mercado”, afirmou Alarico Assumpção Júnior, presidente da Fenabrave.
Quais são os carros usados mais vendidos?
Neste último ano, o preço dos carros usados passou por um fenômeno inverso. Normalmente, eles desvalorizam depois que são comprados. No entanto, com a baixa disponibilidade de veículos novos e os altos preços deles, agora, quem está sendo supervalorizado são os carros usados.
Eles passaram por uma valorização de até 20% – a maior já registrada desde 1980, na época do Plano Cruzado.
Segundo a Fenabrave, os modelos mais novos, com até três anos de uso, são os que mais subiram de preço nas concessionárias.
Modelos com até três anos de fabricação representaram 12,75% do volume comercializado em agosto e 11,27% do total comercializado no acumulado dos oito meses”, explica Assumpção Júnior.
Os modelos de carros usados mais vendidos em agosto, de acordo com dados da federação, foram:
- O Volkswagen Gol: 81.778 unidades comercializadas;
- Fiat Pálio: 49.210 unidades comercializadas;
- Fiat Uno: 47.962 unidades comercializadas;
- Fiat Strada: 31.446 unidades comercializadas;
- Chevrolet Celta: 28.813 unidades comercializadas.
Já a Carupi, plataforma que faz a intermediação da venda de veículos, tem outro ranking para os carros usados mais vendidos em 2021, até agora:
- Ford Ka: 8,4% das vendas;
- Renault Sandero: 6,9% das vendas;
- Ford Fiesta: 5,4% das vendas;
- Jeep Compass: 4,5% das vendas;
- Honda Fit: 4,3% das vendas.
- Ford Focus: 3,9% das vendas;
- Ecosport: 3,7% das vendas.
Os modelos hatches são uma boa opção para famílias e para motoristas de aplicativo, talvez isso indique o porquê da preferência”, informou a Carupi em relatório.
Carros seminovos vendidos acima da Tabela Fipe
Os carros usados, normalmente, seguem os preços da Tabela Fipe para serem revendidos.
“A Tabela Fipe expressa preços médios de veículos anunciados pelos vendedores, no mercado nacional, servindo apenas como um parâmetro para negociações ou avaliações. Os preços efetivamente praticados variam em função da região, conservação, cor, acessórios ou qualquer outro fator que possa influenciar as condições de oferta e procura por um veículo específico.”, informa a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
Com a pandemia de covid-19, alguns modelos de automóveis estão sendo vendidos com preços mais altos do que os estabelecidos pela tabela.
Veja quais são eles:
- Citroen C3 2017: vendido por um preço 8% superior ao estabelecido pela Tabela Fipe em agosto;
- Mitsubishi Pajero i0 2000: vendido por um preço 8% superior ao estabelecido pela Tabela Fipe em agosto;
- Fiat 500 2014: vendido por um preço 7,7% superior ao estabelecido pela Tabela Fipe em agosto;
- Audi Q3 2017: vendido por um preço 7,5% superior ao estabelecido pela Tabela Fipe em agosto;
- Honda Fit 2013: vendido por um preço 6,8% superior ao estabelecido pela Tabela Fipe em agosto;
Peça que falta para produção de carros novos
Um dos problemas que deixou os carros novos mais caros e com filas para a compra é a falta de uma peça: os semicondutores.
Em um evento em Detroit, nos Estados Unidos, em julho, o chefe da Mercedes-Benz e CEO da Daimler, Ola Källenius, e o chefe da Stellantis, Carlos Tavares, afirmaram que essa crise não deve acabar rapidamente.
Eles acreditam que a falta de semicondutores para a produção de veículos deve perdurar até 2022.