Anvisa rejeita uso da CoronaVac para vacinar crianças e adolescentes
O pedido do Instituto Butantan para utilizar a vacina CoronaVac em crianças e adolescentes com idade entre 3 e 17 anos foi negado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A diretoria colegiada da agência reguladora se reuniu nessa quarta-feira (18/08) e avaliou que as informações apresentadas pelo Butantan não são suficientes para se chegar a uma conclusão sobre a eficácia e a segurança do imunizante nessa faixa etária.
Em nota, a Anvisa informou que os dados deixam incertezas sobre a duração da proteção proporcionada pela vacina. Além disso, a agência também avalia que não há como concluir se a CoronaVac oferece riscos para crianças e adolescentes.
Um dos principais motivos para as incertezas em relação à segurança do imunizante para esta faixa etária é o fato de que a Anvisa considerou que o número de participantes nos estudos foi insuficiente.
Faltaram ainda dados que considerassem a vacinação em faixas etárias específicas. Também não é conhecida a eficácia ou a capacidade de indução de resposta imune pela vacina em crianças com comorbidades e imunossuprimidas”, informou a agência.
Segundo a Anvisa, o Butantan deve realizar alguns procedimentos para seguir com o pedido de inclusão de crianças e adolescentes no público de vacinação da CoronaVac. Entre eles, estão a apresentação de informações pendentes e uma nova solicitação junto à agência.
A Anvisa concedeu autorização temporária para uso emergencial da CoronaVac em janeiro, condição que permanece enquanto o país estiver em situação de emergência em saúde pública. Até julho, a vacina produzida pelo Butantan era a mais aplicada no Brasil.
Veja também: Falta de doses atrasa vacinação de 77% da população brasileira adulta contra covid
Vacinação em crianças e adolescentes está em fase inicial
Até o momento, apenas a vacina da Pfizer tem autorização para uso em crianças e adolescentes de 12 a 17 anos, o que atrasando a imunização desta faixa etária.
A farmacêutica Janssen tem autorização para realizar estudos com menores de 18 anos no país, e em breve também pode ficar disponível. Vale lembrar que a vacina da Janssen oferece imunização contra a Covid-19 em dose única.
No caso da CoronaVac, a Anvisa recomendou que o Butantan apresente novos dados de imunogenicidade. De acordo com a agência, embora o imunizante tenha se mostrado eficiente contra a hospitalização e óbitos e doença, as novas variantes do vírus podem ter resultados diferentes em relação a eficácia observada em ensaios clínicos.
Em boa parte do país, por enquanto, a vacinação em adolescentes está apenas nos planos e sem previsão para começar. Um dos poucos estados a dar início ao calendário de imunização neste público é São Paulo, onde pessoas de 16 e 17 anos já começaram a ser vacinadas nesta semana.
Os primeiros paulistas menores de idade a receberem a vacina da Pfizer são aqueles com comorbidades ou deficiências, além de grávidas e puérperas. A partir do dia 26 de agosto, será a vez dos adolescentes de 12 a 15 anos com estas mesmas condições serem imunizados.
Para os adolescentes que pertencem ao “público em geral”, a vacinação deve começar no dia 30 de agosto para quem tem entre 15 e 17 anos. Por fim, o público de 12 a 14 anos recebe a primeira dose a partir de 6 de setembro.
Veja também: 44% das crianças e adolescentes se sentiram mais tristes na pandemia
Chances de imunizados precisarem de uma terceira dose aumentam
Enquanto a vacinação em adolescentes segue a passos lentos, cresce a possibilidade de aplicação de uma terceira dose da vacina contra a Covid-19.
Na mesma reunião em que a Anvisa rejeitou o pedido do Butantan para aplicar a CoronaVac em crianças e adolescentes, a agência resolveu recomendar que o Ministério da Saúde considere a possibilidade de indicar a dose extra desta mesma vacina. A sugestão da Anvisa é que o procedimento seja em caráter experimental para grupos com imunidade mais baixa.
Antes de avançar nos debates sobre doses adicionais, porém, é preciso alertar para a necessidade de ampliação e integralidade da cobertura vacinal a todos os cidadãos aptos”, destacou a agência, ressaltando a importância de o completar a campanha de vacinação, primeiro.
Por enquanto, apenas Pfizer e Astrazeneca encaminharam à Anvisa pedidos de autorização para pesquisar os efeitos de uma terceira dose da vacina.
No caso da Pfizer, a terceira dose já é uma realidade nos Estados Unidos. Por lá, tanto esta vacina quanto a da Moderna receberam autorização para aplicar uma dose extra oito meses após a segunda, o que deve começar já em setembro.
Fonte: Agência Brasil.