Bolsonaro diz que BASTA SE CADASTRAR para receber Auxílio Brasil; isso é verdade?
Bolsonaro minimiza situação da fome no país e diz que "é só se cadastrar" para receber o Auxílio Brasil. Mas será que acesso é tão simples?
No último domingo (28/08), o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse durante o debate transmitido pela TV Band que se uma família estiver abaixo do nível de pobreza, “é só se cadastrar” para receber o Auxílio Brasil.
O presidente fez este comentário após ser questionado por Ciro Gomes (PDT) sobre sua declaração de que não existe “fome pra valer” no país.
No entanto, o acesso ao benefício não é tão simples, e muitos municípios vêm enfrentando dificuldades para atender as famílias que desejam receber o auxílio.
Famílias têm dificuldades para receber o Auxílio Brasil
Com a aprovação da “PEC Kamikaze”, que aumentou o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até o final de 2022, muitos brasileiros passaram a correr para se cadastrar ou atualizar os dados no CadÚnico, o que é obrigatório para receber o benefício.
Mas o aumento na procura por atendimento nos Cras, locais onde são feitos os cadastros no CadÚnico, vêm sobrecarregando munícipios. Com isso, em muitas cidades do país há famílias passando a madrugada na fila esperando por atendimento, pois alguns lugares não dão conta da demanda.
Além disso, muitas pessoas ficam de fora do CadÚnico por falta de documentos ou de informações. Com isso, há diversas famílias que teriam direito ao Auxílio Brasil, mas ficam de fora do programa.
Segundo cálculos feitos por economistas do Insper, são cerca de 8 milhões de brasileiros que poderiam receber o auxílio, mas estão “invisíveis”.
E, mesmo que uma pessoa em situação de pobreza ou extrema pobreza consiga se inscrever no CadÚnico, o cadastro não garante o acesso ao Auxílio Brasil, pois a família pode ficar na fila de espera do benefício.
Ministério da Cidadania diz que não há fila de espera
Segundo o Ministério da Cidadania, o governo zerou a fila de espera do Auxílio Brasil ao incluir 2,2 milhões de famílias no programa em agosto.
No entanto, é possível que a fila seja maior. Em maio, por exemplo, um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) apontou que a demanda reprimida pelo benefício era mais que o dobro da fila oficial.
Enquanto o ministério apontava quase 765 mil famílias na espera pelo Auxílio Brasil, a compilação da CNM indica que havia 1,8 milhão de famílias aptas a receberem o benefício, mas sem acesso aos pagamentos.
Por isso, especialistas acreditam que muitas famílias vulneráveis ficam de fora dos números oficiais. Segundo Paola Loureiro, diretora da Rede Brasileira de Renda Básica (RBRB), “existe um Brasil invisível que Bolsonaro faz questão de não enxergar“.
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