Casa Verde e Amarela: Imóveis do programa podem ficar mais caros em 2021 – Entenda o porquê!


A alta nos preços dos materiais de construção devem deixar os imóveis do Casa Verde e Amarela mais caros. Segundo Geraldo Linhares, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG), o impacto em imóveis deve incluir aumentos de aproximadamente 15%.

Conforme explicação de Linhares, isso quer dizer que um imóvel que antes custava R$ 130 mil, com a alta estipulada para os produtos que formam a primeira faixa do segmento passa a ter um valor de R$ 150 mil.

Para a assessora econômica do Sinduscon-MG, Ieda Vasconcelos, a perspectiva de crescimento do setor de construção em 2021 deve ficar abaixo da estimativa inicial, de 4%. Isso porque a expectativa era que as altas se normalizassem em janeiro, mas dois meses passaram e a situação continua.

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Vasconcelos ainda afirma que a situação pode impactar não só no desempenho do setor de construção, como na economia como um todo. Afinal, o segmento tem papel fundamental na atividade econômica do país.

A assessora econômica destaca que a construção civil é um dos setores que mais tem gerado empregos no país. Segundo ela, só em Belo Horizonte o setor já gerou 1.372 vagas de emprego com carteira assinada no último mês de janeiro. O número é mais que o dobro do apresentado pelo segmento de serviços, que gerou 527.

“Essa alta é ruim não só para a construção civil, mas principalmente no aspecto social, que vai desde a aquisição da casa própria, do emprego. Então, é uma cadeia que você começa a quebrar”, declarou Vasconcelos ao site Hoje em Dia.

O setor ainda também tem avaliado o salto da Selic, que agora está em 2,75%. Para o Sinduscon, além da probabilidade de os imóveis do Casa Verde e Amarela ficarem mais caros, é possível que esta alta também desestimule quem pretendia comprar a casa própria.

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Aumento nos materiais de construção faz empresas suspenderem novos projetos

O programa Casa Verde e Amarela já está sofrendo impactos do aumento nos preços dos materiais de construção. Isso porque construtoras estão suspendendo o lançamento de novos projetos dentro do programa por conta da alta.

Devido ao teto do programa para preço de imóveis, as empresas não não conseguem repassar a alta nos custos para os projetos. Dessa forma, preferem abrir mão do projeto do que colocar o lucro em risco.

Dentro do Casa Verde e Amarela, o grupo mais afetado é o da Faixa 1, antigo 1,5 do Minha Casa Minha Vida. Esta é a faixa destinada às famílias mais pobres, com renda de até R$ 2 mil por mês. Ou seja, o público com mais dificuldades para comprar casa sem subsídios no financiamento, também é o que perde ofertas de imóveis no novo programa de habitação do governo federal.

Segundo o presidente da Direcional Engenharia, Ricardo Ribeiro, fazer um produto no grupo 1 do programa está praticamente inviável por conta dos custos. Por isso, a Direcional está reformulando projetos do grupo 1 para entrarem no grupo 2. Este segundo grupo do Casa Verde e Amarela atende famílias com renda mensal entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, e dessa forma pode ter imóveis mais caros.

O presidente da Direcional destaca que essa adaptação permite que a construtora mantenha a previsão de lançamentos para 2021, mas faz as pessoas de baixa renda ficarem de fora do mercado imobiliário.

Em um intervalo de 12 meses, o INCC (Índice Nacional de Custos da Construção), saltou 10,2%. Além das paralisações por conta da pandemia, a desvalorização do real em relação ao dólar também justifica o aumento, pois encarece insumos importados.

Alta também faz imóveis do Casa Verde e Amarela serem menos lucrativos

Imóveis do Casa Verde e Amarela que já foram vendidos também são afetados pelo aumento expressivo nos custos dos materiais de construção. Mas nesse o impacto cai apenas sobre as empresas, e acontece porque o mercado de baixa renda não permite corrigir o valor das parcelas pelo INCC.

Sendo assim, as construtoras só conseguem repassar a alta nos custos para o preço final dos imóveis fora do Casa Verde e Amarelo. Afinal, nesses casos é possível corrigir as parcelas conforme o INCC e manter as margens de lucro.

Recentemente, a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) sugeriu ao governo um corte temporário no imposto de importação de insumos. A justificativa é que esta seria uma forma de reequilibrar os preços enquanto os custos não se normalizam. Segundo o presidente da Abrainc, Luiz França, a entidade deve voltar a se reunir com o governo para tentar avançar a negociação.

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Jornalista, ator profissional licenciado pelo SATED/PR e ex-repórter do Jornal O Repórter. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.