Construção civil abre 317 mil novos postos de trabalho em um ano: confira as tendências
A crise econômica que o Brasil vive preocupa e reflete em vários cenários, como o aumento do desemprego e a diminuição no poder de compra da população. Mas alguns setores conseguem apresentar cenários mais otimistas, como o da Construção Civil, que gerou 317.159 mil postos de trabalho entre junho de 2020 e maio de 2021.
Com isso, o setor cresceu 15% em comparação ao mesmo período anterior, enquanto o desemprego no país bateu recorde de 14,8 milhões e fez a renda do brasileiro recuar em R$ 12 bilhões.
Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgado pela Secretaria de Trabalho, e mostram que a alta na construção civil foi a maior entre as categorias de atividade econômica monitoradas pelo levantamento, que inclui agropecuária, indústria, comércio e serviços.
Outro índice em que o setor apresentou alta foi no de novas vagas de emprego geradas nos cinco primeiros meses do ano. Entre janeiro e maio, 156.693 profissionais da construção civil conseguiram trabalho com carteira assinada, quase 7% a mais do que no mesmo período de 2020.
Entre os empresários que testemunharam este crescimento está Marlus Franco, que é sócio de uma empresa de engenharia. Desde o início da pandemia, a empresa de Marlus já contratou mais de 700 profissionais e manteve seus projetos de construção apesar da crise.
Em entrevista ao Correio Braziliense, o engenheiro afirmou que a empresa já fechou neste ano o dobro de contratos que teve em 2020, e que a expectativa é manter bons resultados até dezembro.
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Recuperação da construção civil aumenta confiança no setor
Com o aumento no número de novos postos de trabalho gerados pelo setor, o que também cresceu foi o Índice de Confiança da Construção (ICST), do FGV IBRE. Em junho, o índice subiu 5,2 pontos, e com duas altas consecutivas fechou o semestre com 92,4 pontos.
O resultado indica que tanto as expectativas quanto a percepção dos empresários do setor estão mais otimistas atualmente. No comparativo mês a mês, os resultados apresentados desde janeiro foram os seguintes:
- Janeiro – 92,5 pontos;
- Fevereiro – 92 pontos;
- Março – 88,8 pontos;
- Abril – 85 pontos;
- Maio – 87,2 pontos;
- Junho – 92,4 pontos.
Em comparação ao mesmo mês do ano passado, a aumento no Índice de Confiança no setor é ainda maior. Isso porque em junho de 2020, o índice era de 77,1 pontos.
Para o economista Benito Salomão, uma das justificativas para os bons resultados do setor foi a redução da taxa básica de juros em 2020. No ano passado, a Selic baixou e chegou à marca de 2% ao ano.
Segundo o especialista em avaliação de políticas públicas, isso estimulou o crédito e encorajou as pessoas a construírem ou reformarem, aumentando a demanda por emprego. Além disso, Salomão também lembra que o maior tempo em casa incentivou algumas reformas.
Entretanto, vale lembrar que em junho uma projeção do Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, revelou que a Taxa Selic pode aumentar em 2021, o que acaba impactando diretamente no bolso dos brasileiros.
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Enquanto isso, materiais ficam mais caros
Assim como o setor de construção civil, o varejo de materiais de construção também soube se recuperar durante a pandemia. Segundo dados da Federação Brasileira de Redes Associativas de Materiais de Construção (Febramat), o faturamento das lojas cresceu 30,5% no primeiro trimestre em comparação ao mesmo período de 2020.
Por outro lado, os materiais de construção ficaram mais caros. Em junho, a alta no custo foi 2,3%, segundo o Índice Nacional de Custo da Construção. Com isso, a alta acumulada em 2021 já é de 9,38%, e chegou a 16,88% em 12 meses.
Segundo levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a taxa relacionada a Materiais e Equipamentos aumentou 1,65% em junho.
Enquanto isso, a taxa de Serviços aumentou em 1,19% em junho. Nos subgrupos, os projetos aumentaram em 2,29%, e o índice de Mão de Obra cresceu 2,98% no mês.
Fonte: Correio Braziliense.