Gás de cozinha compromete 7,95% do salário mínimo em 2021
Com mais uma alta anunciada pela Petrobras, o preço do gás de cozinha (GLP) está equivalendo a 7,95% do salário mínimo. O valor do botijão de 13 quilos já aumentou 13,75% apenas nos seis primeiros meses do ano, e fechou junho custando em média R$ 87,43.
As constantes altas no valor do botijão fazem o item comprometer uma fatia cada vez maior do salário mínimo, que atualmente é de R$ 1.100. No ano passado, a relação do preço do gás de cozinha para o salário mínimo estava em 6,6%.
Na série histórica de preços do GLP da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, o percentual mais alto foi registrado em 2002, no final do governo Fernando Henrique Cardoso, quando o botijão comprometia 12,74% do salário mínimo.
Nos anos seguintes, à medida que o valor do salário mínimo teve melhoras significativas, conforme destaca o professor de Economia do Ibmec-SP, Walter Franco, o percentual caiu bastante. Em 2015, durante o governo Dilma Roussef, o preço do gás de cozinha em relação ao salário mínimo atingiu o menor valor da série, 5,83%.
Desde então, o percentual voltou a crescer, e o valor atual é o maior desde 2007, quando o botijão equivalia a 7,98% do mínimo.
Entretanto, naquela época a tendência era de queda constante, pois nos anos seguintes o salário mínimo passou a crescer acima da inflação. Mas o atual governo deixou de lado esta política, e desde 2020 o salário mínimo não tem “ganho real”.
Por isso, se o preço do gás de cozinha continuar aumentando, a tendência é que o percentual da relação cresça ainda mais.
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Aumento no preço do gás de cozinha em 2021
Entre janeiro e junho de 2021, o que se observou foi um salto de 13,75% no preço do botijão de gás. Em janeiro, o valor médio do GLP era de R$ 74,75.
Mas se compararmos o valor atual com o de 12 meses atrás, a diferença fica ainda maior. Em junho de 2020, o botijão de 13kg custava em média R$ 69,58, quase R$ 20 a menos do que os R$ 87,43 do mesmo mês de 2021.
Além disso, algumas regiões enfrentam cenários ainda piores do que a média nacional. Na região Centro-Oeste, por exemplo, foi possível encontrar o produto por R$ 130 em junho.
Outra análise que mostra o alto custo do botijão atualmente, é a comparação com o preço de 20 anos atrás considerando a inflação.
Em 2001, quando o gás de cozinha custava em média R$ 18,69, ele comprometia 10,38% do salário mínimo. No entanto, se corrigir o valor pela inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o preço equivaleria hoje a R$ 59,56, quase R$ 30 a menos do que o atual.
Neste mesmo intervalo entre 2001 e 2021, o crescimento do salário mínimo foi de 511%. Mesmo assim, especialistas apontam que o valor não é suficiente para as necessidades básicas do brasileiro, e que o preço do gás é caro nesse contexto.
Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese), por exemplo, o salário mínimo deveria ser de R$ 5.421,84. Esse é o valor estimado como necessário para sustentar uma família de quatro pessoas.
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Itens que mais pesam no salário do brasileiro
Ainda de acordo com dados do Dieese, a cesta básica ficou mais cara em todas as capitais brasileiras no ano passado. No último mês de junho, o preço do conjunto de alimentos básicos para uma pessoa adulta diminuiu em 9 das 17 capitais, mas continua alto e compromete 54,84% de uma salário mínimo.
No levantamento mais recente, Florianópolis apareceu como a capital com a cesta básica mais cara, R$ 654,38. Na outra ponta do ranking está Salvador, onde o conjunto de alimentos essenciais apresentou o menor valor, R$ 467,30.
Entre os alimentos que ficaram mais caros no período, o açúcar refinado (+7%) teve a maior alta. Também apareceram na lista de altas a manteiga (2,87%) e o leite integral (2,46%).
O aumento no preço do açúcar também teve destaque em outro levantamento, do Dieese com o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor. Segundo este estudo, o pacote de 5kg aumentou 14,74% entre janeiro e maio deste ano, e figurou entre as maiores altas da cesta básica junto com a cebola, o alho e a carne.
No mesmo período, o quilo da cebola subiu 22,19% e do alho 14,85%. Já a carne de segunda sem osso ficou 14,31% mais cara, enquanto a de primeira aumentou em 11,28%.
Fonte: UOL.